Capítulo 11

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Estava tudo indo bem, até não estar mais. Quando Belford foi fazer um passo que Mirabel não conhecia, ele tentou a virar e o tornozelo dela torceu, sentiu a dor de imediato. 

- Está tudo bem, senhorita? - Ele parou de dançar e a deu suporte até onde sua tia e tio estavam. Mirabel tentou ao máxima disfarçar que estava mancando, já que aquilo geraria ainda mais fofocas sobre ela, seria motivo de piada. Quem torce o tornozelo em seu primeiro baile? Só podia ser ela, foi o que pensou.

- Me leve para minha tia, por favor. - Ela conseguiu falar em meio a dor do tornozelo latejando.

- Fiz alguma coisa de errado, senhorita? - Mirabel estava começando a se irritar com ele.

- Eu me machuquei, só me leve para minha tia. - Nesse momento a dor falava mais alto do que os bons modos ou a paciência que ela estava tentando ter com o todo pomposo Belford.

- Sim, senhorita. - Ele saiu com ela praticamente com o peso de seu corpo escorado no dele, então chegaram perto da tia, que já havia percebido que algo estava errado. Como havia muitas pessoas dançando, ninguém tinha percebido ainda a situação em que Mirabel se encontrava.

Aurora veio rapidamente a seu socorro enquanto a tia analisava discretamente o estado de seu tornozelo.

- O que houve? - Perguntou Aurora discretamente a Beatriz. - A tia nesse momento já estava auxiliando discretamente Mirabel a se sentar em uma das diversas mesas bem arrumadas.

Antony foi chamar o cocheiro para trazerem a carruagem e Albert estava tentando manter as atenções para longe dela, conversando com as pessoas que ele sabia que eram as mais fofoqueiras do baile. Aurora ajudava como podia, segurando a mão de Mirabel enquanto ela apertava a dela com força para descontar a dor que sentia.

Um dos empregados que serviam os presentes sussurrou algo no ouvido de sua tia. Ela agradeceu e voltou sua atenção novamente para a sobrinha, a ruga em sua testa estava mostrando o grau de preocupação que se encontrava.

- Vamos Mirabel, seu tio pediu para te levar para a porta principal, a carruagem já está nos esperando. Ele está lá para caso alguém precise sair e tenha que mudar o lugar da carruagem. - Mirabel não sabia se chorava de dor ou de alívio por ir embora desse constrangimento.

- Não vão chamar o sr. Albert? - Aurora perguntou.

- Não querida, ele ficará para manter as aparências. Não é nada bom Mirabel se machucar em sua primeira apresentação, sabe como as pessoas podem ser maldosas.

Aurora sabia, por isso tentaria ao máximo abafar as conversas que chegassem até ela sobre o quanto Mirabel era da ralé e mal sabia dançar. Comentários que com certeza seriam ditos principalmente pela Lady Davies, que como Beatriz dissera, estava à espreita para causar confusão na vida das jovens solteiras.

Lady Davies estava de olho em Mirabel, então viu quando ela se machucou. Não conseguiu reprimir um riso baixo junto com sua filha, logo ela iria começar a comentar com as outras jovens sobre Mirabel. Mas Aurora a defenderia e Mirabel confianva nela.

- Até mais, irei visita - lá amanhã. - Aurora se despediu de Mirabel, que caminhava de maneira manca junto a Beatriz.

Elas passaram pelo corredor menos movimentado até a porta principal. No meio do caminho Mirabel precisou recuperar o fôlego pois apoiar o peso em só uma perna estava começando a incomodar. Ela não sabia se conseguiria chegar até a carruagem.

Estavam a meio caminho do destino quando ouviram uma voz masculina falar com elas. Mirabel ficou muito envergonhada ao ver quem era e Beatriz ficou carrancuda.

- Precisam de ajuda, damas? - Louis perguntou, de maneira retórica. Ele havia visto tudo, desde o irmão de Aurora roubando a dança de Theodore até a hora em que ele praticamente carregou ela até uma cadeira perto da duquesa. Ele não quis intervir para não chamar atenção indesejada, mas sabia que agora ele precisava ajudá - Las. Na verdade, ele sentia que devia, como se ela fosse a responsabilidade dele. O que era patético, pensou ele, já que Mirabel não era nenhuma criança.

- Francamente. - Beatriz passou a mão livre na testa. Começava a sentir os seus ossos doendo, por conta da sua doença, juntando com o esforço físico para ajudar sua sobrinha. Mirabel praticamente não conseguia se manter de pé, estava difícil dar passos pequenos com tanta dor, isso demoraria a cicatrizar.

- Sei que não é uma das minhas admiradoras duquesa, mas não posso ver uma dama sofrendo dessa forma e não ajudar por conta da tia dela não se simpatizar com minha pessoa. - Ele sabia que estava sendo atrevido, mas ou falava isso ou a duquesa tentaria impedi - lo.

Beatriz suspirou fundo, estava a ponto de surtar. Não era pra nada disso estar acontecendo, era pra Mirabel estar agora dançando com algum lorde rico e de bons modos ao invés de ser ajudada pelo excluído da alta sociedade a se manter de pé.

- Obrigada. - Foi apenas isso que Mirabel conseguiu dizer, ao menos naquele momento.

- Segure firme, senhorita. - Mirabel mal havia processado o que Louis tinha dito e se viu agarrada aos ombros dele, sendo carregada no colo. Conseguia ver pouco, já que ele era mais alto que ela então tampava seu campo de visão, mas viu sua tia vermelha como pimenta vindo atrás deles.

Ela não sabia se a tia queria matar ela ou o senhor Louis, mas não tinha cabeça para pensar na tia agora. Seu tornozelo ainda doía um pouco pelo impacto de cada passada larga que Louis dava até a carruagem, mas estava bem mais tranquilo de aguentar sem ser ela a dar os passos.

- Coloque gelo nesse tornozelo assim que chegar. Provavelmente não quebrou, mas com certeza houve torção. - Ele disse, enquanto ela endurecia um pouco o corpo. - Você pesa como uma pena, não se preocupe. - Ele comentou, depois que percebeu que ela estava muito desconfortável com ele a carregando. Então ela relaxou um pouco.

Ela sabia que era leve, mas mesmo assim ficou com medo de estar pesada para ele carregar. O percurso até onde a carruagem estava estacionada demorou cerca de 5 minutos após ela ser carregada, mas Mirabel sentia que  parecia que tinha parado no tempo. Focou no cheiro reconfortante da colônia dele e se permitiu parar de pensar na dor que estava sentindo ou na culpa e vergonha e mal percebeu quando chegaram até que Antony pegou seu corpo dos braços de Louis e a colocou dentro de carruagem. Sua tia subiu logo em seguida, colocando o tornozelo de Mirabel para cima em um assento vago da carruagem, Antony ficaria junto a Albert, para que ele não voltasse sozinho.

Antes de a carruagens dar a partida, Louis foi até a janela para falar com Mirabel, ela colocou a cabeça para fora da maneira como conseguiu com a perna esticada para cima e o tornozelo no outro assento.

- Descanse e coloque muito gelo. - Ele fez uma pausa como se não fosse falar mais nada, mas então voltou a falar. - Não se culpe pelo o que aconteceu, o presunçoso do Belford errou o passo e para disfarçar criou aquele movimento com a senhorita, por isso torceu seu tornozelo. - A voz dele começou a carregar um tom de raiva.

- Não se preocupe, não foi culpa de ninguém. - Mesmo que ela se culpasse em sua própria mente.

Louis abriu a boca para responder, mas preferiu deixar a dama ir embora.

- Irei visitá - lá, fique bem!

Então os cavalos começaram a se movimentar e o que Mirabel viu foi apenas um borrão do jovem de cabelos negros e pele morena.

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