Capítulo 14

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Martín L. Arango

Por isso que dizem por aí que tudo que é bom dura pouco, as férias de Allana chegou ao fim. Minha insegurança me levou a tomar uma atitude covarde, fugi para o meu porto seguro a praia deserta onde me sinto tão bem.

Não me leve mal, confio na executiva quando diz que me ama e quer ficar ao meu lado, mas não quero enxergar o olhar azul quando me despedir.

O clima do dia estava nublado, cinzento, como meu coração apaixonado, triste e vazio, vivemos intensamente nesse mês, o que nos foi negado nesses anos, só restava a lembrança até saber qual era a decisão da Vásquez.

Porém a futura senhora Arango, me demostrava em pequenas atitudes, que eu sou teu fato.

— Martín! —Ouvi o grito da mulher que amo, me virei incrédulo acreditava ser uma miragem da minha mente sonhadora. Sem me dá tempo de reação, ela se jogou em meus braços, gargalhando. — Cariño, por que saiu sem se despedir da gente?

— ¡Miedo! No quiero despedirme de ti, cariño. (Medo! Não quero me despedir de você, amor.) —declarei na língua alheia, tinha que usar as armas disponíveis.

— No es una despedida, es un adiós... ¡Vuelvo y seremos pareja oficial! (Não é uma despedida, é um até logo... Eu vou voltar e seremos um casal oficial) —Era com Allana que estava lidando, sempre sairia por cima.

A mulher da minha vida cobriu meus lábios com os dela, um beijo intenso, com promessas não ditas, ficamos nos sentimos até o ar nos faltar.

— E vim pegar o número do teu celular, já que ainda não me passou. —Ela me informou.

— Estávamos ocupados pessoalmente! —exclamei charmoso.

— Pendejo!

Eu ditei para ela, ficamos um pouco sozinhos, num lugar especial para os dois. Ela contou que foi Cecilia que a trouxe, tenho que agradecê-la depois.

Nós voltamos para Saquarema, os pequenos Vásquez com a insuportável de Melissa já arrumaram todas as bagagens no porta-malas do automóvel.

A amiga da mulher que amo me abraçou sem jeito por pura implicância.

— Bom te ver, Arango! Espero que continuemos a nos ver.

Eu poderia provocar de algum modo, mas o momento não pedia.

— Digo o mesmo para ti, caótica!

Ela sorriu e se afastou para despedi dos outros, a Julie se aproximou me abraçando.

— Prazer te conhecer, mexicano insuportável! —exclamou divertida, arrancando gargalhadas dos demais.

— É recíproco, bebê Ju!

Ela bufou entediada e o loirinho pulou em meu colo me abraçando-me forte, mas as palavras maduras para a idade que me surpreendeu.

— Não desista da mamãe, Martín! Por mais difícil que possa ficar.

Meus olhos encheram de água, vou lutar para manter os quatro perto de mim, fazê-los felizes sempre.

Um último abraço afetuoso entre minha filha e a mulher que amo e eles se foram e estou pedindo a Deus, a Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora Aparecida que seja somente um '' Até logo! ''

Luna foi para a praia, quando o carro da executiva sumiu de nossa visão eu, minha mãe e Cecília nos entreolhamos e fui atrás da minha pequeña, sentada bem próximo do mar jogando conchinhas na água, sentei-me ao lado dela em silêncio até minha filha romper, com os olhinhos banhados.

— Papá, ¿crees que mamá está triste conmigo? (Papai, acha que mamãe está triste comigo?) —perguntou cabisbaixa.

— ¿Por qué lo serías, Luna? (Por que estaria, Luna?)

— Mi corazón es amar al prójimo como a una madre. (Meu coração está amando outra como mãe.)

— Sol, sabía que su sueño era un poco egoísta... Poner a un niño en el mundo, sabiendo que le quedaría poco tiempo de vida. Luego me pidió que me volviera a casar para tener una figura materna cara a cara. (Sol, sabia que o sonho dela era meio egoísta... colocar uma criança no mundo, sabendo que teria pouco tempo de vida. Então me pediu que me casasse de novo para ter uma figura materna presencial) — O sorriso constrangido de quem está gostando da história. — Un detalle... (Um detalhe...)

— ¿Cuál? (Qual?) —perguntou em expectativa.

— Cuando dijo que pensaba en Allana, porque sabía que era la única mujer en el mundo que te quería como a una hija. (Quando dizia isso ela pensava na Allana, pois sabia que a única mulher no mundo que te amaria como filha)

A mexicana se calou, digerindo o que contei, admiramos as ondas quebrando, até que ela me questionou.

— Papá, ¿si ella no se queda contigo? (Papai, se ela não ficar com o senhor?)

— Si quieres seguir en contacto de todos modos, no me importa ... tienes que entender que Allana tiene una vida, nuestra relación tendrá obstáculos, tenemos que tener en cuenta que puede que no estemos juntos, pero la relación de los dos es entre ustedes...(Se quiser manter contato mesmo assim, não me importo... tem que entender que Allana tem uma vida, nossa relação vai ter obstáculos, temos que ter em mente que podemos não ficar juntos, mas a relação das duas é entre vocês...) —expliquei sincero.

Nos voltamos para a nossa casa, o vazio da residência vizinha deixando pai e filha saudosos. Mamãe decidiu ficar um tempo na cidade cuidando da gente.

Na sala de casa assistimos a uma série mexicana até meu aparelho celular tocar na mesinha, peguei e visualizei a foto da mulher da minha vida, feliz assim que atendi.

— Olá, mi amor!

— Cariño, João Carlos é bem pior que imaginei... Ele pôs minha filha contra mim. —Ela exclamou desesperada e chorando.

— Calma, Lana! Onde você está?

— Estou no carro em frente ao mar de Botafogo.

— Vá para o meu apartamento, estou indo para lá...

— Não precisa...

— Você quer que eu vá?

Alana suspirou fundo.

— Sim!

Eu voltei a sala, minha mãe me encarou séria por um instante e sorriu orgulhosa.

— Conte comigo, Martín!

Sentimentos CompartilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora