Astraea deslizou sorrateiramente pelas passagens até chegar ao quarto de Aemond. Ao entrar, seus olhos o procuraram instintivamente, mas o espaço estava vazio.
Permitiu-se, então, examinar o lugar, absorvendo cada detalhe em silêncio. O ambiente carregava uma estética escura, quase sombria ━━ do tipo que ela mesma apreciava; por isso deixou-se pensar que ele tinha bom gosto.
Móveis escuros contrastavam com a luz dourada das tochas que iluminavam quase todo o quarto. Nas paredes, algumas pinturas bonitas, mas que ela facilmente trocaria pelas suas próprias criações, caso um dia voltasse a pintar. E mapas, muitos mapas, espalhados como os que ela mesma costumava pendurar, não apenas por utilidade, mas pela estética que sempre apreciou.
Passou os dedos por uma prateleira de livros, surpresa ao encontrá-los ali. Lembrou-se de como, na infância, havia incentivado ━ ou praticamente forçado ━ Aemond a ler com ela. Nunca imaginou que ele manteria o hábito depois que crescesse, mas ali estavam... muitos livros.
Estava tão surpresa que, quando um som surgiu, não muito longe dali, ela deu um leve pulo, sobressaltada. Não era um som humano; parecia mais... um grasnido.
Guiada pelo som, Astraea se aproximou de uma área mais escondida do quarto. Debaixo de uma mesa, encontrou uma gaiola espaçosa. Lá dentro, um par de olhos negros e profundos a encarava. O corvo adulto, pousado com uma calma misteriosa, tinha espaço suficiente para se mover livremente, embora permanecesse imóvel, apenas observando-a em silêncio, como se a analisasse.
Pelo porte dele... sim, já era adulto. O pelo ainda era de um ônix profundo, com reflexos azulados. Mas então Astraea fitou aqueles olhos intensos, exóticos. Um par de olhos que a fizeram congelar.
O direito, marcado por uma cicatriz profunda.
E foi aí que, de repente, ela lembrou.
━━ Deve ter sido engraçado para eles.
━━ Foi apenas o que Aemond disse, irônico.A essa altura, a distração causada por Aemond permitiu que Astraea começasse a respirar mais calmamente. Ela desviou o olhar do céu, percebendo que o entardecer se aproximava, e voltou-se para o tio.
━━ Não foi para mim. Peço desculpas por Jace e Luke.
━━ ela disse com um sorriso triste.━━ Peço desculpas por Aegon.
━━ disse ele, surpreendendo tanto Astraea que Aemond sorriu minimamente ao perceber sua expressão.
━━ Você... Sei que não foi por mim o que fez, mas foi muito. Obrigado.━━ Não seja bobo.
━━ Astraea revirou os olhos, o que poderia ser considerado gracioso e engraçado ao mesmo tempo.
━━ Foi por nós dois, tio.Aemond ficou surpreso, um silêncio se prolongou por vários segundos, rompido apenas por um leve barulho que veio entre a grama onde estavam sentados. Um corvo pousou bem no meio deles. Quando o pássaro grasnou, Aemond deu um pulo, arrancando uma risada de Astraea. Logo se tornou uma gargalhada.
Aemond se assustou com o pássaro e o pássaro se assustou com Aemond. Astraea pensou que o corvo voaria, mas ele apenas deu um pequeno pulo e se afastou alguns centímetros dos dois antes de retornar. Seus olhos negros piscaram curiosamente enquanto avaliava os dois.
Pelo tamanho do corvo, Astraea presumiu que era ainda criança, quase como ela e Aemond. Ele era lindo, movendo-se com uma graça calma, o pelo negro tão denso e brilhante que, mesmo sob a luz dourada do sol, reluzia em tons de azul. A cicatriz que marcava seu olho direito, com um corte profundo, dava-lhe um ar intrigante, como se tivesse enfrentado algo feroz e saído dali com essa marca que só o tornava mais imponente e belo.
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𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗘𝗠𝗕𝗘𝗥 ☄Aemond Targaryen
FantasyUm Targaryen sozinho no mundo é uma coisa terrível, de fato, mas o que dizer de um Targaryen sem um dragão? Uma verdadeira anomalia. Astraea Velaryon carregava esse estigma. Filha de Rhaenyra Targaryen, herdeira do Trono de Ferro, e também com o san...