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Os zumbis começam a ficar mais violentos no portão, eles batem nele com tanta força que estou com medo de que o derrubem em pouco tempo. Posso ouvir os grunhidos monstruosos que vem do lado de fora, me deixando arrepiada e com medo.

- Os coquetéis estão no ponto - Alberto diz sorrindo para Teresa - agora eles só precisam beber.

Acho que o agente estava esperando risadas, se estivéssemos em outra situação, eu teria soltado uma gargalhada, mas fiquei em silêncio. Teresa continuaria sem esboçar uma reação mesmo que estivéssemos no céu. Wagner consola Alberto batendo em seu ombro com leveza.

- As comidas estão na mala, alguns produtos de higiene também - Teresa diz seriamente - Vou colocá-las no carro.

- Eu ajudo! - Alberto pega uma das malas e começa a puxá-la para fora.

Encaro a televisão, ainda arrepiada com os zumbis que tomam conta da tela, e de repente um pensamento óbvio se passa pela minha cabeça.

- Sabe o que nós não pensamos em fazer? - digo coçando a cabeça.

- O quê? - Wagner fica confuso.

- Ver as notícias.

Fico completamente abismada que em nenhum momento nós pensamos em ver as notícias. Pego o controle da sala e ligo a televisão nos canais abertos. Então, meu queixo cai, todos os canais estão funcionando com seus programas normalmente. Porém, são reprises, notícias de meses atrás. Mudo o modo da TV para os canais fechados, talvez a BBC e a CNN estejam falando sobre isso, não é possível que todos os jornalistas do mundo viraram zumbis. Mas não há nenhuma notícia quanto aos monstros mortos-vivos, dessa vez, não estão passando reprises. São coberturas atuais, mas nenhuma delas fala sobre esse assunto.

- Eu não entendo - digo assustada.

- Talvez seja um vírus que tenha afetado apenas a cidade de Santa Ana - Wagner parece assustado, mesmo tentando não demonstrar.

- Mesmo que só tenha afetado Santa Ana, por qual motivo eles não falariam sobre isso nos jornais? - falo alto

- O que aconteceu? - Teresa entra na sala.

- Nenhum canal de notícia está falando sobre os zumbis - digo.

- Talvez todos os jornalistas estejam mortos.

- Não, as notícias estão normais, atuais, o mundo segue vivendo como sempre - me aproximo dela - mas ninguém fala sobre Santa Ana.

-  O quê? - Teresa e Alberto dizem ao mesmo tempo, assustados.

- Vamos tentar manter a calma, talvez já tenham falado sobre, mas perdemos a notícia - Wagner diz.

- Algo assim precisa de cobertura 24 horas! - Teresa diz ainda assustada - Pensando bem, não ouvimos helicópteros ou barulhos de carros, o exército não veio... e nem vem.

- Eles vão nos deixar morrer aqui - Alberto diz quase sussurrando enquanto olha para o chão.

Ficamos em silêncio, respirando fundo. Estamos todos assustados e com medo, a possibilidade de termos sido abandonados é aterrorizante. Até porque, uma coisa é todos terem virado zumbis e não ter ninguém para nos ajudar, outra coisa é não sermos ajudados propositalmente.

Escutamos um barulho muito mais forte que os anteriores no portão.

- Precisamos ir embora - digo com a voz embargada.

Casualmente rodeados de Zumbis  | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora