— O quê? — Evie respondeu, imóvel o suficiente para não se afastar do abraço, mas ao mesmo tempo não retribui-lo. — Ben... Como assim? Do que você está falando? — sua voz tinha um tom de espanto bem notável.
— Eu estava enfeitiçado... — Ele disse, afastando-se um pouco da garota, apenas o suficiente para conseguir olhá-la nos olhos, agora com as duas mãos apoiadas em seus ombros. — Esse tempo todo, eu estava tão confuso, mas agora tudo faz sentido. — ele penteou sua franja para trás com os dedos, como se tirar o cabelo da frente dos olhos o ajudasse a colocar os pensamentos em ordem.
— Espera... — a garota congelou mais quando viu as pupilas do jovem em sua frente e percebeu que aquele brilho castanho tão familiar havia voltado completamente. — Então… você não está mais apaixonado por... — ela não tinha coragem de terminar a pergunta.
— Eu nunca estive. — ele a respondeu antecipadamente, com a voz séria, certeira, e cheia de peso. — A Mal me enfeitiçou, entende?Evie apenas acenou com a cabeça, ainda com uma expressão de espanto em seu rosto. Sua visão viajou lentamente para baixo, analisando o tecido azul de sua roupa, enquanto ela apertava o mesmo, à procura de um amparo tranquilizante diante daquela situação tão tensa. Muitas perguntas se passavam por sua mente.
— P-por que você acha que foi ela? — a garota questionou quando finalmente encontrou algo a dizer.
— A água do lago é encantada, lembra? Ela limpou a magia que tinha em mim, e... Agora que minhas memórias estão voltando, eu tenho certeza que não estava agindo por conta própria desde que comi aquele cookie que a Mal me deu.
— Mas... E agora, o que você vai fazer?
— Eu vou ter que contar para a fada madrinha sobre tudo isso. — ele respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos. — E enfrentar as consequências. — a última parte escapou de seus lábios sem planejamento, como se ele estivesse conversando consigo mesmo por alguns segundos.
— Consequências? Tipo, punições? — o estado de negação e desespero da garota azulada conseguia fazer com que as perguntas mais bobas saíssem de sua boca, apenas na inútil esperança de que suas deduções estivessem erradas. — Vocês vão punir a Mal por isso?
— Sim. — ele respondeu automaticamente, mais uma vez sem pensar em suas palavras, mas notou que sua sinceridade poderia ser um pouco alarmante demais para a garota, então, quando encontrou seu olhar assustado, ele mudou seu tom, só pensando em tranquiliza-la. — Quer dizer, se foi realmente a Mal quem me enfeitiçou, é claro.
— Mas ela não merece isso, eu juro para você, ela não tinha más intenções. — Grimhilde tentou explicar quando sua aflição começou a se intensificar. Ela não se preocupava se aquilo não era real, se pareciam palavras muito repentinas ou se sem querer poderia ter acabado de entregar que sabia sobre o feitiço, sua única vontade era proteger sua amiga.
— Não existe magia verde sem más intenções, Evie. — por mais que ele desejasse continuar sendo calmo e compreensível, ao ouvir aquelas palavras o garoto sentiu um gosto amargo em sua boca, experimentando um sentimento de injustiça por alguém estar defendendo algo que havia lhe feito tanto mal. — Você leu sobre isso, deveria saber. — aquela foi uma das primeiras vezes em que Evie ouvir a voz de Ben ter um tom mais severo, talvez até um pouco acusador se comparado com seu tom anterior.
— Mas e se a intenção tiver um fundo de bondade? Isso não faria ela não ser completamente má? — Ela voltou a olhar fixamente nos olhos do garoto, sem desviar para os lados, e quase sem piscar, focada apenas em achar qualquer tipo de aprovação de sua parte.
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Desde o Primeiro Dia
RomansO que difere o certo do errado? Quando Eva Grimhilde, mais conhecida como Evie, a filha da rainha má, recebe um convite para sair da ilha dos perdidos e ir estudar em Auradon, Malévola da a ela e a seus amigos a ordem de roubar a varinha da fada mad...