Capítulo 9 Parte 2

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Martín L Arango

Se existiu alguma época na minha vida que os dias foram tão agitados. Foi no México, o casamento com a Sol. A única vez que usufrui a condição de herdeiro, meus pais me apoiaram, disseram que se orgulhavam de mim.

Não pensem que o trabalho foi inexistente, ao contrário trabalhei com o senhor Arango no restaurante da família. O que aconteceu foi que a prioridade era outra, Soledad, as vontades, o bem-estar, os últimos pedidos.

A minha chef de cozinha dormia pouco para poder curtir os últimos dias de existência. Foram proveitosos os anos que passei com ela.

Nós dois viajamos para lugares da preferência dela, os Estados Unidos, grande parte da Europa, as partes onde se vivencia Artes; e o Brasil, se eu fechar os olhos escuto o tom da voz amorosa "¡Mar, quiero saber tus orígenes!"

A senhora Arango conheceu e visitou todos os lugares, eu só pedia a Deus, Nossa Senhora e a Virgem de Guadalupe um milagre que fosse apenas a primeira viagem do jovem casal apaixonados.

Quando regressamos ao país da América do Norte, vivemos de maneira intensa, não algo caro e sim apenas simplicidade de um prato especial, pescaria, passeios de mãos entrelaçadas na praia, assistir o pôr do Sol e o nascer da lua, trabalhar no restaurante, eu tocava violão canções tradicionais e bailava com minha bela esposa pela sala da nossa casa.

Existem muitas coincidências, pois naquela ocasião torcia para o extraordinário acontecer, não perder a mulher que amava. O mesmo acontece hoje, com o bônus de conquistar o afeto dos filhos.

O grupo atual se dividiu, Lana foi com a excêntrica amiga e o Caio a um spa, levando as futuras adolescentes com eles.

Nós quatro que sobraram, fomos para a nossa pescaria, duas horas da manhã, eu estava agarrando a executiva na cozinha da casa dela, mas ela me barrou, estou parecendo um adolescente com hormônio aflorado.

Eu vesti o pequeno Vásquez, assim como estava calça jeans, camiseta de proteção solar, par de botinas, jaqueta e chapéu bucket.

O menino sonolento, porém animado.

A buzina tocou, nos despedimos da executiva. Eu peguei o cooler de bebidas, indo encontrar minha carona, Cecília, que mudou e se sentou no banco traseiro, guardei no porta-malas e assumi o volante, dando partida até a delegacia que Peter trabalha com Alisson ao meu lado.

O percurso de carro até o ponto de encontro, foi rotineiro como em qualquer passeio com os dois caóticos, não calam a boca um minuto, Ally gargalhava da bobeira.

O líder da cooperativa de pescadores e amigo nosso Andrade nos recebeu, entregando os coletes salva-vidas, explicando para o garoto e entramos no barco, que seguiu o caminho ao alto-mar, serviram-se dos petiscos feitos por Caio e os drinks por mim.

Cecília com o copo descartável com tequila e não perdi a oportunidade de provocá-la.

- Essa hora da manhã. Mamãe, vai adorar saber que tem uma filha alcoólatra!

O policial cuspiu a bebida ao rir.

- Ela vai adorar saber que criou um filho concubino!-rebate sorrindo debochada.

- Putz! Anos que não escuto esta palavra. Foi longe agora, Ceci.-comenta Peter entre risos.

A minha irmã só é implicante, mas eu sei que torce por mim e Allana, não perderia a chance de ironizar a situação.

A navegação chegou no alto mar, nos aproximamos de Ally e Andrade, ajudamos a jogar a rede e minutos depois a puxamos carregada de peixes.

Os olhos do menino brilhavam com tudo, algo tão simples, ele a transformou em extraordinário. E eu queria fazer essas atividades pai e filho.

Sentimentos CompartilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora