XIV - Intimidade

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Quando os primeiros raios de sol despontam dentro do quarto, Amaury acordou. Conseguiu sair da conchinha com Diego sem que ele acordasse. Se levantou, buscou seu celular e viu que passava um pouco das 6h da manhã. Ele não podia chegar atrasado no trabalho naquele dia, tinha uma reunião importante que seria comandada por ele.

Se vestiu, pegou aquele bloquinho da geladeira de Diego para escrever um bilhete. Cobriu o ruivo, deixou um beijo em sua têmpora e o recado no papel sob a mesa de cabeceira.

Não queria ir assim, não quis te acordar, então não me restou outra alternativa.

Diego despertou e mesmo antes de abrir os olhos tateou a cama em busca de Amaury e não o encostou, foi então que abriu os olhos e viu que ele realmente não estava mais ali, ficou um pouco decepcionado, no entanto, encontrou o recado.

Bom dia meu bem,

Desculpe sair assim. Eu tenho uma reunião importante hoje e não poderia me atrasar. Não quis te acordar, você dorme tão lindo.

"Espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, pra que eu possa te ver de novo..."

Um cheiro.
Amaury

Diego deu um sorriso bobo quando leu. A noite tinha sido especial. Ele não pensava que fosse rolar algo, embora quisesse muito. Teve tanto sentimento naquela transa que ele ainda não havia experienciado nem mesmo com o seu maior dos amores até ali. Estava feliz, mas se sentia um pouco acuado com aquele sentimento novo.

Embora detestasse, ele sabia que precisa conversar com alguém sobre o que estava sentindo. Contava tudo à sua mãe, mas era cedo demais para isso, teria que aguentar a zoeira do seu amigo irmão Bruno, que lhe tiraria o juízo com brincadeiras idiotas nível quinta série.

[Diego]: amg posso passar na sua casa hj qndo sair do ensaio?
[Bruno]: pode gay, estarei em casa. Traz pizza!!!

Essa coisa de levar comida sempre que se encontravam na casa um do outro virou meio que um ritual entre eles. Bruno era como se fosse um irmão mais velho para Diego. A diferença de idade entre eles era apenas de quatro anos e muitas pessoas chegavam a confundi-los. Suas semelhanças eram apenas sem brancos, padrões e gays.

Eles implicavam-se como irmãos, porém sempre que precisavam estavam ali um para o outro sempre e sempre.

Diego chegou na casa de Bruno carregando uma caixa com uma pizza GG e uma coca gelada.

— Então amigo, o que você quer me contar? — Tentou poupar o tempo do amigo evitando enrolação.

Bruno sabia que Diego sempre fora muito honesto e direito, mas quando estava com muitas dúvidas tentava fugir ou esconder o que sentia até ter uma mínima certeza.

— Como você sabe que eu tenho algo para contar?

— Eu te conheço e você sabe, não adianta querer me enganar. Vai, fala! Eu tô aqui e não vou te julgar. Bom, talvez eu julgue um pouco, porém não importa. Desembucha vai!

Diego ficou em silêncio alguns segundos tentando organizar suas ideias e escolhendo bem as palavras para poder externalizar emoções que nem ele sabia muito bem quais eram.

Começou falando tudo do início das interações, todas as mensagens, todos os beijos, a noite no show e a última noite em sua casa. Até então seu amigo só sabia de poucos detalhes.

Contou que quando estava com Amaury ele sentia uma energia diferente percorrer o seu corpo, que tudo ao redor simplesmente parecia não existir, que sentia uma necessidade de estar cada vez mais perto o tocando de alguma maneira, que estava começando a sentir saudade e inclusive estava sentindo falta de saber sobre ele mesmo sabendo que estavam juntos até aquela manhã.

Um Plano Inesperado | Dimaury Onde histórias criam vida. Descubra agora