O Legado Da Rainha Sombria - Capítulo 10

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Astraea dobrou cuidadosamente o último de seus vestidos e o guardou no armário, fechando as portas antes de se deixar cair na cama com um suspiro. Tinha finalmente terminado de organizar seus pertences nos novos aposentos em King's Landing, sua casa definitiva a partir de agora.

Na manhã seguinte, quando sua mãe acordou, Rhaenyra parecia ter a mente clara e um propósito definido. Compartilhou a decisão da mudança com Daemon e os outros filhos, determinada a seguir adiante. Astraea, observando de perto, soube que a confiança da mãe se devia, em grande parte, à conversa que tiveram na noite anterior. Sentiu um orgulho silencioso ao perceber que Rhaenyra confiava tanto em seu julgamento. A decisão de se estabelecer em King's Landing era a correta.

Agora, a jovem princesa encontrava-se imersa no silêncio reverente da vasta biblioteca da Fortaleza Vermelha, cercada por pilhas de livros que se erguiam como sentinelas ao seu redor. Sentada em uma mesa de madeira escura, Astraea deslizava seus dedos delicados pelas páginas envelhecidas de um tomo cuja capa, de um negro profundo, estava manchada com vestígios de vermelho desbotado e adornada com arabescos dourados quase apagados pelo tempo. Embora o livro estivesse em um estado lamentável, Astraea não se importava, pois sabia que seu conteúdo era valioso.

Pois mais cedo naquele dia, quando entrou na biblioteca, Astraea estava determinada a encontrar algo que se escondia além das prateleiras visíveis. Após horas de busca incansável, explorando seções reservadas e mais reservadas ainda, onde a poeira acumulada parecia não ter sido perturbada por séculos, ela descobriu uma passagem secreta, ocultada por uma estante de livros antigos. O caminho que se abriu à sua frente estava coberto de teias de aranha e uma camada espessa de poeira que se agitava sob seus passos, mas Astraea avançou sem hesitar.

Astraea avançou com um propósito firme, guiada por uma sensação inquietante, quase tangível, que parecia chamá-la das profundezas da biblioteca. Algo oculto, escondido entre as prateleiras empoeiradas e os volumes esquecidos, exigia sua atenção. Ela não pararia, não até desvelar o que quer que fosse essa presença que a puxava, como se a própria biblioteca estivesse conspirando para lhe revelar um segredo há muito perdido.

No final daquele caminho esquecido, ela encontrou uma sala oculta, onde repousavam livros tão antigos e raros que suas capas pareciam prestes a se desfazer ao menor toque. Dentre esses tesouros, um tomo em particular chamou sua atenção: um de capa grossa e escura, adornado com detalhes prateados quase invisíveis de tão apagados pelo tempo.

Com uma satisfação sombria e silenciosa, Astraea abriu a capa do livro com extremo cuidado, temendo que as páginas frágeis se desintegrassem ao menor toque. A primeira folha parecia estar vazia, um vazio inquietante que quase a fez desistir. Porém, ao abaixar o olhar, ela percebeu algo no canto inferior da página ━━ uma inscrição em tinta preta desgastada.

Foi esse livro, junto com outros, que Astraea levou para a mesa antes de se concentrar na análise da misteriosa inscrição. Além do estado desgastado dos livros, a Velaryon conseguiu discernir que o conteúdo neles inscrito pertencia à um tempo muito e muito distante. A caligrafia era notavelmente intricada, muito mais elaborada do que qualquer coisa que Astraea havia visto em Westeros nos tempos atuais. Era um estilo peculiar, quase arcaico, que a deixou intrigada. Mesmo que a inscrição fosse composta por apenas duas frases, ela estava tendo dificuldades em decifrá-la.

Com os dedos deslizando lentamente sobre as curvas e linhas intricadas da caligrafia, Astraea estreitou os olhos violetas, como se pudesse forçar os segredos daquela escrita antiga a se revelarem apenas com a intensidade de seu olhar. A frustração começava a se acumular, quase como uma dor de cabeça latente, à medida que ela lutava para decifrar o mistério.

━━ V... I... S...
━━ sussurrou, uma palavra começava a tomar forma em sua mente, ainda envolta em neblina.

Um sorriso pequeno já começou a brotar em seus lábios pelo progresso, mas a princesa ainda sentia algo estranho; não sabia bem o quê. Uma sensação muito estranha que rastejava por sua espinha. Havia algo mais ali, algo que ela ainda não conseguia identificar.

𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora