Capítulo 2

32 8 27
                                    


Allana Vásquez

Com a minha decisão tomada, foram ajustados alguns detalhes da viagem. Melissa e Julie escolheram Saquarema, Alisson depois de descobrir ficou desesperado: Campeonato de Surf. Nós decidimos ficar por um mês parte de dezembro e janeiro, passaríamos o Natal e Ano Novo longe. Meus filhos estranharam o pai não ir. Eu inventei uma viagem de negócios. A menina aceitou rapidamente. O garoto, percebi, que não engoliu a desculpa. Ele era sensível e maduro para a idade.

Eles estavam acostumados com as viagens do pai.

Falando no demônio, tive que ir ao escritório da loja do João, estava com um ódio desse homem que deixei que se transformasse em meu marido. Ele me encarava com o olhar superior, retribuía o olhar.

- Eu e as crianças vamos viajar!-Soltei de uma vez só.

Quando me preparava para sair, escutei a voz que me causava ânsia.

- Não se pede mais permissão?

Eu virei o corpo, encarando o semblante fechado.

- Nunca pedi! Não vai ser agora. Eu espero que você não se intrometa nas minhas decisões, ou paro de adiar o divórcio e acabo com sua imagem e chance de concorrer às eleições.

O sorrisinho do homem sumiu, ao mesmo tempo que o meu ganhou forma. João Carlos é adepto do lema: "Deus, pátria, família e liberdade.", é vereador do estado do Rio de Janeiro e ano que vem quer concorrer ao cargo de deputado estadual.

Eu saí dali com sentimento de vitória, ao acabar com a marra do babaca.

No dia da viagem, dia cinco de dezembro, preparamos tudo e às cinco horas da manhã, estávamos eu, assumindo o volante; Mel no assento do carona e Julie e Ally adormecidos na parte de trás do veículo, saímos de Botafogo O meu digníssimo marido não teve a decência de despedir dos filhos.

Com Martín, aprendi a gostar da cultura latina: novelas, músicas e danças. Eu sabia de cor as canções de Rbd; Camila; Maná; Luís Fonsi; Lu. Na época baixamos na Internet as novelas Rebelde, A Usurpadora, Trilogia das Marias. Porém, minha mãe me manipulava, dizendo que era de traição, guarda este tipo de recordação.

Essa viagem está me fazendo libertar de amarras, meu primeiro ato foi colocar minhas músicas preferidas. Melissa que conhece o contexto, sorriu cínica, eu enxergava como incentivo, quem dizia que estava no caminho certo. Os meus filhos sorriram, ao descobrir algo diferente sobre mim.

Para ter uma viagem tranquila, pedimos ao dois não anunciar o destino a João, pois não queria que a avó deles soubesse. As crianças não são fãs da pessoa em questão, aceitaram de boa.

Quase duas horas, chegamos a Saquarema. Na parte badalada da cidade, passamos em frente a um bar temático mexicano "Acapulco: bar y musica". O estabelecimento me chamou a atenção, convidei meus companheiros de viagem, a minha melhor amiga gargalhou tirando sarro da minha cara.

Eu e Melissa alugamos uma casa tradicional em um condomínio, o fundo dela é uma praia privativa. O lugar é de decoração rústica, amadeirado e vidraças.

As crianças adoram, os olhinhos brilhando.

Na casa de três quartos, eu e Mel vamos dividir um, e meus filhos cada um com os outros que sobraram. Enquanto conhecíamos os cômodos restantes, a duplinha foi para o fundo da casa.

As casas não tinham muros e grades dividindo. Eu escutei vozes altas, gargalhadas. "¡No te rías de mí, pequeña!" A voz masculina me lembrava dele. Não era possível, devia ser uma alucinação da minha mente afetada. Melissa me encarou com o cenho franzido em dúvida. E juntas caminhamos em direção onde as crianças estavam.

Sentimentos CompartilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora