Apesar de ter nível universitário, Jason, de vinte e três anos largou tudo na Louisiana, deu a volta para o Oriente com sua namorada Ayumi e foi trabalhar como operário numa fábrica de robôs movidos a energia solar, em uma cidade perto de Tóquio. Por dominar bem o japonês, pelo fato do mesmo ser um "otaku" de carteirinha, logo o nomearam líder e intérprete de uma linha de produção, composta por espanhóis, peruanos, estadunidenses e até alguns japoneses.
Para o jovem, tudo era novidade. Outro país, outra cultura. Para eles, um país formado por várias ilhas, composto por pessoas de uma raça só e pouco aberto ao mundo, os estrangeiros eram novidade. Os japoneses chamavam Jason e os demais de ¨dekasseguis¨, que quer dizer literalmente, ¨os que saíram (de sua terra natal) para faturar dinheiro¨ no Japão.
O trabalho era totalmente braçal. Jason e os demais pareciam máquinas de encaixar peças e parafusar. Mas tudo era sem questão de dúvidas, muito organizado e limpo, pois eles eram focados em eficiência total. Por ser líder da linha, o serviço de Jason era de ¨kensa¨, que quer dizer checagem. O controle de qualidade é extremamente rígido. Para vinte robôs que produziam, quatro funcionários ficavam só testando, para ver se não havia defeitos.
Os momentos de lazer era no ¨kyukei¨, descanso de dez minutos a cada duas horas e no almoço de uma hora no refeitório. No começo eram japoneses de um lado e estrangeiros do outro. A primeira a quebrar o gelo e puxar assunto com Jason, foi Nara-sam, uma japonesa que trabalhava na mesma seção que o jovem.
Ela tinha entre quarenta a cinquenta anos. Magra, um metro e sessenta de altura, seios pequenos, pouca bunda e sem cintura fina, típico corpo oriental. Cabelos longos e lisos, sempre presos por maria-chiquinhas um tanto infantis (era norma da fábrica), pele clara, lisa como porcelana e um rostinho de boneca, linda com a boca fechada. Sim, quando falava, aparecia os dentes grandes e encavalados.
No Japão, existem três tipos de trabalhadores. Os ¨shain¨ são funcionários de carreira, normais e registrados. Existem os temporários, que são contratados por tempo determinado ou terceirizados através de empreiteiras, que era o caso dos estrangeiros. E os ¨Patto¨ (do inglês part time), que trabalham algumas horas por dia, sem vínculo.
Nara era ¨patto¨ e líder daquela turma. Geralmente são senhoras casadas que dispondo de algum tempo, trabalham por hora, para reforçar o orçamento doméstico. Por ser mais bonita que as demais, era bastante popular entre os homens.
Os japoneses falavam coisas picantes, com sentido duplo, quase uma cantada. Muitos passavam a mão na bunda dela, o que nos EUA seria motivo para processo de abuso sexual. Na cultura japonesa, Nara recebia aquilo como um elogio. Era o reconhecimento de ser uma mulher gostosa e desejada.
Com Jason e os colegas estrangeiros dele, ela dizia muita besteira. Perguntava se os negros da Louisiana tinham ¨tin-tin ôkíi¨ (pinto grande). No começo Jason estranhou e achava ela uma coroa vadia. Com o tempo, o jovem entendeu o espírito da coisa: por ser uma sociedade esmagadoramente budista, religião onde tudo é normal e nada proibido, eles encaram o sexo com uma naturalidade chocante para as pessoas de formação judaico-cristã.
Jason traduzia as brincadeiras de Nara, do japonês para o inglês e vice-versa. A turma dele na fábrica apelidou a mulher de ¨MILF¨, mais pelas besteiras e menos pelos dentes. Um dia ela perguntou a Jason o que significava ¨MILF¨. Constrangido, o jovem explicou que era uma mãe que todo mundo tinha vontade de transar. E que no Japão era chamado de Shotacon.
Chegou o final do ano. As empresas no Japão comemoram o ¨bonnenkai¨ (festa do ano que termina) e depois o ¨shinnenkai¨ (festa do novo ano que começa). Na festa do ¨bonnenkai¨, Nara fazia jus ao apelido. Bebeu todas, falou um monte de besteiras, foi apalpada e apalpou todos os homens. Chegou até a subir na mesa (mesa baixa, pois, todos estavam sentados no chão) e ensaiou um striptease, ficando só de calcinha e sutiã. Jason, sério, na dele, com a namorada Ayumi do lado. Na cabeça dele existia apenas um pensamento fixo: "preciso comer essa MILF japonesa!".
VOCÊ ESTÁ LENDO
ENQUANTO O DIA NÃO VEM - contos eróticos noite adentro.
ЧиклитUma poltrona fria, um copo de uísque, um caderno, uma caneta, o som da vida noturna e, junto com ele, as lembranças de vários amores passageiros e lascivos, as saudades das aventuras que surgem assim que os vampiros saem de seus caixões, junto com a...