Mirabel se recompôs no toalete, respirou fundo algumas vezes, mas não jogou água no rosto, pois o pouco de pó e beterraba que havia passado seriam lavados no processo.
- Está linda, jovem. - Mirabel reconheceu a voz na hora, era Lady Davies. Seu corpo ficou tenso e ela pensou se ignorava ou respondia ao falso elogio.
- Obrigada, Lady Davies. - Ela fez que ia sair do banheiro, mas o comentário da mulher em seguida a parou.
- Uma pena que você se machucou, fiz questão de comentar sobre no último baile, todas as jovens ficaram com dó da senhorita. - Mirabel conseguiu entender o que a mulher quis dizer entre palavras de consolo, que ela havia fofocado com as outras moças, o que significava que provavelmente as suas concorrentes debochavam dela.
- Eu não preciso da pena de ninguém, com licença. - Então ela saiu do banheiro e tomou outro forte respiro.
Achou que teria um pouco de paz, mas se separou com os gêmeos Belford próximo ao banheiro.
- Oh Mirabel, estávamos a sua procura. Como você está linda hoje! - Aurora falava, mas estranhamente Mirabel começou a sentir algo ruim vindo dela, como se ela estivesse tramando algo.
- Olá, como vão? Eu agradeço-lhe o elogio. Vou voltar para onde Adeline está, tenham uma boa noite.
- Espere, vou escrever meu nome no seu cartão de dança. - Ofereceu James, que também parecia estar falando com ela contra sua vontade. Ela tinha 4 nomes no cartão, de quando ficou conversando Adeline e vieram a seu encontro para lhe pedirem uma dança, mas ela não queria dançar com ninguém além de Louis. Porém, ela tinha que dançar, caso contrário ficaria entregue que ela estava de olhos em alguém, ou melhor, no marquês.
- Sinto muito, já está cheio. - Ela mostrou o caderno de dança. - Não pretendo ficar tanto tempo, para uma quinta dança. - Ela se virou de costas para eles e seguiu até onde estava sua nova amiga. Uma amiga que não tentava lhe jogar pra seu cima do seu irmão babaca, será que aurora era sua amiga mesmo?
Adeline virou sua cabeça quando ela chegou e reconheceu Mirabel, sorriu para ela.
- Olhe só, o senhor Jackins pediu para dançar comigo. O que acha dele? - Ela comentou com Mirabel, que tentava manter os olhos longe de Louis. Tentava.
Mirabel analisou o sujeito, que até então ela não conhecia. Realmente, parecia ter uns 28 anos, pele clara, cabelos castanhos e os olhos, ela não conseguiu descifrar a cor, parecia cinza. Não era alguém que se jogasse fora.
- Pretende deixar ele te cortejar? - Ela perguntou a Adeline. A loira sorriu e deu de ombros.
- Eu vou deixar as coisas acontecerem naturalmente. Quem sabe meus filhos não tenham olhos acizentados. - Ela brincou, tomando um gole do vinho que segurava. No baile, as damas não tomava tanto álcool, para não correr o risco de serem julgadas e também para não ficarem bêbadas. Normalmente, se tomava apenas uma taça de vinho.
Mirabel voltou a procurar Loius na pista de dança, mas não encontrou em lugar nenhum. Adeline sorriu abertamente, vendo a sua amiga nem disfarçar o seu interesse pelo marques.
- Você gosta mesmo dele, não é? - Ela disse.
- Eu estou dando tanto na cara assim? - Perguntou, constrangida e voltando a olhar para ela. Adeline concordou com a cabeça, que ela estava sim, então Mirabel ficou ainda mais vermelha do que como estava com a beterraba passada nas bochechas.
- Leia o que está no final do meu caderninho. - Adeline sussurrou para ela e mostrou a última página.
" Venha para o salão menor, para termos nossa primeira dança." L.H
O coração de Mirabel começou a bater mais rápido, o sorriso imediatamente se abrindo.
- Ele passou aqui enquanto você estava no banheiro. Vá, antes que ele desista de esperar achando que você deu pra trás. - Adeline lhe deu um empurrãozinho. - O salão é aqui lado, no final do corredor a esquerda, primeira sala. - Lhe deu as coordenadas.
Mirabel saiu discretamente por uma das aberturas do salão de festas para o corredor. Olhou uma ou duas vezes para trás para confirmar se não estava sendo seguida, então entrou na porta do salão menor. Louis estava em no centro, com um terno impecável e mexendo as mãos uma na outra em ansiedade. Quando viu que ela havia chegado, caminhou a passos rápidos para alcança - lá, então a abraçou.
- Me desculpe por aquela noite, eu não estava bem, não era eu mesmo. - Ele se referia ao fato de estar caindo de bêbado quando ela lhe foi ver. Ela o abraçou de volta, inspirando o cheiro de sua colônia tão familiar.
- Está tudo bem, eu entendo.
Ficaram um tempo em silêncio, apenas curtindo o abraço um do outro, até que Louis se afastou um pouco, fez uma reverência e estendeu a mão para ela.
- Senhorita Montbane, me concede a honra de uma dança? - Ele perguntou. Como o salão dividia a parede com o outro onde estava correndo a festa, ainda era possível livro resquícios da orquestra que estava do outro lado da parede. Ela aceitou o pedido, lhe entregando sua mão.
Começaram a dançar a valsa. Mirabel apoiou a cabeça no peito de Louis e ele a conduziu, girando a jovem uma vez ou outra. A felicidade pulsava nos corações de ambos.
No meio da dança, Mirabel quis olhar nos olhos dele. Então levantou a cabeça para encará - lo, mas ao encontrar o olhar dele, se lembrou do beijo que tiveram. Em segundos, estavam se beijando novamente, mas dessa vez o beijo não doía mais, porque Mirabel sabia que se casaria com aquele homem. Se não fosse com ele, não seria mais nenhum! Ela pensou, enquanto era beijada por ele.
- Não sabe o quanto eu senti sua falta. - Ele declarou, interrompendo o beijo. Ah, ela sabia, porque sentiu da mesma forma.
- Eu sei, sofri do mesmo mal. - Ela respondeu, estavam agora sorrindo um para o outro. - Eu vi o jornal. - Ela sabia que isso iria contar o clima, mas precisou falar.
- Ah. - Ele tirou os olhos dela por um momento, em constrangimento. - Você viu.
Ela então lhe deu outro abraço, agora mais consolador do que romântico. Ele colocou o rosto no cabelo dela, sentindo o cheiro das flores as quais ficavam na água que ela tomava banho. Pensaram que poderiam ficar assim o resto da vida, escondidos de todos aqueles que quisessem os afastar.
- Não acha que estão sentindo a nossa falta? - Ela comentou depois de um tempo abraçados, a voz saindo um pouco abafada por estar com o rosto ainda próximo ao peito de Louis.
- Esqueça eles, depois voltamos. - Ele falou. Uma nova música tinha se iniciado, mas quando ele ia chama - lá para outra dança ouviram o som da porta sendo aberta e fechando com um baque alto. Não tiveram tempo de se afastar o suficiente para evitar o desastre.
- Como pôde fazer isso com meu irmão? - Era Aurora e ela estava furiosa. - E o pior, com ele? - Aurora usou um tom de desprezo que Mirabel nunca pensou em ouvir vindo dela.
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Floresça
RomantizmApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...