𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen

A Princesa E O Pastor - Capítulo 28

Aemond não sabia se aquilo o tornava um tolo ou um sábio, mas ele se atirou pela janela, lançando-se sobre a queda mortal de inúmeros metros abaixo. A sensação da descida o deixou tonto, com ar, rocha, vento e sangue se misturando em seu campo de visão...

Porém, ele não se chocou contra uma pedra ou o chão que certamente o mataria. Em vez disso, colidiu contra uma pele quente e revestida de escamas, soltando um grunhido quando a dor de seu ferimento ofuscou sua visão.

Vermithor.

Aemond não entendia como, mas o dragão o aceitou em seu dorso, mesmo que ele não fosse o seu montador. O normal teria sido jogá-lo para a morte certa abaixo. Mas Vermithor rugiu, como se ordenando ao príncipe que se ajustasse a ele, e então Aemond soube que aquilo era obra dela. Claro...

A essa altura, já não duvidava mais de nada do que Astraea era capaz.

E ajustando-se nas escamas de Vermithor, Aemond segurou-se com força, apesar da dor que parecia corroer seus ossos. Antes de partir, porém, ele ergueu o olhar. A Torre da Lua havia se tornado uma coluna de fogo vivo.

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As chamas lambiam as paredes de pedra, mas ainda não as consumiam. Era como se esperassem. Esperassem por uma palavra dela, um gesto, a ordem final para devorar tudo ao redor.

Astraea observava o Pastor, caído de bunda no chão, os olhos arregalados, enquanto seus lábios formigavam de pavor diante da visão da princesa. Os olhos violetas refletiam as chamas, angelicais em sua perversidade.

━━ É lindo, não é?
━━ perguntou Astraea, calmamente.
━━ O brilho das chamas iluminando a escuridão. As faíscas dançando no ar...

Ela avançou com passos lentos, quase delicados, em direção ao Pastor, que tentava se afastar sem sucesso.

━━ O Fogo tem um propósito, você sabia?
━━ continuou a princesa, inclinando levemente a cabeça enquanto o observava com uma curiosidade quase infantil.
━━ E ele espera. É paciente. Não destrói por destruir. Ele entende seu papel no grande esquema das coisas. É como uma conversa... você não acha?

O Pastor engasgou, suas mãos tremendo enquanto tentava se arrastar para longe, mas não havia para onde fugir. Astraea se agachou ao seu lado, os olhos fixos nos dele, como se estivesse genuinamente interessada no que ele teria a dizer.

━━ Você me lembra muito o fogo, na verdade.
━━ A voz dela era quase gentil.
━━ Tão cheio de poder, mas cego para sua própria fraqueza. Achava que controlava tudo, que estava no comando. Mas, como o fogo, você só obedece, não é? Está sempre esperando... esperando por alguém que realmente entenda o poder que carrega.

O Pastor gaguejava, mas ela não se apressou em interrompê-lo. Havia algo na sua serenidade que era mais aterrorizante do que qualquer grito ou ameaça poderia ser. Ela o encarava, como uma velha amiga, compreensiva e paciente.

━━ Não tenha pressa para responder.
━━ disse Astraea, com serenidade.
━━ Eu gosto de esperar. Gosto de ver o momento em que as pessoas percebem o quão pequenas realmente são.

━━ Por que não me mata logo de uma vez?
━━ perguntou o Pastor, a voz fria, mas trêmula.

Astraea inclinou a cabeça, franzindo o cenho como se ele tivesse acabado de dizer algo totalmente absurdo.

━━ Te matar?
━━ ela emitiu um estalo com a língua, um som quase de desaprovação.
━━ Não, não... primeiro, nós ainda vamos conversar muito, você e eu.