Louis foi para casa encabulado com o que aconteceu no teatro. Ficou pensando nas possibilidades de porque a jovem no dia anterior havia conversado normalmente, até mesmo jogado xadrez contra ele e no dia seguinte ela tinha mudado completamente de personalidade.
Foram diversas as teorias " será que ela ouviu fofocas sobre mim?", " será que ela não gostou de eu ter a deixado ganhar a partida de xadrez?" " Talvez ela pensou que eu estava a diminuindo por deixar ele ganhar o jogo", " será que ela ainda estava com raiva por eu não ter ido visita- lá?"
Estava descendo de seu cavalo, indo comprar alguns mantimentos para a residência Hyde no centro de Londres quando uma conversa alheia lhe chamou atenção.
- Ficou sabendo da nova? - Perguntou um comerciante homem de idade avançada para outro. - Sabe aquela duquesa loira famosa?
- A Duquesa Bianca? - O outro homem também já de idade respondeu enquanto arrumava suas hortaliças na barraca de venda de feira. - Não não, Beatriz! Sei sim, o que é que tem?
O outro comerciante abaixou um pouco a voz e por isso Louis foi obrigado a se aproximar, fingindo que estava olhando as frutas na barraca do lado. Ele queria ver o que estavam falando de Mirabel, o nome da menina o deixava desperto.
- Disseram que no baile que teve recentemente que ela apresentou uma sobrinha misteriosa e que a menina é linda. - Louis sorriu, pelo menos não fofocavam mal dela como diziam coisas sobre ele. Ele já ouvira tanta coisa coisa a seu respeito que começava até a se admirar da criatividade das pessoas em falar dele. - Mas você não sabe a melhor parte.
O ouvido de Louis ficou ainda mais aguçado, agora ele estava olhando uma cesta de morangos com muito cuidado, cada vez mais próximas dos dois idosos fofoqueiros.
- O que? Diga tudo de uma vez homem, pare de enrolação. - Respondeu o amigo do comerciante.
Louis mal sabia mais se estava disfarçando que estava ouvindo a conversa, se sentiu um tolo, mas não podia deixar de ouvir o que falavam.
- Dizem que estão planejando de casar a garota com o filho do marquês Belford. Falaram que inclusive o jovem e a irmã foram visita - lá na residência Belmonte e parece que ela até dançou junto a ele no baile. - O homem que ouvia a fofoca colocou a mão na boca.
- Pense o quanto essa união fará bem as famílias! Os dois sobrenomes carregam fortunas, a menina estaria muito bem casada. - Comentou. - Além do mais, os filhos já saíriam sem nunca precisar trabalhar. - O homem olhou para suas próprias mercadorias com desgosto. - Quem dera se eu tivesse tido a oportunidade de casar com uma mulher rica como esses jovenszinhos tem.
O interesse de Louis foi embora, ele perdeu a vontade de ouvir a continuação daquela conversa. Perdeu na verdade até mesmo a vontade de comprar alguma coisa, voltou para seu cavalo e foi para casa. Após chegar na residência Hyde, se trancou no escritório e mexeu com cálculos e venda pelo restante da tarde e início de noite, os empregados já conheciam a personalidade do jovem mestre e sabiam que quando ele se trancava naquele escritório ninguém deveria entrar lá ou ouviria coisas que fariam ter se arrependido de ter arriscado abrir a porta.
Depois que a peça acabou, Mirabel procurou do lado de fora do teatro por algum rastro de Louis, mas ele já havia ido embora. A tia lhe apresentou às famílias amigas dela que estavam lá para assistir a peça, porém não havia jovens para com quem ela pudesse conversar, somente pessoas da idade de Beatriz, então logo Mirabel deu um jeito de ir se sentar em algum lugar e esperar a tia terminar de socializar.
Mary se sentou ao lado dela em um dos bancos de pedra que havia na região externa do teatro, Beatriz pareceu mal notar que estava sozinha no meio daquele bando de almofadinhas. Mirabel estava começando a ficar cansada de socializar, desde que teve que ignorar Louis de maneira nada sutil, perdeu a vontade de permanecer naquele lugar.
- Doeu? - Mary, que não conseguiu segurar a língua, perguntou.
- O que, Mary? - Mirabel não entendeu a pergunta de sua dama de companhia.
- Ignorá - lo. - Ela explicou.
Mirabel cruzou as mãos, segurando a pequena bolsa prata que carregava.
- Eu pensei que seria mais fácil, sinceramente. - Ela disse, por fim.
- Se me permite perguntar...porque está fazendo isso? Até ontem estavam conversando como dois pombinhos apaixonados.
Mirabel virou o rosto rapidamente para ela.
- Fale baixo, se minha tia ouve você falando isso ela me tranca dentro de casa e só me deixa sair quando Louis estiver casado e com 2 filhos. - Ela comentou, olhando ao redor para ver se Beatriz estava por perto, mas a duquesa permanecia na roda de conversa, alheia as duas. - Minha tia me pediu para me manter distante dele, então vou obedecer.
- Desculpe. - Mary colocou a mão na boca e enrubeceu. - Eu só pensei que a essa altura a sua tia já teria parado de implicar com o relacionamento de vocês dois. Acha que conseguirá manter essa distância?
- Eu preciso conseguir, Mary. - Então as duas não continuaram a falar sobre este assunto. Mirabel comentou sobre a peça e elas discutiram o que acharam dos atos assistidos e riram ao lembrar de Beatriz vermelha e com raiva de Louis no teatro.
Cerca de 10 minutos depois, sua tia chamou a carruagem para irem embora.
À noite, Mirabel estava deitada no divã já pronta para ir jantar, tentando continuar a escrever uma carta para o professor agradecendo por a ter ensinado a escrever e ler, entregaria para ler no dia seguinte, quando seria sua última aula com ele. Albert estava ao seu lado no outro sofá, lendo algum livro de Ficção científica, já estava vestido de roupa formal e carregava um broche do exército real no peito. Hoje era o dia de folga do primo, então ele também iria ao jantar na residência Belford.
Mirabel suspirou, foi levantada pelo primo e pelo seu tio, depois foi carregada por Antony até a carruagem. Ela só pensava em voltar logo para casa e ler o restante do livro infantil que havia começado. Seu primo também não parecia estar tão animado assim, já que entrou com o livro que estava lendo dentro da carruagem e permaneceu assim até chegarem a residência que iriam visitar.
Quando estavam já fora da carruagem, o tio de Mirabel lhe deu suporte para andar até onde as 5 pessoas da família Belford aguardavam. Uma mulher, um homem, James e Aurora e uma criança de aproximadamente 3 anos os aguardavam se aproximar.
- Vamos crianças, animem - se, está na hora de comer salmão grelhado e beber champanhe. - Brincou Antony, que recebeu um olhar rígido de Beatriz. Ele respondeu com um dar de ombros.
- Sejam bem - vindos a nossa casa. - Exclamou a mulher, também ruiva, indo em direção a Mirabel. A jovem sentiu um arrepio correndo por sua espinha, queria embora o mais rápido possível dali.
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Floresça
RomanceApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...