𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen

Calma Antes Da Tempestade - Capítulo 45

A luz suave do sol nascente começava a tocar o campo, afastando os últimos vestígios da escuridão que tinham abrigado a noite deles. Astraea despertou com o toque frio da manhã sobre sua pele, mas permaneceu imóvel.

Sentia o calor do corpo de Aemond ao lado, uma presença calma e firme que parecia quase improvável. O príncipe Targaryen, tão conhecido pela intensidade e austeridade, estava ali, dormindo ao seu lado, com os traços serenos.

Ela apoiou o rosto no braço e o observou.

Não conseguia evitar o pensamento de que, de alguma forma, tudo parecia surreal. Ele dormia com uma expressão quase infantil, distante do rosto severo que sempre mostrava ao mundo. Astraea deixou o olhar percorrer o perfil dele, observando os detalhes perfeitos: a cicatriz, a linha firme do maxilar, os fios prateados bagunçados.

Sentiu uma leve pontada no peito, algo que não sabia descrever, mas que tinha a ver com a noite anterior e com o que ele dissera.

Ele a amava.

As palavras ainda lhe soavam estranhas. Astraea sabia o que era o amor, crescera envolta nele, esbanjando e recebendo-o da mãe e da família. Mas Aemond… o ambiente em que ele crescera, com Alicent e até mesmo Viserys… sim, Viserys.

Ela adorava o avô, o amava de verdade, mas não deixava de reconhecer a negligência que ele dedicara a Aemond desde a infância, sendo um pai distante. Não apenas com Aemond, mas com todos os filhos de Alicent, fazendo-os crescer em um ambiente frio, sem o calor familiar.

E, mesmo assim, Aemond superara esses traumas, aprendera o que era o amor, e agora a amava. Astraea ainda não conseguia descrever o que sentiu ao ouvir aquelas palavras saindo da boca dele, e até agora não sabia definir. Porque ela o amava também ━ amava tanto que doía.

Por um momento, Astraea fechou os olhos, querendo prolongar aquela paz.

Mas, como uma onda inevitável, veio o pensamento incômodo, frio e duro.

Sabia que, em breve, teria que encarar a realidade, uma realidade que não daria escolha. Sabia que o mundo dos dois jamais aceitaria o que eles compartilhavam ali.

O calor que sentia ao lado dele começava a se misturar com um frio que vinha de dentro. Aquela era uma batalha que nenhum deles poderia vencer, uma guerra pior do que qualquer outra que já tinha imaginado. Não uma batalha de espadas ou dragões ━ mas uma guerra de consequências, de famílias. Uma guerra que exigiria sacrifícios para os quais ela não estava pronta.

Os rostos de sua mãe, de seus irmãos, de sua família surgiram em sua mente, cada um deles repleto de traição e até de ódio ao descobrirem a quem ela entregara o coração. E o corpo, e a alma. Com quem ela pretendia se casar.

Pelos Deuses, ela nem conseguia imaginar o que Daemon faria ou diria.

O que Jace e Luke diriam.

Mas, naquele instante, enquanto observava Aemond dormir, Astraea decidiu ignorar tudo isso. Apenas por um momento.

Sabia que era puro egoísmo, que o que fazia era se permitir um prazer que lhe custaria caro no futuro.

Mas, ainda assim, deixou-se ficar.

Em seu íntimo, sabia que logo teria que encarar o peso de sua decisão, mas afastou esse pensamento com firmeza.

Ali, sozinha com ele, no silêncio do campo ao amanhecer, Astraea queria apenas aproveitar a irrealidade do momento, como se o tempo pudesse congelar e ela pudesse guardar tudo em sua memória para sempre.

Era um desejo quase infantil, uma fantasia de que tudo poderia ser assim ━ sem cobranças, sem as correntes invisíveis que sempre os mantinham presos.

Permitiu-se, então, ser egoísta ━ e sorriu ao ver Aemond acordar, sorrindo de volta para ela.