Louis esperou pacientemente enquanto Mirabel desceu as grandes escadas da residência e atravessou até onde ele estava no jardim, auxiliada por Mary.
- O que pensa que está fazendo? - Ela falou, assim que se sentaram no banco no quintal dos fundos. Onde ninguém poderia vê - los, já que ao redor era tudo floresta e as janelas dos quartos davam para o outro lado. Mary deu privacidade aos dois, se mantendo sentada a alguns metros de distância. - Porque está aqui?
- Diga - me o porque me ignorou no teatro. - Ele pediu, mas na verdade saiu mais como uma ordem. Mirabel parou de olhar em seus olhos, pensando em como responder a isso sem comprometer sua tia. - Olhe para mim, Mirabel! - Ele pediu, começando a ficar frustrado.
- Eu não deveria estar aqui. - Ela fez que iria se levantar, mas ele pegou a sua mão, impedindo que ela desse mais algum passo. - Você não deveria estar aqui, nem me chamar pelo meu primeiro nome.
- Por que eu não deveria? - Louis começou a sentir a porção de ciúmes invadindo o seu peito, já cogitando a possibilidade de Mirabel realmente estar se pretendendo casar com Belford.
- Porque continuar sendo vista com você, traria problema para nós dois. - Louis foi pego de surpresa, não esperava essa resposta. Ele colocou a mão no rosto dela, a fazendo olhar para ele.
- Você não me faria problema algum. Na verdade, a sua ausência me é um problema, ter sido ignorado por você hoje mais cedo me deixou louco. - Ele confessou.
Realmente, quase enlouquecera, mas não somente por isso. A ideia de Mirabel estar para casar com Belford o incomodou de uma forma que ele nunca pensou que incomodaria. Ele não conseguiu parar de pensar nisso a tarde toda, por isso estava ali, queria saber da boca dela se pretendia se casar com James ou não. Mas agora que estava diante dela, parecia que tinha apenas agido por impulso e sido um moleque movido a hormônios à flor da pele.
- Não seja injusto comigo. Sabe que gosto de sua companhia. - Ela se defendeu, porque não era culpa dela se ele era conhecido por ser estranho e mal falado.
- Eu não deveria ter vindo, você está machucada e eu fiz a descer até aqui. - Ele começou a falar, se lembrando de conferir o gesso dela. - Que tipo de cavalheiro eu sou, tacando pedras na sua janela. - A loucura momentânea que tivera passou, Louis começou a se sentir muito culpado por estar ali.
Ela ainda estava intrigada, então apenas ignorou o surto de consciência que atravessou a cabeça dele.
- O que te fez vir aqui a essa hora? - Ela perguntou novamente.
Louis estava envergonhado e queria ir embora.
- A senhorita deveria subir, eu não deveria ter feito nada disso. - Ele se pôs de pé. - Vamos, vou te carregar até a entrada dos fundos e a sua ama te leva até o seu quarto.
Ela permaneceu no mesmo lugar, não aceitando as mãos dele.
- Louis. - Os olhos dele brilharam ao luar quando ouviu ela o chamar pelo seu primeiro nome pela primeira vez. - O que te fez vir até aqui e agir de maneira tão insensata dessa forma. Para de fugir do assunto, está me aborrecendo.
Ele sentou novamente, desistindo de fugir dali, daquela situação constrangedora que ele mesmo se colocou. Mary se manteve quieta, apenas observando a conversa agitada dos dois em silêncio.
- Eu ouvi de bocas estranhas que você e o senhor Belford vão se casar. - Mirabel abriu a boca para responder, mas depois fechou, sem saber como explicar a situação em que estava metida.
- De fato, ele pediu para me cortejar hoje a noite. - Ela ainda não tinha tido tempo para absorver essa informação e a expressão de raiva que brotou no rosto de Louis a deixou desconcertada. - Mas não entendo o que a minha relação com Belford fez o senhor tacar pedras na minha janela a essa hora da noite.
- Realmente, acho que estou ficando louco. - Ele estava com ciúmes. Constatou isso desde o início, mas nunca iria confessar uma coisa dessas. - Volte para cama Mirabel, me desculpe por todo esse transtorno...
- Minha tia quer que eu me case com James. - O fato dela chamar o jovem pelo nome incomodou muito Louis, ele também queria que ela falasse sem formalidades com ele e também queria ser aprovado pela tia dela.
- Não faça isso. - Louis se surpreendeu ao soltar isso. Ele não era ninguém para dizer a ela o que deveria ou não fazer, não estava conseguindo entender seus próprios sentimentos. - Quer dizer, acho que pode encontrar pretendentes melhores do que ele.
- Provavelmente será com ele com que eu vou me casar. - Ela falou, mas não parecia nada feliz ao dizer isso. - Minha família e a dele são fortes aliadas, minha tia é muito próxima a mãe dele e queria muito que eu me aproximasse do tipo de pessoas que ele são. - Ela confessou, por que não conseguia parar de falar pedir se Louis.
- Tipo de pessoas que ele são? - Ele repetiu, tentando entender. O ciúmes estava o atingindo com força, sentia certa dor no coração que nunca pensou ser capaz de sentir.
- Sim, senhor Louis, pessoas que não tem fofocas a seu respeito. - Louis sentia que tinha recebido um soco no estômago. - Ela me quer longe de você e qualquer tipo de pessoa que possa gerar uma má reputação a mim ou a nossa família.
- Então vai se casar com ele? - Ele insistia naquilo, porque se ela dissesse que sim, ele sumiria da vida dela.
- Eu não sei, eu não quero. Mas a minha tia...
Irritado por Mirabel não falar por si mesma, ele pegou o rosto dela e o aproximou do dele.
- Esqueça a sua tia. - Seus rostos estavam frente a frente agora, os olhos um no outro. - O que você quer, Mirabel?
- Eu... - Com os olhos no dele, ela não conseguia formar uma frase completa. Sentia borboletas no estômago e temia que se não fosse embora dali naquele momento, nunca mais conseguisse fingir que Louis Hyde não existia.
Saindo do transe, Mirabel se levantou bruscamente, se equilibrando como pôde com somente uma perna funcionando tranquilamente.
- É melhor você ir embora, senhor Louis.
Quando ela se virou, para poder dar as costas para ele, Louis a puxou para si e a beijou. Ela foi pega de surpresa e Mary teve que se conter para não soltar um grito de susto, assistindo toda aquela cena.
O beijo foi bom, mas doloroso, porque Mirabel sentia que queria mas ao mesmo tempo sabia que o certo era estar em sua cama e longe, muito longe de Louis Hyde e qualquer que fosse a sua fama ruim.
Quando se afastaram, Mirabel não conseguia mais ir embora, ficaram se encarando em silêncio. Louis pensando no que havia acabado de fazer e Mirabel constatando que tinha dado o seu primeiro beijo justamente com a última pessoa com quem deveria ter feito. Havia feito um acordo com sua tia e falhara no segundo dia, sentia - se como uma traidora.
- Eu vou me tornar um homem com uma reputação respeitável, lhe dou minha palavra. Enquanto isso, não se case com Belford. - Ele pediu a ela, algo que ela não podia prometer.
Louis e Mirabel paralisaram ao ouvir os passos no gramado molhado do sereno, passos pesados que com certeza não eram de Mary. Mirabel não teve coragem de se virar, então ouviu por de trás dela.
- Mirabel, vá para dentro - Albert disse, após pedir a Mary para auxilia - lá.
Mirabel nem mesmo tentou questionar, o seu primo nunca havia falado daquele jeito com ela. Assim que ela entrou para dentro da residência, Albert caminhou em direção ao seu melhor amigo.
- Não é isso que você está pensando. - Louis tentou começar a se explicar, gaguejando, mas Albert estava cego de raiva e decepção e não queria ouvir desculpas.
Assim que chegou perto de Louis o suficiente, desferiu - lhe um soco na lateral do rosto.
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Floresça
RomanceApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...