Allana Vásquez
Eu ainda estou anestesiada, quinze anos depois encontrá-lo assim, jogando com os meus filhos.
Ah, o tempo! Esse só o fez bem, meu Martín, o meu cariño está tão lindo. E parece que com os anos a personalidade dele melhorou, me passou a impressão de ser um ótimo pai, Luna o respeita e o ama, parece que além da relação pai-filha, são bons amigos.
Até nisso, ele me superou, não consigo esta conexão com Ally e Julie.
Falando na niña, ela é um doce de criança. É surpreendente o quanto se apegou a mim. Onde estou, está junto, já guardamos minhas compras no armário, fizemos lanche, me ajudou a levar o cooler e as cadeiras para areia da praia, entre um diálogo de conhecimento.
Luna quis saber em que trabalho, como é minha vida na capital. E eu fiquei encantada ao saber que é violonista, mas com o pai. Martín exala música pelos poros, não teria como escapar. Porém, o violino é extremamente difícil e pelo que disse, o som que fazem na banda é interessante.
A parte triste é saber que sofria bullying por ser estrangeira e retraída.
- ¿Puedo hacerte una pregunta? Si supero el límite, házmelo saber y me disculparé. (Posso te fazer uma pergunta? Se eu passar do limite, diga-me e já te peço desculpas.)
Luna suspirou fundo e acenou com a cabeça em concordância, constrangida era como já esperava por isso.
- ¿Por qué vives en Brasil la mayor parte de tu vida y sigues hablando español? (Por que você vivendo no Brasil a vida quase toda, falar espanhol?)
Eu percebi as lágrimas escorrendo nos cantos dos olhos.
- Es la manera que encontré para conectarme con mamá... Ella murió, cumplí dos años, mi padre me dice que yo era su mayor sueño... Me dejó un diario contando sus gustos, cualidades y cartas a mi papá en ciertos momentos de mi vida. (É a forma que encontrei de me conectar com mamãe... Ela morreu , completei dois anos, meu pai me diz que eu fui o maior sonho dela... Ela me deixou diário contando sobre seus gostos, qualidades e cartas para meu papai me dá em épocas certas de minha vida.)
A menina à minha frente chorava em prantos, a respiração ofegante e a cabeça baixa. Eu me inclinei, com as pontas dos dedos ergui a cabeça, ensinando-a um exercício de respiração para acalmá-la.
- No necesitas el lenguaje para conectarte con tu mamá, porque solo con sus cuidados, demuestran lo conectados que están... Si fuera en otra fase, te diría que hables en portugués, que los terceros dejen de hacer bullying, pero pensando así, perdí a la mejor persona de mi vida, entonces te digo que sigas hablando tu lengua materna, que estoy aquí ahora para hablar siempre contigo. (Você não precisa da língua para se conectar com a sua mamãe, pois só com esse cuidado dela, mostram o quanto estão conectadas. Se fosse em outra fase, te diria para falar português, que os terceiros vão deixar de fazer bullying, mas pensando assim perdi a melhor pessoa da minha vida, então continue falando sua língua materna, que estou aqui para falar sempre contigo.)-eu disse arrancando uma risada dela.
Nós duas fomos convocadas para jogar vôlei com Julie e Melissa, depois de um bom tempo de saques, defesas, levantamentos e ataques com a vitória da equipe adversária, devo ressaltar que por minha causa, sou péssima em esportes.
Eu e a filha do meu grande amor sentamos na cadeira, dei um refrigerante para ela e degustei uma long-neck da famosa cerveja da embalagem verde, olhando aquela imensidão que é o mar em Saquarema, meu pensamento não saia de Martín e Ally juntos, mais no primeiro foi um encontro totalmente inesperado, inesperado também foi a próxima pergunta de Luna:- ¿Eres la ex novia de mi padre?(Você é a ex-namorada do meu pai?)
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Sentimentos Compartilhados
RomanceA história de Allana Vásquez empresária do ramo de beleza, 40 anos, dois filhos, vivendo um relacionamento falido de 15 com João Carlos. E Martin Lisboa, músico e proprietário de um bar, 40, uma filha e solteiro. Viveram um amor intenso na juventu...