Wagner e Teresa voltam para o carro enquanto a bomba de gasolina enche automaticamente o tanque. Assim que os dois fecham as portas, zumbis pulam nas janelas, mas eles parecem mais curiosos do que agressivos, o que nos deixa confusos. Ficamos em completo silêncio, enquanto eles nos olham como se fosse a primeira vez que viam humanos. Até que uma morta viva pula no capô do carro, fazendo o automóvel se balançar. Ela é diferente dos outros, mais parecida com os que encontramos na frente da casa de Wagner, ou seja, raivosa, violenta e sedenta pelas nossas carnes. Ela está toda ensanguentada e mordida, não parece ter sido transformada há muito tempo, chego a sentir pena.
A zumbi rosna muito alto e bate a cabeça no pára-brisa, fazendo com que todos gritemos. Wagner, então, liga o carro e pisa fundo no acelerador, desconectando a mangueira de gasolina e desequilibrando o monstro a nossa frente. A morta viva cai no chão e começa a correr atrás do automóvel, os curiosos fazem o mesmo. Porém, somos mais rápidos e eles desistem.
- Que porra foi essa... - Alberto diz com a voz tremendo.
- Precisamos fechar a tampa do tanque de combustível - eu digo também com a voz trêmula.
- Quando chegarmos na estrada, eu desço - Wagner respira fundo no volante - vai estar mais deserto, então, mais seguro.
Todos concordamos.
- Todos estão bem? - Teresa pergunta enquanto abre sua bolsa, sua voz soa como se tentasse parecer firme - eu trouxe água, mas bebam pouco para não dar vontade de ir ao banheiro.
- Com certeza, até porque ninguém quer parar para fazer xixi no mato e, com as calças abaixadas, ser morto por um zumbi. Deve ser uma péssima experiência. - Alberto diz e bebe um gole de água - Então, vamos ficar 6 horas dentro desse carro, precisamos nos distrair.
- Que tal brincarmos de "todos ficamos quietos e evitamos virar comida de zumbi?" - Teresa diz seriamente.
- Não achei esse jogo muito interessante, Teresa, perdão.
- Eu pensei que você estivesse se tremendo de medo, mas está muito bem, já que está fazendo até várias piadinhas - vejo pelo retrovisor que minha amiga revira os olhos.
- Alberto faz piadas quando está nervoso, com medo ou totalmente miserável - Wagner diz - estou acostumado.
- Ele deve estar os três ao mesmo tempo, então - digo e o ator e eu começamos a rir.
- Ah, vocês são muito engraçados - Alberto se inclina, ficando entre nós - já que precisamos nos distrair, que tal vocês dois contarem o motivo de estarem trancados dentro de uma dispensa de madrugada?
Meu queixo cai no chão, ele sabia que estávamos lá? Inacreditável, minhas bochechas começam a queimar de tanta vergonha. Olho para Wagner e ele está estatelado.
- Eu não... - o ator tenta falar alguma coisa, mas não consegue completar a frase.
- Eu sabia que não estava maluco, eram vocês! Cheguei a pensar que fossem ratos, mas eles não tem a voz do Wagner - Alberto rir.
- Ah, Alberto, deixa os dois - Teresa diz - Você não tem muita moral para tirar piada da situação deles.
- Teresa... - Alberto suplica para que ela pare por aí.
- Escada, madrugada... - Teresa começa a rir, finalmente ela parece menos tensa.
- O quê? - Wagner se assusta - Vocês? Na escada? Alberto, pelo o amor de Deus, cara... tem foto da minha mãe pendurada na parede da escada.
Eu começo a rir e Teresa rir mais alto do que antes.
- Eu não olhei para a sua mãe - Alberto fica nervoso.
- Mas aproveitando que Alberto trouxe à tona - Teresa empurra o agente e se inclina para ficar entre eu e Wagner - vocês estão namorando?
Não definimos o nosso relacionamento, então não sei como Wagner se sente quanto a isso.
- Não. - digo.
- Sim. - Wagner diz ao mesmo tempo que eu.
- Eita... - Alberto empurra Teresa e os dois ficam entre eu e o ator. - Wagner sempre foi muito mais apaixonado, mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casualmente rodeados de Zumbis | Wagner Moura
Hayran KurguHelena Maria, aos 25 anos de idade, é a maior estrela do país no mundo da atuação. Quando volta a sua cidade natal para gravar um filme com Wagner Moura, ela se vê em meio a um romance e um apocalipse zumbi.