Floresça

Capítulo 9

- Senhorita, respire fundo, vou fechar a cinta. - Mirabel não estava conseguindo respirar com essa roupa. O vestido que escolheu era leve, mas o que colocava por baixo dele estava sufocando, era uma cinta estilo espartilho e neste momento Jane a estava apertando com ele.

- Nossa, mal consigo respirar. - Falou Mirabel, depois que terminaram de vesti - la. Ela estava com jóias brancas com ouro amarelo ao redor do cabelo, os fios presos em um coque bem alinhado. A maquiagem havia sido feita por outra mulher, que trabalhava para sua tia, Jane só sabia fazer penteados, maquiagem não era seu forte.

- Mas está linda. - Comentou Mary, que observava quieta enquanto Jane fazia Mirabel de boneca. Já estava quase na hora de saírem, o baile começaria às 19 horas.

De manhã, após o café, repassou com a tia tudo que tinha aprendido durante a semana, as regras de etiqueta até às palavras básicas que aprendeu a ler. Sua tia sentiu um enorme orgulho dela, que lembrava se tudo perfeitamente.
Ela também ficou feliz, o que mais queria era agradar a tia, pois ela estava fazendo de tudo para ajudá - lá a recomeçar.

Depois da revisão, uma manicure e pedicure vieram para arrumar Mirabel e Beatriz para o baile. Beatriz estava amando ter Mirabel em casa e torcia para que ela só fosse para Montbane ao se casar, ela sempre sonhou em ter uma filha, mas não tinha coragem de passar pelo processo de gravidez e parto novamente. Albert havia tido dificuldades para nascer e quase morrera, nasceu sem respirar e os médicos conseguiram reanimá - lo a tempo.

Batidas na porta do quarto assustarem as três mulheres. Mary abriu a porta, visto que Mirabel e Jane estavam finalizando a ação de pendurar as jóias no corpo da jovem nobre. Era Sr. Antony, o tio de Mirabel, ele já estava completamente vestido e as jóias da sua roupa brilhavam a ponto de chamar mais atenção do que a beleza que ele provia.

- Minha sobrinha está pronta para a grande noite? - Ele perguntou, sem conseguir ver Mirabel de onde estava. Mary havia aberto a porta apenas a suficiente para ver quem era, sem revelar muito o que estava acontecendo no quarto.

- Sim, milorde. Ela só está colocando as jóias e descerá para o saguão. - Respondeu Mary, abaixando a cabeça levemente para se retirar.

- Muito bem, estamos todos ansiosos para ver como ela ficará. Imagino que estará mais bonita do que a própria princesa, mas não conte a vossa alteza. - Ele brincou a Mary, que conhecia desde quando a mãe dela estava grávida, já trabalhando na casa deles. Mary nasceu e cresceu em Belmonte e não pretendia ir embora de lá.

Assim que terminou de arrumar Mirabel, Jane segurou o choro com seus olhos já marejando. Ela estava tão linda e merecia tanto isso, Jane já era uma pessoa mais de idade e muito sensível. Mary era jovem, porém compadecia do carinho que Jane sentia por Mirabel, na verdade, todos os empregados sentiam esse carinho por ela.

- Senhorita, ofuscará todas as mulheres da festa. - Disse Mary, mas pensou melhor e se lembrou de sua patroa - A não ser a duquesa Beatriz, ela não pode ser ofuscada. - E as três riram juntas.

Se despediram de Jane e desceram para o saquão conforme haviam combinado com o chefe da casa, Antony. A família toda a aguardava descer as escadas, sorrindo contentes.

Houve uma confusão de elogios seguidos" como está linda minha sobrinha" " essa é minha menina" " terei que arrumar um canivete maior". O último comentário claramente era de seu primo, que estava ultimamente com um instinto protetor evidente. Ela riu, sentindo que parecia uma princesa e se permitiu se sentir bonita pela primeira vez.

Foram para a carruagem, os quatro. Eram uns 20 minutos até chegarem ao baile de Lady Danny, uma lady bem conhecida por seus bailes exuberantes. Ela amava chamar atenção.

Ao alcançar o destino deles, serviçais os receberam na porta, oferecendo champanhe e para guardar os casacos. Ambas coisas foram recusadas, por enquanto.

Ao entrarem no baile, foram solicitadas pelo rei e a rainha a apresentação de Mirabel. Como eram amigos, Antony já havia deixado de sobreaviso que tinham encontrado a sobrinha que ela seria apresentada neste baile a alta sociedade. O rei estava cheio de pedras preciosas ao redor da coroa de ouro, reluzia tanto que era difícil de olhar muito para ele, já a rainha, estava coberta de rubis, na coroa, no pescoço e nos brincos, ambos estavam estonteantes. Mirabel teve que disfarçar o seu encanto pela atenção que eles chamavam com tanta riqueza e poder. Eram os convidados principais, claro, tinham área vip e somente eram incomodados caso solicitassem que alguém fosse até eles, até mesmo os donos da casa.

- Que grande felicidade conhece - lá finalmente querida, sem dúvidas é uma mulher incrível. Olhe só que beleza. - Comentou a rainha, com um sorriso gentil e rugas aparecendo por conta da idade. - Sem dúvidas, há a beleza de seus pais em seu rosto.

- Seus pais eram nobres amigos, sentimos muita falta deles. Como se chama, senhorita? - O rei perguntou, olhando em seu rosto.

- Mirabel, vossa Alteza. - Ela respondeu, assustada demais para falar muito mais além do que ele lhe pediu. Nunca pensou que conheceria alguém tão importante quanto ele, estava paralisada. Sentia o coração batendo rápido no peito e um pouco sem fôlego.

- Seja bem vinda a alta sociedade querida Mirabel. Seus familiares são uma família de grande estima e com certeza a senhorita também será! - Completou a rainha. Então estava dispensados.

Simples assim, agora ela era conhecida pelo rei e a rainha do país inteiro. A cabeça dela começou a girar de nervosismo e sentiu que a qualquer momento iria vomitar o que tinha comido antes de ir para o baile. Péssimo momento para sentir mal dessa forma.

- Tia, estou passando mal, me leve para o banheiro agora. - Ela segurou o corpo, apoiando na tia. - Por favor. - completou.

A duquesa nem questionou, avisou a Antony e Albert que iriam ao toalete e andou rápido com ela para lá. Pouco tempo depois, estava soprando o dela enquanto Mirabel segurava para não desmaiar. Que ótima maneira de começar um baile.

Beatriz ajudou a jovem a se recompor, com compaixão. Ela também havia ficado nervosa quando debutou, era normal, mas não pensou isso estava afetando tanto Mirabel.

- Não sabia que estava tão ansiosa querida, eu teria te dado um calmante caso tivesse me contado. - Ela disse, arrumando os cabelos de Mirabel em frente ao espelho do banheiro.

- Eu ficarei bem, tia. Foi só uma vertigem.

As duas voltaram para o baile um pouco depois, quando todo o mal estar de Mirabel passou e ela se recompôs. A duquesa nunca vira alguém passar mal dessa forma, nem mesmo alguém desmaiar em sua frente, mas ficou contente de ajudar a menina.

- Vamos tomar uma limonada querida, para te refrescar. - Ela falou para Mirabel, quando chegaram perto da mesa do banquete. As duas se deliciaram com um copo de limonada e Mirabel testou o estômago com um pedaço de carne, a tia lhe disse que era de pato ao molho madera. Ficou contente por conseguir comer e não passar mal.

Ao fundo, havia uma orquestra com dois violinos, uma viola, um Cello e várias pessoas dançando no salão principal. As pessoas observavam Mirabel e logo correu a notícia de a sobrinha desaparecida que foi encontrada.

Os rapazes ficaram com vergonha de convida - lá para dançar. Uns, por medo dela recusar já era de alto dote e era linda. Outros, com medo de por ela ter crescido em vila, lhe passarem vergonha só não saber dançar.

Mas havia um cavalheiro em específico, que desde que Mirabel chegou, não conseguiu desgrudar os olhos de cima dela. Perceberá que ela passou mal e ficou preocupado, mas não quis a constranger mostrando que tinha visto. Então preferiu ir cumprimenta - lá como se nada tivesse acontecido.

- Me concede essa dança, senhorita Montbane? - Ela se virou para olhar quem estava falando com ela, era Louis. Sorriu para ele, percebeu que estava sentindo muito a falta dele, era estranho, já que só o havia visto poucas vezes.

- Com certeza, Sr.Hyde.