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Após vestir minhas roupas, eu abro uma fresta na porta da despensa e verifico se não há ninguém. Quando concluo que há apenas eu no ambiente, subo as escadas, mas as desço de novo e volto à cozinha para lavar a louça suja. Não quero ser taxada de mal educada.

Como pode aquele cafajeste apenas sair e subir pro seu quarto depois de me prometer tanta coisa, penso enquanto seco a travessa. Percebo que o cheiro dele impregnou em mim, mordo os lábios lembrando das suas mãos caminhando pelo meu corpo, ainda estou um pouco extasiada.

Ao subir as escadas, sua voz ecoa em minha mente, lembro dos seus olhos nos meus e sua mão em minha boca abafando meus gemidos. Desgraçado. Chego a frente do quarto de hóspedes e quando levo minha mão a maçaneta, a porta se abre e dou de cara com Teresa.

- Aaah - Gritamos em uníssono.

- Shh - Você quer acordar todo mundo? - Eu digo sinalizando silêncio para ela.

- Você que gritou - Ela diz ofendida - Eu acordei e não te vi na cama, fiquei preocupada. O último temporal assim que passamos aqui não foi nada le...

Teresa para de falar ao perceber alguma coisa, penso que estou com a roupa suja ou do avesso e passo a me analisar, mas tudo está normal.

- Você transou? - Ela pergunta com o rosto sério.

- O quê? - Eu dou um pulo.

- Você transou - Ela fala em um cochicho alto.

- Meu Deus, Teresa! - Puxo-a para dentro do quarto e fecho a porta com cuidado.

Ela coloca mãos na cabeça e começa a rir.

- Você transou! Helena Maria, você. transou - Ela me abraça - Eu estou tão orgulhosa! Quanto tempo fazia? Cerca de seis anos?

- Três! - Corrijo ofendida - O que, não! Eu não transei, para de ser maluca.

- Helena, seu cabelo está desgrenhado de uma maneira muito específica - Ela me cheira- Você tem cheiro de sexo e morango e eu sei que não tem nenhum perfume com essa descrição na sua prateleira.

- Meu Deus...

- Agora só nos resta saber quem foi o sortudo que pôde provar da sua...

- Teresa!! - Eu tampo sua boca quando ela começa a falar muito alto.

- Desculpa, Helena - Seus olhos estão marejados - É que você vive tensa, não consegue ser espontânea, algo assim é uma vitória, vou até contar pra minha terapeuta. Agora me fala, quem foi?

- Ninguém, fiz sozinha. - Respondo me deitando na cama.

- Até parece, seu vibrador ficou no quarto de hotel, queridinha, e suas unhas estão gigantes - Ela se joga do meu lado. - Se for o Alberto, preciso te dizer que a gente demorou naquela hora não foi por estarmos falando com a defesa civil, até porque eles foram bem rápidos com as informações, a gente só estava se pegando num beco.

Eu começo a rir e ela me olha confusa.

- Vai me julgar, sua safada? - Teresa me da um tapa no braço.

- Não! - Fecho os olhos - Foi o Wagner.

Um silêncio se instaura no ambiente e, poucos segundos depois, minha amiga desfere tapinhas em mim.

- Eu venero você, Helena. Santa Helena Maria do Estado de Santa Ana! Santa Safada! - Ela faz cócegas em mim. - E aí? Vocês vão repetir?

- Não tenho certeza, ele não... hm, sabe... só usou - Mostro meus dedos - E foi bom, muito bom.

- Então qual o motivo dessa cara triste?

- Ele terminou e saiu como se nada tivesse acontecido.

- Cafajeste, nem um beijinho?

- Não.

- Vem cá, amanhã você vai usar umas roupinhas bem curtinhas pra ele ficar maluco. - Ela me abraça.

- Ai Teresa, eu também não estou desesperada, né.

- Mas ele vai ficar.

Casualmente rodeados de Zumbis  | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora