Martín L. Arango
" O que eu fiz para Lana me abandonar?"
Este é o questionamento que faço há treze anos. Nós tínhamos uma relação linda, apesar das nossas diferenças visíveis, o respeito e o amor eram maiores.
Bem, isso é o que acreditava até ser abandonado.
Alana Vásquez era uma jovem mulher inteligente, determinada, metódica e controladora. Era perceptível que seria uma grande empresária no futuro. E minha mãe sonhava com nosso casamento, pois sabia que a empresa da família só teria futuro com ela, se dependesse de Cecília e eu, ia à falência.
Eu tinha grandes sonhos, modéstia à parte eu sou um artista completo: canto, danço, toco alguns instrumentos e atuo. No meu futuro, queria ser um grande ator de musical, mas depois que perdi a mulher da vida, acabei desistindo da carreira e hoje tenho um bar temático mexicano, uma banda cover de músicas latinas.
Atualmente moro em Saquarema, litoral norte do Rio de Janeiro.
Neste exato momento, estou deitado na cama pensando na própria vida, com Alma, minha quase namorada, em meus braços.
Sinto se mexer, acaricio seus cabelos preto lisos, ela ergue a cabeça com seus lábios finos sorri para mim, encarar seus olhos verdes, é como olhar o mar. Eu retribuo.
— Bom dia, cariño!
O sorriso morreu. Eu odiava ser chamado assim. "Cariño" e "Mi amor", eram apelidos de Allana Vásquez, me desvencilhei da morena, bufando de raiva, na ponta da cama, recolhi minhas roupas, vestindo-as.
— Martín! Martín, por que está agindo assim? —perguntou desesperada.
— Você ainda pergunta? Sabe que odeio ser chamado assim! —exclamei indignado.
— Não posso ser afetuosa com o homem que fico?
— Pode, mas não esses!
— Por que são de outra? —perguntou em desafio.
— Sim! Você quer ter uma relação comigo, chamando-me pelos mesmos apelidos carinhosos de outra?
A morena sorri, sorrateira se aproximou, envolvendo os braços no meu pescoço. Eu franzi o semblante confuso.
— Temos uma relação, MEU BEM? —perguntou destacando o apelido.
Eu segurei forte a cintura dela, sorrindo cínico.
— Eu não estou te pedindo em casamento, nem preparado para uma relação mais séria, mas a única mulher com tô saindo é ti. Então, é sim!
Nós nos abraçamos, terminei de vestir as roupas, fiz minha higiene pessoal no banheiro, me despedi dela e fui para minha rotina.
Morar em Saquarema é morar em um paraíso. E já faz dez anos que resido neste lindo lugar. Eu caminho todos os dias na areia da praia, pensando na minha ex e a quase atual.
Alma Diaz é uma professora universitária de trinta anos, também vocalista feminina da banda e toca violão. Nós vivemos uma relação de pele, não há sentimentos entre a gente.
Vivo preso ao passado. Vivo preso à Allana Vásquez. A minha Lana, quer dizer, será algum dia foi minha? Sem conseguir me conectar com outras. Ela está em qualquer direção que olho, no azul do céu, que me lembrava seus olhos claros. Ou o amarelo do sol, a cor dos lisos cabelos compridos.
Como artista, sou um cara sensível, saudoso, nostálgico. Ela me deixar sem explicações, deixou-me marcas profundas. Não tenho raiva dela, teve alguém muito especial que me mostrou, minha parcela de culpa.
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Sentimentos Compartilhados
RomanceA história de Allana Vásquez empresária do ramo de beleza, 40 anos, dois filhos, vivendo um relacionamento falido de 15 com João Carlos. E Martin Lisboa, músico e proprietário de um bar, 40, uma filha e solteiro. Viveram um amor intenso na juventu...