Astraea despertou lentamente, a luz dourada do amanhecer filtrando-se pelas cortinas como um toque suave. O calor envolvia a pele exposta dela, mas o que realmente a mantinha no lugar era o braço firme de Aemond ao redor de sua cintura. Ele a segurara a noite inteira, como se temesse que ela escapasse no silêncio do sono. Como se ela pudesse deixá-lo. De novo.
Mas ela ficou quieta, aproveitando o momento de estar desperta antes dele.
O calor de sua pele nua junto à dela, os cabelos prateados derramados sobre o travesseiro como luar líquido... Havia algo quase pacífico naquela imagem. Quase vulnerável.
A serenidade que ele só tinha quando dormia, distante da realidade brutal que os cercava.
E o tapa-olho, aquela lembrança do que ele perdera, só o tornava ainda mais fascinante aos olhos dela. Não era só sua beleza sombria, mas o contraste entre o homem e a fera, entre o guerreiro e o amante.
A pintura veio imediatamente em sua mente: Aemond, à mercê da suavidade do sono, banhado pelo manto dourado da manhã, livre da frieza e da escuridão que o consumia quando estava desperto.
Quem o visse agora não reconheceria o príncipe cruel, capaz de derramar sangue sem hesitar. Sangue de parentes.
Como o dela.
Astraea se distraíra tanto com seu tio que quase se esquecera das outras tormentas que assolavam sua vida, como as maquinações de Alicent contra ela. Não somente contra ela, mas contra seu próprio filho também. Graças a ela, ambos haviam crescido com cicatrizes profundas, acreditando que haviam sido causadas um pelo outro.
Mas acima de tudo, por mais vil que fosse, ela ainda era a mãe de Aemond. E isso o prendia a ela.
Astraea não podia ━━ e não se culpava por isso ━━ confiar inteiramente nele. Talvez nunca pudesse, na verdade. A lealdade dele, afinal, poderia sempre pender para o lado da mãe, mesmo que sua alma estivesse ligada a uma criatura tão desprezível. Esse era o destino dele, já escrito.
Aemond começou a se mexer, então Astraea soube que ele estava acordando.
Ela fechou os olhos, preferindo morrer a deixá-lo saber que havia acordado primeiro e o observado dormindo.
As mãos dele foram para os cabelos dela, seus dedos entrelaçando-se nos fios suavemente.
━━ Então ainda está aqui.
━━ murmurou ele, sua voz um sussurro rouco contra o topo de sua cabeça.Astraea soltou um riso abafado, sua voz um fio de malícia e doçura.
━━ Preferiria que eu tivesse fugido?As mãos de Aemond desceram pelas costas dela quase que instintivamente, os movimentos automáticos e possessivos naturalmente.
━━ Eu gostaria de tê-la visto tentar.
Astraea virou o corpo, finalmente encarando-o.
━━ Teria feito o que? Me amarrado? Que feio, príncipe.
━━ Não tinha pensado nisso, mas obrigado pela idéia.
━━ Um sorriso perverso curvou os lábios de Aemond enquanto ele a estudava mais de perto.
━━ E então?Ela sabia o que essa pergunta implicava. Como ela estava se sentindo. O que tinha sentido, pensado, sobre a noite anterior.
Havia sentido todas as sensações possíveis e impossíveis que alguém poderia sentir. Incendiou-se a cada toque do príncipe, tornando-se uma labareda viva a cada olhar trocado. O fogo dentro dela só cresceu quando seus fôlegos se sincronizaram, e ele abordou a mão inquieta dela, pousada na cama, cobrindo-a com a sua e apertando o lençol com força. Astraea havia subido para os Sete Céus e descido para os Sete Infernos em segundos.
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𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen
ФэнтезиUm Targaryen sozinho no mundo é uma coisa terrível, de fato, mas o que dizer de um Targaryen sem um dragão? Uma verdadeira anomalia. Astraea Velaryon carregava esse estigma. Filha de Rhaenyra Targaryen, herdeira do Trono de Ferro, e também com o san...