Capítulo 11 Parte 2

11 3 5
                                    


Allana Vásquez

Esta fase que estou vivendo com o Martín é de reconhecimento e aprendizado.

Os meus filhos estão se apresentando para mim. E adoro conhecer cada partezinha. Eles são bem interesseiros, o latino está ficando mais pobre, tentei repreender os dois, mas o trio tem o artista nas mãos.

No dia da estreia do filme de herói, eles estavam ansiosos.

Já estávamos no shopping da região, as crianças pegaram o cartão de débito dele, quieta observei a interação do quarteto e como os mais novos respeitavam quando o adulto falava com seriedade.

Enquanto as crianças foram para a parte de jogos, Martín e eu ficamos no restaurante, me servi de vinho e ele de refrigerante.

A conclusão que cheguei é que preciso de forma urgente resolver minha situação amorosa. Olhando os casais ao redor, o modo que ficavam e não podíamos ser assim, mas o pior foi mais uma mulher se aproximar e o guitarrista nos apresentar como amigos.

- Amiga, mi amor?-perguntei com a voz venenosa.

Ele me encarou com a feição confusa e com certeza devolvi o olhar, a sobrancelha arqueada, porém o homem à minha frente suspirou fundo.

- Que gesto sensual, cariño!- A minha reação uma risada cínica, não esperava a dele ser assim.- Infelizmente você é minha amiga, teus filhos estão aí...

O bico insatisfeito surgiu, mesmo não querendo concordo, para a sociedade sou a amiga da época da faculdade.

Observei calada, cada passo que seguia: Martín olhou ao redor, focou o olhar na minha mão sobre a mesa, levou a própria entrelaçando nossos dedos.

- Mesmo eu querendo contratar a Juliette e assumir nossa relação para o mundo usando as redes sociais dela, temos que ter prudência com a situação.

O assunto é sério, mas de quem este homem está falando.

- Juli quem?

- Não acredito que não conheça a mulher que ganhou o Big Brother? -O artista perguntou indignado.

- Eu que não acredito que assiste reality show?

- É um ótimo entretenimento e alienação.-disse dando de ombros.

- Sem tempo para entretenimento, senhor Arango!

- Nós temos que mudar isso, senhorita workaholic, futura senhora Arango!

Meu coração emocionado errou as batidas. Entreolhamos sorrindo.

- Para, cariño!-sussurrei constrangida.

- Já que tem preconceito contra realitys, posso procurar a Anitta. Eu e ela fazemos um dueto lindo e após declarar meus sentimentos por ti. Hã? O que acha? Só estou torcendo para que seja eu a tua escolha.

- Amo-te, cariño!

- Amo-te!

O nosso trio voltou eufórico, contando sobre as brincadeiras e jogos. É lindo a nossa união.

Se visse de fora acharia que é a família mais linda e caótica.

A mulher retornou os convidando para tocar, Martín encarou Julie com intensidade. Os dois dialogam pelos olhares, ele a desafia em expectativa e a jovem receio, o latino fez algo que a convenceu, pois o sorriso dela era a resposta.

As duas jovens acompanharam o homem ao pequeno palco improvisado, diferente do normal, ele apossou do teclado, Luna foi a guitarrista da vez , surpreendendo-me saber que tocar outro instrumento e a minha pequena assumir o violão, com a tal na bateria.

- Buenas noches!- exclamou o latino.- Eu sou Martín Arango, essa é Luna Arango, somos integrantes da 'Sol, Luna, Mar', a banda cover latina da região.- Ele apontava de uma garota a outra.- E essa é Julie Vásquez, por favor, vamos ser sensíveis com ela, pois é a primeira apresentação.

Eles começaram a música, que conheci a melodia de Una cancion, a vocalista masculino iniciou, quando o dueto chegou, forte voz da minha filha entrou e o papel de maior fã é meu, com toda a certeza.

Não parecia a primeira apresentação deles juntos, combinavam tanto, que o espetáculo era rotineiro.

Naquele momento, senti-me vigiada, ao desviar o olhar, encontrei o do meu loirinho predileto sorrindo cínico.

- Que foi?-perguntei com a feição confusa.

- O tio Martín é muito legal e leva jeito com crianças.

- Larga de ser sonso, garoto!-exclamei divertida.-Eu sei que vocês já conversaram. Está tudo bem mesmo?

- Claro que sim!- Ele abaixou a cabeça pensativo.- Você nunca amou o papai?

- O homem que sempre amei foi o Martín. O que aconteceu foi minha insegurança que falou mais alto e o abandonei. Quero deixar claro que vou assumir todas as consequências e ficarei com ele.-O olhar foi ao palco e observei o trio.

- Pode contar comigo e acredito que com a Julie também, ou seria muita hipocrisia da parte dela.

Um suspiro audível soltei, esperava que fosse mesmo uma fase fácil. Ally gritou para a mesa ao lado.

- Ei, são minha família lá em cima!

O pessoal sorriu admirado.

A apresentação terminou, aquele público os saudaram de pé.

Enxergar o sorriso expansivo na face da minha filha me alegrou demais, ela estava dando o primeiro passo do que demonstrava ser a carreira escolhida.

A banda improvisada no palco entrelaçaram as mãos, fizeram o famoso agradecimento inclinando os corpos. Dois detalhes chamaram-me a atenção o meu guitarrista no meio das duas menina, e o sorriso orgulhoso e paternal destinado a ambas.

Essa formação é a minha família, onde encontrei amor, carinho e acolhimento, todos os sentimentos bons existentes. Nossa jornada mais uma vez se encontrou e agora tínhamos que buscar o nosso para sempre.

Sentimentos CompartilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora