𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen

Prólogo.

Quando o segundo século da dinastia Targaryen começou, a Casa do Dragão enfrentou um novo desafio.

A Rainha Aemma Arryn morreu durante um parto, levando consigo o filho que o Rei Viserys tanto desejava como herdeiro. Sem um herdeiro homem, a sucessão ao Trono de Ferro se tornou uma questão urgente ━━ um turbilhão que assolou o reino.

Viserys era um rei pacífico e afável, conhecido por sua bondade. Mas a pressão para assegurar a sucessão crescia. O príncipe Daemon Targaryen, irmão do rei, foi considerado o sucessor imediato. No entanto, muitos temiam sua brutalidade e ambição. Entre esses, estava a Mão do Rei, que acreditava que Rhaenyra, filha primogênita de Viserys, deveria suceder o pai.

Nomear uma mulher para o Trono de Ferro quebrava séculos de tradição. Mas, cansado das ofensas de Daemon, Viserys finalmente tomou sua decisão. Após anos desejando um filho homem, ele percebeu que sua verdadeira herdeira já estava diante dele há muito tempo.

Então, assim como no Grande Conselho de 101 DC, centenas de lordes viajaram para Porto Real, onde diante de uma cerimônia grandiosa, o Rei Viserys proclamou:

━━ Eu, Viserys Targaryen, Primeiro de Meu Nome, por meio deste, nomeio Rhaenyra Targaryen como Princesa de Dragonstone e Herdeira do Trono de Ferro.

Os decretos e as tradições importavam menos para Viserys do que o destino. Ele sabia que o reino precisava de alguém que entendesse o verdadeiro fardo da coroa. Alguém capaz de herdar o sonho de Aegon, aquele que predizia o fim do mundo dos homens.

Pois um terrível inverno chegará, recaindo sobre o distante Norte. Chegará uma escuridão, um frio que destruirá o mundo dos vivos. E quando esse momento chegar, todos deverão se unir ━━ inimigos deverão se tornar aliados, pois essa é a única solução para conter a guerra mais mortal que o mundo já terá visto.

E se o mundo dos homens sobreviver, um Targaryen deverá estar sentado no Trono de Ferro, seja rei ou rainha, forte o suficiente para unir o reino contra o frio e a escuridão.

Então, Viserys decidiu que a mais qualificada para herdar esse fardo e governar o reino seria Rhaenyra Targaryen, minha mãe. Com isso, ela herdaria a Canção de Gelo e Fogo ━━ o legado de Aegon, o Conquistador.

Contudo, a escolha não trouxe a paz que Viserys esperava. O reino se dividiu. Os mesmos lordes que se ajoelharam e juraram lealdade a Rhaenyra começaram a se rebelar. E o caos crescia, invisível aos olhos do Pacífico Rei.

Mas não aos meus.

Meu nome é Astraea Velaryon, filha de uma rainha, neta de um rei e irmã de outro. Sempre a filha, sempre a neta, irmã... mas nunca a herdeira. Porque esse é o destino que me foi dado desde que vim a este mundo.

Não sei se aqueles sonhos que eu tinha, envoltos em chamas e sussurros, eram um presente dos Deuses ou uma maldição. Um fardo pesado sobre meus ombros. Mas eu via o que os outros não podiam ver. Eu via tudo.

Aegon, o Conquistador, também um sonhador, quando olhou além da Água Negra, previu o fim do mundo dos homens.

Daenys, a Sonhadora, previu a destruição de Valíria.

Mas o que eu vi... não foi isso. Não sei se sou uma Conquistadora ou uma Sonhadora. Mas o que eu vi não foi um terrível inverno recaindo sobre o Norte, nem uma grande escuridão viajando nos ventos.

O que eu vi... foi algo diferente. Claro como uma memória. Ou como um sonho. Uma previsão.

Todos os dragões rugindo como um só, voando para a guerra. Estraçalhando uns aos outros. Irmãos contra irmãos. O fim de um império tão glorioso quanto devastador. Toda a destruição causada apenas por suas próprias mãos.

Aquilo ia contra todas as leis da natureza. Até os deuses prenderam a respiração diante daquilo ━━ quando os Targaryen permitiram que se destruíssem.

Pois essa era a dura verdade ━━ a única coisa que poderia destruir a Casa do Dragão era ela mesma. Apenas o sangue do mesmo sangue poderia causar tal cataclismo.

Mas esse sangue também poderia salvar. Poderia mudar.

Dizem que os Targaryen são mais próximos dos Deuses do que dos homens. E, a cada vez que um deles nasce, esses Deuses jogam uma moeda para o alto e prendem a respiração, esperando para ver em qual lado ela cairá: loucura ou conquista.

Diziam também que eu havia nascido para um propósito maior. E que, em meio àquela violenta tempestade em que eu vim ao mundo, uma estrela vermelha brilhante confirmou isso. Mas eu... eu não sei.

Eu não sei de que lado minha moeda caiu, nem qual foi o meu verdadeiro propósito. Não sei o que significa o que eu fiz, ou o que isso me tornou ━━ se me transformou em uma louca, uma conquistadora, uma salvadora, um anjo, um demônio... ou uma deusa.

Porque o que eu fiz... enfureceu os próprios Deuses. Foi uma afronta às leis naturais da criação, uma quebra na ordem entre os mundos e realidades, entre o passado, o presente e o futuro.

Pois eu ultrapassei barreiras que jamais deveriam ser cruzadas.

Eu mudei... tudo.