Onde A Traição Reina - Capítulo 26

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Aemond viu o caos tomar conta do campo de batalha, viu a maré virando em questão de segundos, e tudo que estava ao alcance daquele fogo verde ser lançado pelos ares. E ainda assim, tudo que ele fez foi procurar e procurar o dragão bronze no céu e sua montadora.

Mas, em meio ao tumulto, um soldado aliado o sinalizou, apontando para o lado oposto do campo de batalha ━━ a única parte que a explosão não havia tocado, e então alívio inundou o seu peito... momentaneamente.

Momentaneamente, pois a gravidade da situação voltou a se instalar.

Astraea fora traída por alguém que outrora havia considerado uma amiga de infância, e essa mesma amiga havia condenado seus companheiros de escola ao abrir os portões para que o inimigo despejasse o inferno sobre a Fortaleza.

E então, sabendo que Astraea estava bem, Aemond não pensou em mais nada ou hesitou. Sem perder tempo, ordenou que Vhagar rumasse diretamente para o castelo.

Para onde as crianças deveriam estar em pânico absoluto. Aemond apenas esperava, com todas as suas forças, que elas ainda estivessem vivas. Sabia o quanto Astraea devia estar se culpando naquele momento, e ele faria o que fosse preciso para aliviar o peso dessa culpa de suas costas.

Mesmo que ela o odiasse.

Mesmo que, como ela havia dito na última conversa que tiveram antes da guerra, não se importasse se ele saísse vivo daquele campo de batalha.

Mas Aemond se importava. Se importava com ela. E se importava com tudo o que dizia respeito a ela.

Então, se a desgraçada que se dizia amiga de Astraea a traiu, Aemond iria direto para o covil do inimigo e se fosse preciso, até a mataria por sua princesa. Ou, ao menos, tentaria ganhar tempo para ela, mesmo que isso significasse ser morto no processo.

Vhagar soltou um rugido ensurdecedor, como se refletisse o turbilhão dentro de Aemond. O grande dragão mergulhou, suas garras afiadas prontas para rasgar o solo em frente à Fortaleza. Aemond avistou os soldados inimigos como vultos brancos nos corredores e pátios. Estavam em toda parte. Malditos.

━━ Desça, Vhagar!
━━ Aemond ordenou em valiriano, a voz firme no meio do caos.

Vhagar o fez, e o impacto de seu pouso fez as pedras estremecerem. Aemond desceu imediatamente, já com a espada em punho. Não havia tempo para hesitação ou contemplação. Apenas ódio desenfreado o movia, junto ao conhecimento do que estava em jogo. Ele se movia como um furacão empunhando uma lâmina.

Os primeiros soldados ━━ aqueles que provavelmente haviam presenciado a chegada de Vhagar e estavam de guarda no pátio avançaram rapidamente ━━ Mas Aemond foi ainda mais rápido. Sua espada cortou o primeiro com tanta força que a cabeça do homem rolou pelo chão, quicando grotescamente, enquanto o segundo foi cortado ao meio com um golpe preciso e brutal.

Não havia pausa, nem mesmo para respirar. Ele matava um e já estava avançando para o próximo. Flechas zumbiram em sua direção, uma após a outra, mas Aemond desviou com a agilidade de um predador, abatendo mais inimigos enquanto avançava. O pátio agora estava vazio de oponentes. Somente os corpos restavam.

O príncipe correu, subindo pelas escadarias da Fortaleza. Sangue e destroços estavam por toda parte. Quando alcançou o último degrau, ele se deteve brevemente, seu olhar subindo para a enorme janela que dava vista para Asshai adiante e o Mar.

O Mar...

O Mar de Jade, que sempre correu verde, tinha sua Baía tingida de vermelho. De sangue. E a batalha naval entre a frota inimiga e a Frota de Asshai estava em curso; os estrondos diziam o bastante a respeito da situação. O campo de batalha não devia estar muito melhor.

𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora