A Rocha, A Tempestade E O Fogo - Capítulo 25

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Não houve hesitação.

Os gritos começaram, e a única palavra capaz de descrever o momento seguinte era banquete. As criaturas se banquetearam com os soldados do exército inimigo.

A infantaria não ficou para trás. Logo, os Anciões entraram em ação, e Saphira, em sua forma lupina, as enormes criaturas de sombras comandadas pelo Ancião Eirikh, e Alysanne liderando os arqueiros. No céu, Astraea e Vermithor liberavam fogo sobre a terra. O caos era absoluto.

Um grito ecoou pelas fileiras dos soldados. A princesa! A princesa veio!

Astraea sorriu ao observar o pandemônio que se instalara.

O modo como a maré de fogo rasgava a escuridão da noite, os gritos de terror e pavor dos inimigos que, quando não eram dilacerados pelas criaturas de Stygai, ardiam nas chamas de Vermithor. Era uma sinfonia macabra e ela se deleitava com cada nota.

Ela nascera para aquilo, percebeu... para estar ali, entre o fogo, o sangue, a terra e o caos.

━━ A princesa!
━━ gritavam os homens.
━━ Pela princesa!

Mas enquanto seus soldados se lançavam ao combate e matavam por ela, a mente de Astraea vagou para longe, para uma figura de cabelos escuros encaracolados ━━ os mesmos que ela herdara ━━ e aqueles olhos destemidos, um retrato que ela pintava constantemente, na mente e em quadros, para jamais esquecer.

Um homem forte, um guerreiro, comandante de tropas, um verdadeiro Senhor do Derramamento de Sangue. Um Quebra-Ossos.

O único responsável por tudo o que ela havia se tornado, o único responsável por ela saber empunhar uma espada desde criança.

Seu pai.

Era seu pai, e ela não sentia vergonha alguma em admitir isso para si mesma. Sentia apenas orgulho.

Você tem uma mente brilhante, um coração ardente e aventureiro, e aprende rápido, Astraea. Isso lhe fará uma guerreira formidável. Uma princesa guerreira montadora de dragão. Nunca permita que ninguém apague essa chama dentro de você.

E Astraea nunca permitiu.

Mesmo quando, no início, duvidava de sua própria capacidade, Harwin fora severo. Repreendeu-a sem piedade, mas sempre lhe mostrou que era capaz. Sempre.

Pelos Deuses... ela era, de fato, a criança mais insegura que existia, convencida de que nunca teria um dragão. Lembrava-se claramente do dia em que dissera isso a ele.

Mas você terá. Um dia, você terá um dragão, Astraea. Um que será o seu igual em todos os sentidos, um dragão que irá reconhecer a sua bravura e por isso irá te escolher.

Um arrepio percorreu sua espinha, e Astraea se agarrou com firmeza à sela de Vermithor.

Vermithor... Ali estava ele, seu igual. Aquele que a escolhera, mesmo quando a viu em um estado caótico, coberta pelo sangue de um homem que acabara de matar. Talvez tivesse apreciado aquela brutalidade, ou reconhecido a insanidade que corria em suas veias.

Mas ele a escolhera, e isso era tudo o que importava.

Astraea estremeceu. Quase todas as palavras de seu pai estavam se cumprindo, como pequenas linhas entrelaçadas que, ao longo do tempo, formavam uma tapeçaria intrincada.

Tudo fazia parte de um plano maior. Tudo se encaixava.

A cabeça enorme de Vermithor se virou ligeiramente, e seus olhos dourados destemidos encontraram os olhos violeta de Astraea. Ela sorriu para ele, e pôde jurar que o dragão retribiu o gesto.

𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora