Louis virou o rosto com a força do soco, depois cuspiu sangue na grama. Ele sabia que beijar Mirabel era errado, mas não aceitaria que seu melhor amigo batesse nele.
- Ou você para agora ou rolaremos nesse chão batendo um no outro. - Ele respondeu para Albert, que balançava a mão sangrando pelo soco. Albert olhou furioso para ele.
- Por enquanto, eu não quero mais te ver aqui em Belmonte. Vá embora. - Como Louis permaneceu em choque no mesmo lugar, Albert gritou com ele. - AGORA!
- Eu sei que parece que eu estava me aproveitando de Mirabel, mas não era isso o que aconteceu. - Ele se defendeu, mas Albert já estava pensando em lhe dar um segundo soco.
- Só some daqui, Louis. Seja o que for que você estava pensando, beijar a minha prima escondido em um quintal a noite faz parecer muito que você tinha más intenções.
Louis parecia que havia levado outro soco.
- Eu nunca abusaria dela e você sabe disso. - Ele estava indignado que o melhor amigo dele, seu amigo de infância, pensava que ele faria isso.
- Depois dessa sua atitude, é difícil pensar algo bom de você. - Albert estava falando da boca pra fora, estava com raiva e queria ofender seu amigo. Horas depois ele estaria repassando a conversa na cabeça várias vezes e se arrependendo do que disse, mas naquele momento ele só queria proteger Mirabel, que se tornou sua irmã caçula. - Ela é a irmã que eu nunca tive e você sabe que eu vou protegê - lá a qualquer custo, mesmo que seja de você.
- Eu sei. - Louis deu as costas para o amigo e foi embora. Albert entrou para dentro de casa e tomou um banho gelado para acalmar os nervos. Precisaria fazer um acerto de contas com Mirabel também, onde ela estava com a cabeça de se encontrar com um homem às escondidas? Ainda mais Louis, a quem sua mãe tanto repudiava.
Eram 8 horas da manhã, Mirabel só conseguiu dormir por 2 horas naquela noite e então passou a noite em claro preocupada com Albert e principalmente com Louis. Onde ela estava com a cabeça ao descer para se encontrar o Sr. Hyde de madrugada as escondidas? Albert, com certeza, estava furioso.
O café foi servido, então ela desceu para comer. Encontrou com Albert na escada e notou que sua mão estava machucada, mas ele percebeu ela encarando e tentou esconder da vista dela. Durante o café, manteve a mão baixa para que ninguém notasse a vermelhidão e o leve machucado que se formou entre os nós de seus dedos e passou o dia escondendo dessa forma. Mirabel ligou uma coisa a outra desde o café da manhã e perdeu completamente o apetite. Comeu algumas poucas frutas para disfarçar e não preocupar os seus tios e então disse que iria ler algum livro na biblioteca.
Mas por mais que ela tentasse parar de pensar, não conseguia esquecer Louis. Lembrava dele jogando as pedras, dele pedindo para que ela esperasse por ele e claro, do beijo. Ela se culpava, porque queria poder beijá - lo novamente.
A tarde, foi anunciada a visita de James Belford, como ele havia dito que faria. Não poderia ser um dia pior para que ele fosse visitá - lá, Mirabel estava com a cabeça em outro lugar, mais especificamente, em outro homem.
- Como vai senhorita? Está linda como sempre. - Ele se aproximou dela, que agora se encontrava no mesmo divã de sempre. Mirabel estava sentindo que fizera da sala de estar o seu aposento, pois sempre que podia estava lá, lendo, escrevendo ou treinando xadrez.
- Vou bem e o senhor? - Bem era uma palavra muito forte, ela pensou, mas também não estava mal. Cruzou as mãos em seu colo, notando o quanto ele estava desconfortável por ver ela de gesso e praticamente deitada para recebe - lo.
- Melhor agora. - Mirabel segurou um sorriso, que flerte péssimo. Ela não pode segurar sua mente, que fazia uma grande comparação entre ele e Louis, obviamente que Louis ganhava. - Sua dor de cabeça melhorou?
- Sim, obrigada por perguntar.
Era incrível como não havia um pingo de química, os dois conversavam como robôs, ela perguntava algo, ele respondia de maneira mais cordialmente correta possível, sempre comentando alguma coisa desnecessária sobre a origem dela como: que bom que logo irá melhorar, talvez eu ou aurora possamos lhe ensinar a dançar corretamente a valsa quando estiver com o tornozelo curado, claramente não tinha como você saber dançar perfeitamente já que veio de um lugar que mal deve saber que existem bailes." e assim se seguia a conversa, com ele sempre se achando o melhor nobre existente em Londres. Ele tomou café da tarde com a sua família, depois disse que tinha que ir embora treinar alguma partitura de Mozart.
Mirabel ficou feliz por novamente poder ficar sozinha com seus pensamentos, agora estava na biblioteca e Mary a fazia companhia treinando sua escrita.
Mas o sossego de Mirabel durou bem pouco, logo antes do jantar, Albert entrou na biblioteca.
- Precisamos conversar, Mirabel. - Ele foi direto, então ela fechou o livro que estava lendo e esperou ele continuar. - Como pôde ser tão imprudente, querida? Tem noção do que poderia ter acontecido caso eu não tivesse chegado a tempo?
Ela tinha, mas não pensava que Louis a desrespeitaria. Ele havia deixado claro que queria ser um bom pretendente para ela.
- Louis não me forçou a nada, meu querido primo. Eu já sou grandinha, sei me virar. - Ela rebateu de volta. Albert estava começando a ficar chateado.
- Eu sei disso, mas não quero que se machuque. Louis não é homem para você Mirabel, você merece mais. - Ele disse, se assentando junto a ela no grande sofá de couro preto da biblioteca.
- Eu sei que você deseja o melhor para mim. - Ela falou. - Mas agora você está parecendo a sua mãe. - Eles riram, quebrando um pouco a tensão que tinha no ambiente.
- Temo que tenho passado tempo demais com ela ultimamente. - Ele brincou de volta.
E foi assim que o assunto foi encerrado, Albert entendeu a indireta de Mirabel. Ele não podia escolher as coisas por ela como a mãe fazia. Nem a mãe dele, na verdade, mas ele sabia o quanto era difícil dizer não para a duquesa.
Passaram o restante da tarde conversando sobre assuntos aleatórios e jogando partidas de xadrez. Mirabel estava ficando muito boa neste jogo.
As horas passaram, ocorreu o jantar e logo após estava toda a família reunida, as duas mulheres conversando sobre o anúncio do novo baile que teria e sobre qual roupa usariam, os homens discutiam uma nova caçada ao amanhecer. Cogitaram até mesmo a possibilidade de chamar Belford para ir com eles, o que fez Mirabel se sentir incomodada.
O mordomo interrompeu a conversa deles quando entrou e anunciou que havia um cavalheiro se dizendo como mensageiro e que tinha uma grande coisa a revelar.
Antony autorizou que ele deixasse o desconhecido entrar. Então um homem já de idade, com cabelos muito brancos e roupa preta entrou pela porta da sala de estar.
A família olhou assustada para o mensageiro todo molhado da água da chuva. Se reuniram ao redor dele, enquanto a governanta lhe trazia um chá quente e uma tolha para pôr em seus ombros.
- Sr.Jonh, o que o faz aqui tão tarde e nessa chuva? - Perguntou Beatriz, reconhecendo o mensageiro.
- Trago más notícias madame. - Todos ficaram em alerta. - O Marquês de Hyde foi encontrado morto nesta manhã. - Beatriz abriu a boca em susto, Mirabel pensou em como Louis estaria agora, Antony já tentava encontrar algo nas correspondências que recebeu mais cedo para ver se havia algo notificado e Albert se arrependeu das coisas que havia dito a Louis na noite anterior.
Agora Louis Hyde era órfão.
- O meu Deus! - A duquesa exclamou.
- Como assim? - Perguntou Antony, largando os papéis que estava analisando na mesa de centro.
Todos tomaram um grande susto quando um raio atravessou aproximadamente o quintal da residência, fazendo um estrondo. - E eu ainda não terminei, madame. - Disse o mensageiro, depois de parar de tremer e tomar um gole do chá quente.Mirabel até mesmo se sentou para ouvir o que o homem tinha a dizer além da já terrível tragédia.- O filho dele foi preso por suspeita de assassinato.
- Como assim? Não foi morte natural? - Albert perguntou, assustado.
- Foi encontrada uma arma... e o marquês estava com um tiro na cabeça. - O mensageiro continuou a explicar, perdendo a vontade de continuar a tomar o chá.
Ainda bem que Mirabel já estava sentada, pois sentiu que ia desmaiar.
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Floresça
RomanceApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...