Acordo assustada e me sento na cama, não entendo porque acordei assim, será se tive um pesadelo? Infelizmente não consigo lembrar com o que sonhei. Me preparo para sair da cama sem acordar Teresa, preciso beber um pouco de água, mas percebo que minha amiga não está na cama.
Levanto e caminho em direção à cozinha, talvez ela esteja lá. Chego ao cômodo e não vejo ninguém, vou até a sala e também está vazia.
- O que você tá procurando? - me assusto com a voz de Vitória atrás de mim.
- Vitória! Oi... - digo me recuperando do susto e viro em sua direção - Teresa, estou procurando por ela, você a viu?
- Ah... - ela olha para o teto com um leve sorriso - ela está no banheiro, pediu pra não ser incomodada.
- Ela tá passando mal? - pergunto preocupada e começo a andar até o banheiro.
- Não! - Vitória me segura pelo braço - Ela acabou de entrar, disse que só queria ficar um pouco sozinha.
Teresa realmente não parece muito bem esses dias, precisa de um espaço. Vou esperar alguns minutos e se ela não sair vou bater na porta, sinto um peso no meu coração quanto a isso.
- Por que você tá acordada? - questiono a adolescente.
- Tenho insônia - ela senta no sofá e eu a acompanho - por isso virei sua fã, sempre que eu não conseguia dormir eu maratonava suas entrevistas e programas de variedades que você já participou, até minha mãe aparecer e me mandar dormir.
Sorrio com o relato, sempre gosto de encontrar fãs.
- E a sua mãe? O que aconteceu? - me arrependo assim que pergunto, estou sendo muito curiosa.
- Você é muito curiosa, mas vou contar porque sou muito sua fã - ela deita a cabeça no sofá - no dia que as pessoas começaram a ficar muito doentes e lotar os hospitais, meu pai chegou de uma viagem. Ele disse que a gente tinha que correr pois iam fechar a cidade. Eu e minha mãe arrumamos nossas malas o mais rápido que pudemos. Quando chegamos na fronteira da cidade com a capital já haviam diversos militares impedindo a saída das pessoas. Eles estavam colocando portões de arame ao redor da cidade. Meu pai se identificou como militar, tentou de todas as maneiras permitir que a gente saísse, mas não deu certo. Então voltamos para nos esconder no bunker, mas precisamos parar o carro na estrada e vir andando até aqui, como fizemos quando trouxemos vocês, e... bom, uma praga apareceu do nada e pulou em mim. Minha mãe puxou ela de mim e foi mordida...
Vejo lágrimas caírem no rosto de Vitória, mas ela continua.
- Meu pai atirou na praga e tentamos acudir minha mãe, mas ela já estava começando a se transformar. A última palavra dela foi "atira"...
A menina não continua, mas entendo o que aconteceu. Puxo Vitória para um abraço.
- Eu sinto muito - digo num sussurro.
- Eu que sinto muito, Helena.
Fico confusa e, antes que possa sair do abraço, sinto minha cabeça ser atingida fortemente na parte de trás por algum objeto e desmaio.
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Abro meus olhos, mas só enxergo a escuridão. Sinto um cheiro forte de sangue e podridão, além de uma respiração pesada não muito longe de mim. Minhas mãos e pernas estão amarradas para trás e estou encostada na parede. Tento me levantar do chão que estou sentada, mas ainda estou muito tonta e acabo caindo para o lado e esbarro em algo que parece ser uma pessoa.
- Quem é você? - escuto a voz de Teresa e meu coração sente um alívio em meio ao terror.
- Teresa - eu sussurro - sou eu, sou eu, Helena, sou eu.
- Helena - minha amiga diz chorando - o que você tá fazendo aqui também? Você precisa correr.
- Eu tô amarrada, não consigo sair.
- Preciso dar um jeito de tirar a gente daqui.
- Teresa, você também tá ouvindo essa respiração pesada?
- Sim, pensei que fosse outra pessoa presa aqui também. Mas fiquei com medo de chamar.
- Oi! - eu digo em voz alta.
- Helena, não! - Teresa me repreende.
- Tem mais alguém aí? - Dessa vez eu grito.
Me arrependo logo em seguida do que fiz, quando escuto um rugido horrendo, igual ao barulho dos zumbis que encontramos pelo caminho. Esse ser parece estar preso, escuto correntes.
- Não era pra vocês terem acordado ela ainda - escutamos a voz de José e logo todas as luzes são acesas.
Quando meus olhos se acostumam com a volta do claro, olho em direção ao rugido monstruoso e vejo uma mulher, ou que um dia foi uma mulher, é um zumbi monstruoso e sujo de sangue, preso por uma corrente grossa de ferro, meu coração está batendo forte e sinto meus olhos lacrimejarem. No chão ao redor do monstro vejo muito sangue seco e ossos, pedaços de mãos, olhos, alguns órgãos. Me assusto mais ainda quando vejo uma cabeça decapitada, o rosto estava desfigurado, mas pude reconhecer pelo cabelo ruivo, era uma das mulheres que estavam no bunker quando chegamos.
Isso não pode estar acontecendo.
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Casualmente rodeados de Zumbis | Wagner Moura
FanfictionHelena Maria, aos 25 anos de idade, é a maior estrela do país no mundo da atuação. Quando volta a sua cidade natal para gravar um filme com Wagner Moura, ela se vê em meio a um romance e um apocalipse zumbi.