Capítulo 5 Parte 2

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Allana Vásquez

O dia amanheceu e nunca tive raiva do sol como hoje, deixamos a cortina da janela aberta, a claridade forte no meu rosto, abri os olhos devagar a acostumando com a luz. Senti o aroma gostoso do café, estranhei Melissa estar ao meu lado na cama.

Quem é o anjo que está preparando o elixir dos deuses?

Eu me arrastei da cama até o banheiro, encarei-me no espelho e me pergunto se alguém anotou o número da placa do caminhão, me despir rapidamente, me joguei na ducha gelada para me ressuscitar.

Flashes da noite anterior em minha mente, o fim dela que me deixou plena, o cuidado e proteção do Martín conosco. Ele assumiu o amor por mim, em espanhol do jeito cafajeste que sou fascinada. Como conseguir me segurar e não obrigar aquele homem me fazer dele dentro do box do banheiro.

Ensaboei o meu corpo, lavei os cabelos ou a maresia vai acabar com ele, peguei minha toalha secando-me, escovei os dentes e as madeixas loiras para trás, na minha mala apanhei um conjunto simples de lingerie, uma regata branca e bermuda jeans, borrifei meu perfume no pescoço e pulsos e desci as escadas atrás do aroma.

Na cozinha, presenciei uma cena que me cativou e criou expectativas para o nosso futuro, o meu quarteto tomando o desjejum juntos, com uma linda e farta mesa posta, aproximei-me das crianças beijando os cabelos de cada um, dei a volta no balcão e repetir o gesto na bochecha do meu latino, tomando o jornal que ele estava lendo e sentei na cadeira da ponta.

Sim, percebi o que fiz, toda carinhosa com o homem que não sou casada, na frente dos meus filhos, mas como dissimulada que posso ser, disfarcei lendo as notícias do dia.

Eu quebrei Martín, pois depois de um longo delay, o homem me ofereceu as opções do café da manhã, me servindo o que escolhi.

Um bico de insatisfação, mostrei nos meus lábios, quando Julie acuou com uma pergunta, que foi respondida com a maturidade do meu menino de dez anos, cortando qualquer discussão.

A cena era totalmente doméstica e parecia rotineira, todos estavam ligados de algum modo. Nós dois nos entreolhamos e sorrimos. Eu vou fazer de tudo, para que cenas assim se tornem cotidiano em nossas vidas.

O espírito de Melissa apareceu. E como sentia saudade da relação de amor e ódio dos dois, se implicam a todo o momento, só repreendo, pois Mel relembrou a morte da esposa dele, meu instinto protetor está aguçado em relação a Luna, que não demonstrou nenhuma tristeza.

O telefone de Martín tocou, quase estourando meus neurônios, reclamei de imediato, que só sorriu debochado. É a irmã, com certeza provocou-o e foi à minha vez zombar dele, me entregando o aparelho em seguida.

- Lana?

- Oi!

- Quer que eu pague a aposta hoje?

- Com certeza não!

- Por que?

- Estou ressaca!

- Está velha, hein!

- Eu sei, somos mulheres quase quarentonas, amorzinho!

- Eu não sou seu amorzinho! Meu irmão é! Como ele está?

Ela que me fez a pergunta, porém a resposta dei encarando o supracitado.

- Continua o mesmo.

Só deu tempo de entregar o celular na mão do dono, para tocar novamente, desta vez é o amigo solteiro, sem perder a oportunidade de implicar com Mel. Os dois têm a típica relação namorado versus melhor amiga, se provocando o tempo todo, é o jeito estranho de dizer que se amam.

Sentimentos CompartilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora