Visenya II Targaryen - Capitulo 48

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Os gritos de Rhaenyra foram a primeira coisa que Astraea ouviu ao entrar no aposento, ecoando nas paredes de pedra e por toda a Fortaleza. Ela sentiu o próprio coração acelerar e, com a voz embargada, murmurou o nome que procurava.

━━ Elinda...

A aia estava ao lado de Rhaenyra, segurando firme nos braços da princesa, o rosto tão pálido quanto o linho dos lençóis. Quando seus olhares se encontraram, a expressão de Elinda só confirmou o que Astraea temia.

━━ A gestação está mesmo no fim...
━━ Elinda começou, com a voz trêmula, mas tentando soar firme.
━━ E o tempo do parto chegou, sim. Mas o sangramento começou horas atrás... e a quantidade... não é normal.

As palavras atingiram Astraea, pesadas como pedras. Ela observou Rhaenyra, que se contorcia na cama, o rosto marcado por uma dor excruciante, o suor escorrendo por suas têmporas. A respiração de Astraea ficou presa na garganta; nunca a vira tão vulnerável, tão à mercê da própria carne.

Tanto sangue, por toda a cama, manchando as coxas abertas de Rhaenyra. Nada de bebê, e o rosto de sua mãe... Estava pálido como a morte. Os olhos dela estavam fechados e a respiração estava breve.

A parteira, Amelie, ajoelhada entre as pernas de Rhaenyra com as mãos ensanguentadas até os cotovelos, murmurou, sem ousar erguer o olhar:

━━ Tentei virar o bebê, mas ele se recusa a se mover... está deitado de lado, não quer descer.

Astraea passou as mãos frias pelo rosto, tentando afastar o medo enquanto se aproximava da cama onde sua mãe se contorcia.

━━ Ela está perdendo muito sangue, e o bebê… o bebê está com febre.
━━ Amelie anunciou, a voz baixa, mas carregada de urgência.

Astraea tentou manter a calma, mas sentiu o tremor tomando conta dela quando Rhaenyra soltou um grito, um som rasgado de pura dor que ecoou pelo quarto e atravessou o coração da filha. Ela engoliu em seco, as mãos apertando involuntariamente ao lado do corpo, como se pudesse segurar o medo que ameaçava transbordar.

Astraea se virou rapidamente para o Meistre, do outro lado da cama, sua voz escapando em um tom ríspido, carregado de desespero.

━━ Faça alguma coisa!

O Meistre engoliu em seco, tentando manter a calma, mas o próprio rosto denunciava a tensão que lhe pesava.

━━ Já demos todo o leite de papoula possível sem comprometer a vida do bebê, princesa. E todas as tentativas de virá-lo... fracassaram.
━━ ele respondeu, tentando ser firme, embora uma sombra de impotência passasse em seus olhos.
━━ Sua mãe é forte e está lutando como um dragão, mas... talvez não seja o suficiente.

Outro grito estridente escapou de Rhaenyra. A dor era mais intensa do que qualquer uma que ela já sentira nos partos anteriores. Cada contração parecia roubar o ar dos pulmões, o som da própria voz arranhando sua garganta.  Sentia que logo desmaiaria, ou talvez algo pior.

Antes que Astraea pudesse processar tudo, a porta se abriu com um estrondo. Daemon entrou como um furacão, seguido de Jace, Luke e o Rei Viserys. O Rei não hesitou; caiu de joelhos ao lado da cama, tomando a mão da filha. Ele sentiu a pele dela fria, um contraste assustador com o suor que escorria por seu rosto pálido e tenso.

Viserys apertou a mão de Rhaenyra com  força, como se tentasse acalmar a filha ao mesmo que desejava tomar aquela dor para si.

O marido da princesa caminhou até a cama, mas foi interrompido pelo Meistre, que se colocou em seu caminho, sinalizando para que o seguisse até um canto afastado do quarto. Outro grito rasgou o silêncio, vindo de Rhaenyra, e Daemon quase não conseguiu desviar a atenção dela para o Meistre, cujo olhar estava pesado e sério.

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