Floresça

Capítulo 12

Mirabel estava de mau humor.
Fazia dois dias desde seu infeliz acidente no baile de sábado. Dois dias que um certo filho de um marquês prometeu visitá - lá e não havia aparecido.

Ela não sabia porque estava tão desapontada, mas o seu desagrado era evidente. Na noite anterior, enquanto Albert tentava lhe ensinar a jogar xadrez  para distraí - lá, tentou fingir que estava bem. Achou que estava conseguindo disfarçar , até que ele perguntou a ela: " Mi, está nos dias difíceis de uma mulher?". Ela pensou seriamente em quebrar o tabuleiro de xadrez na cabeça dele. Apenas respondeu " não" e Albert foi inteligente o suficiente para não render mais o assunto.

No domingo, o médico chegou por volta das 3 da tarde para examinar seu tornozelo. Ela precisou de engessar e ficaria assim por 1 semana, começando neste dia, então faria um pouco de exercícios físicos para voltar o fortalecimento. O médico disse que não foi tão grave, mas sem dúvidas era uma dor difícil de lidar.

Agora, as quatro da tarde de uma segunda - feira, se via jogada em um dos divãs da biblioteca, " Jane Eyre" estava ao seu lado, deixado na mesinha ao lado de uma xícara de chá incompleta, ela estava tentando conseguir ler as palavras do primeiro capítulo, mas desistiu quando encontrou palavras que nem mesmo conhecia verbalmente. Mirabel estava completamente entediada e não sabia mais o que fazer, não havia muitas opções de passatempo quando se mal conseguia ficar de pé. 

Albert tentava ao máximo entretê - la no seu tempo livre, mas os seus horários vagos eram raros. O seu tio estava na mesma, só o via na hora do jantar e a sua tia tinha suas próprias dores para lidar, mas mesmo assim era a visitante mais assídua. Mary não saia de seu lado durante o dia e a noite só se permitia ir embora depois que Mirabel já tivesse dormido.

- Mary, me diga. - Mary  estava tentando jogar xadrez junto com ela a poucos minutos atrás, antes de Mirabel simplesmente deitar o rei no tabuleiro, desistindo de continuar a partida por puro desânimo. - Estou muito chata? Seja sincera.

Mary pensou antes de responder, não era doida de ofender a sobrinha de sua chefe e também considerava Mirabel uma amiga, não queria magoar uma amiga.

- Está tão animada quanto se é possível com o tornozelo engessado. - Ela respondeu, satisfeita com a resposta que encontrou.

Mirabel respirou fundo e pensou se voltaria a jogar xadrez, se iria continuar sua tentativa de ler o livro ou se pedia para a colocarem no quintal em busca de um pouco de sol na pele. Ela chegou a nenhuma conclusão, então uma visita foi anunciada. Mirabel esticou o corpo quando o mordomo entrou na sala de estar, onde ela estava deitada no divã.

- Senhorita, chegaram visitas para vê - la. - Anunciou o mordomo, ela ainda não sabia o nome dele e da governanta.

Seu rosto se iluminou e ela se ajeitou no divã, pensava em somente uma pessoa.

- Quem veio? - Perguntou a ele.

- O senhor Belford e a sua irmã, senhorita Mirabel.

Ela murchou de novo, o rosto se fechando em uma espécie de careta. Ela gostava de Aurora, mas não queria que seu irmão tivesse vindo. Se o comentário de Louis fosse verdade, ela queria muito culpar o senhor Belford pela semana em que ficaria engessada.

- Deixe que entrem. - Ela falou, acenando com a mão em desânimo. Mary conteve uma risada, percebendo o quanto Mirabel tinha mudado de um segundo para o outro, sem dúvidas ela estava esperando alguém. E sábia como Mary era, sabia quem era.

Mirabel passou duas horas ouvindo quanto James estava preocupado com ela e como era difícil para ele imaginar que ela não seria capaz de se preparar para aquele passo de dança já que todas as moças que dançavam valsa com ele nunca se machucaram como ela. Depois de praticamente chamar Mirabel de incompetente, ele começou a falar sobre como o final do baile havia sido divertido e quanto sentiu a falta dela. " Uma pena que a senhorita se machucou, o bolo de chocolate que foi servido de sobremesa estava estupendo". Mirabel queria fazê - lo se engasgar com o bolo do chocolate.

Aurora permaneceu a maior parte do tempo calada, o seu irmão não deixava mais ninguém falar. Provavelmente ela queria ter vindo a visitar sozinha, mas ele deve ter insistindo em fazer o desprazer de sua companhia.

Quando enfim o senhor James Belford se cansou de praticamente falar sozinho, se despediram dela e foram embora.

Mary a ajudou a subir para o seu quarto, para tomar banho. Depois de vestida foi colocada na penteadeira e gentilmente Jane penteou seus longos cabelos. Após se preparar, recebeu ajuda das duas para descer para a sala de jantar.

Ninguém havia se sentado ainda, então pediu para que a levassem a biblioteca. Lá ela escolheu outro livro para treinar leitura, já que mal conseguiu ler duas páginas do livro de Jane Austen. Ainda era uma leitura muito avançada para ela, então ela pegou um livro infantil que Albert leu na sua infância.

Depois de um tempo, conseguiu ler todo o primeiro capítulo, enquanto Mary tentava finalmente aprender o alfabeto.

- Senhorita, depois do X vem qual letra? Perguntou a Mirabel, então ela a respondeu.

- Depois do X vem a letra Y. Conseguiu todo o restante da sequência? - Ela perguntou a Mary. Então a sua dama de companhia mostrou a ela a folha em que escrevia várias vezes as letras do alfabeto em dias variados.

- Também não me lembrei a letra que vem depois do P. - Falou Mary.

- A letra Q. - Falou Mirabel.

Mary olhava admirada para ela.

- Como conseguiu memorizar tudo tão facilmente, senhorita?

Mirabel deu de ombros.

- Eu treinei bastante.

Depois voltaram para a sala de jantar e encontraram os 3 parentes já a mesa.
Após o jantar, Mirabel estava novamente no mesmo divã que estava deitada a tarde, mas nesta noite Albert tinha decidido que iria ensina - la jogar dama. Estavam distraídos até que o mordomo interrompeu o momento de jogo deles.

- Outra pessoa veio visita - lá, senhorita.

- Se for o senhor Belford novamente ou qualquer outra pessoa desagradável como ele, não deixe que entre, eu provavelmente serei presa por jogar esse tabuleiro de dama na cabeça dele. - Ela comentou, irritada. Albert achava o temperamento da prima engraçado, somente quando ela se machucou que a viu de mau humor.

O mordomo ficou sem saber como responder a isso então a visita, que havia ouvido tudo enquanto esperava ser anunciada, entrou sem esperar a permissão.

- Acredito que não sou tão desagradável como o senhor Belford. Apesar que muita gente parece não gostar de mim, devo vir de escudo visita - lá na próxima vez?

O sorriso de Mirabel se abriu instantaneamente e depois ela parou de sorrir, se lembrando de que estava com raiva dele.

- Olá senhor Louis, quanto tempo.