- Eu sinto muito, mas isso precisa acabar. Agradeço pelo apoio dos familiares, mas eu não vou mais aceitar cortejos vindos do senhor James. - Mirabel falou, sendo direta. Havia ido naquela manhã para fazer aquilo que Aurora havia pedido, acabar com tudo na frente dos pais dela. Ela ainda não sabia o porquê, mas não lhe custaria nada fazer isso.
Aurora sorriu, estava feliz por Mirabel mesmo não precisando ter feito isso por ela.
- Sinceramente, eu já esperava. - Comentou James, sem lhe dar muito atenção. Então, voltou para o teclado no canto da sala e começou a tocar uma partitura de Bach.
Os pais dele, agora já nem se importando mais se Mirabel ficaria chateada, já que ela acabara de dar um fora em seu filho na frente deles. Fizeram um pouco de sala e depois praticamente a dispensaram falando indiretamente que tinha que fazer isso e aquilo. Mirabel não se incomodou, estava doida para ir embora dali.
Eram 3 da tarde quando Louis chegou a casa Belmonte, de início ele se sentiu constrangido, como se não fosse correto ele estar ali, mas assim que viu Mirabel o sentimento ruim foi embora. Ele abriu um sorriso ao vê - lá, um sorriso apaixonado que ela lhe retribuiu.
Ele estava nos degraus da escada de entrada para a casa e ela estava em pé na porta principal, Albert está ao seu lado e Mary um pouco atrás dos dois.
- Bem - vindo, Marques de Hyde. - Brincou Albert, dando um abraço e tapinhas nas costas de Louis. Ele já havia aceitado que Mirabel deveria fazer o que quiser com sua vida, afinal ele também estava indo contra as vontades da sociedade ao ir contra tudo que lhe foi ensinado e namorar Mary escondido de fotos. Agora, nem todos mais, somente Mirabel sabia.
Depois de cumprimentar Albert, foi a vez de Mirabel. Não era adequado abraçar uma dama que não fosse sua noiva em público, mas não havia ninguém ali, então ele a puxou para um abraço rápido.
- Eu senti sua falta. - Ele disse baixo para somente ela ouvir. Ela sorriu mais ainda.
- Nós estávamos juntos ontem a noite. - Ela respondeu.
- Mas parecia que tinha sido há séculos atrás. - Então ele a soltou.
Louis deu um aceno de cabeça em cumprimento a Mary.
- Vamos, minha mãe está esperando para irmos tomar chá com ela no jardim. - Albert ainda não havia entendido o porquê da duquesa ter se oferecido para participar da recepção de Louis, nem Mirabel, mas ambos não iriam reclamar disso. Mirabel orava todas as noites para que sua tia passasse a ver a verdadeira face de Louis e parece de julgá - lo por conta de fofocas ouvidas.
Albert passou o braço por trás do ombro de Louis, Mirabel e Mary seguiram na frente e eles as acompanharam um pouco mais para trás. Albert aproveitou que elas estavam um pouco distantes para poder falar em particular com Louis.
- Cuide dela. Se você quebrar o coração de Mirabel, eu quebro os seus dentes perfeitos e branquinhos. - Ele fez uma leve ameaça a Louis de maneira sussurrada.
Louis se desvencilhou do braço dele e sorriu.
- Então quer dizer que acha os meus dentes perfeitos? Cuidado, isso pode ser confundido com outra coisa. - Ele brincou, pegando no pé de Albert. Então os dois brincaram de bagunçar a cabeça um do outro, mexendo no cabelo. As mulheres olharam para eles dois julgando.
- Parecem crianças. - Comentou Mirabel.
- Deixe, não tiveram infância. - Respondeu Mary.
As duas suspiraram e deixaram os dois para trás com suas bobagens. Estavam indo em direção a duquesa no jardim quando eles apareceram na porta da varanda tentando as alcançar.
- Como vocês demoraram, o chá começou a esfriar. - Ela comentou, colocando o leque que se abanava na mesa. Apesar de ser outono, naquele dia específico fazia sol.
Louis Hyde fez uma pequena reverência a duquesa, que se levantou para cumprimenta - lo. Depois, se sentaram juntos na mesa e tomaram o chá da tarde, com direito a donuts fofinhos e bastante chocolate.
Então, a duquesa chamou a atenção de todos quando chamou diretamente o nome de Louis na mesa. Quando todos estavam com os olhos nela, ela limpou a garganta em constrangimento, havia tomado uma decisão na noite anterior, quando ouvira sem querer toda a situação com aurora, ela estava passando no corredor a procura de um banheiro quando ouviu a gritaria dentro do pequeno salão, então decidiu que nunca mais deixaria um Belford pisar em sua casa e que havia subestimado o Sr. Hyde.
- Quero pedir formalmente desculpas pela minha falta de tato e consideração com o senhor, Marquês de Hyde. - A boca de Albert e Mirabel foi ao chão.
- Perdão? - Louis precisava ouvir de novo, para saber se realmente havia ouvido direito.
- Eu te julguei de maneira incorreta, ensinei a Albert a nunca julgar as pessoas pelo o que a sociedade dizia sobre ela e olhe só o que me tornei. - Ela segurou a mão de Mirabel e a dele com carinho. Todo mundo ainda estava tentando processar o que estava acontecendo, até mesmo Mary estava boquiaberta e ela quase nunca esboçava reações. - É evidente o amor que você e Mirabel passaram a nutrir um pelo outro. Eu não quero entrar no meio de algo que vai muito além de fofocas. Sinto muito por ter te feito sofrer, minha sobrinha.
- Eu sei que você estava querendo o meu melhor, tia. - Uma lágrima solitária rolou pelo rosto de Mirabel, mas era uma lágrima de orgulho e felicidade.
- Eu fico lisonjeado, duquesa. O seu apoio é essencial para nós. - Respondeu Louis para ela.
A conversa então se seguiu até que o sol se pôs e a lua começou a subir ao céu. Antony se juntou a eles, com alegria de vir a família toda reunida. Ele nunca teve nada contra Louis, na verdade ele não tinha nada contra ninguém de seu convívio, era ocupado demais para esse tipo de coisa.
- Estão festejando sem mim? - Brincou ele, tirando a boina e o cansaco grosso da farda e colocando na cadeira. Estava frio agora, mas ninguém estava preocupado com isso, era um dia muito alegre para se importar com algo como o frio.
- Junte - se a nós meu pai. - Albert abraçou seu pai lateralmente.
Antony se sentou junto a todos na grande mesa de madeira que ficava no quintal dos fundos.
- Bom, vou aproveitar que todos se reuniram aqui para fazer uma coisa. - Louis caminhou até onde estava Mirabel e pegou a sua mão. Mirabel olhou de Louis para sua tia, então para seu tio. Ela não podia acreditar que aquilo era real! - Senhorita Mirabel Montbane. - Louis tirou um anel de ouro do bolso da sua calça de alfaiataria, era o anel de sua falecida mãe, quando se casou. - Com a benção de sua tia e seu tio, me concede a honra de se casar comigo?
Louis já havia conquistado a todos novamente, as fofocas agora a seu respeito eram o quanto ele estava elegante no baile e o quanto a menina que se casasse com ele seria sortuda. A opinião de nobres entediados tendia a mudar muito, principalmente com uma dose de entretenimento extra. Eram facilmente manipulados pela força da massa, se uma pessoa influenciável disse que Louis era bonito e atraente, automaticamente todos diziam a mesma coisa. Com exceção de Lady Davies, que não gostava de ninguém além dela e de sua filha, talvez, nem de sua filha.
- Mas é claro que eu aceito.
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Floresça
RomanceApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...