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-Teresa? Helena? - escutamos um cochicho alto, é Alberto - vocês estão aí? Deus, que não sejam aqueles monstros.

Eu e Teresa nos entreolhamos, eu sei que ela não quer que eu conte sobre o bunker, mas seria um absurdo.

- Eu vou contar - cochicho para ela.

- Não vai! - ela me repreende.

- Vou! Você disse que eu preciso deixar as pessoas se aproximarem de mim, que tenho que confiar, eu estou tentando!

- Por que você só decide seguir meus conselhos nas piores situações? - Ela me empurra.

- Por que você ficou tão séria de repente? - Eu também empurro Teresa, ela fica incrédula. - Você era o alívio cômico para os leitores da história da nossa vida.

- Não sei, Helena... talvez porque temos o fim do mundo bem em nossas frentes e só hoje eu matei dois zumbis que costumavam ser pessoas comuns!

Ela me empurra outra vez. E assim ficamos por alguns segundos até que ela me empurra muito forte e eu caio na cama.

- Aaah - grito com o susto, mas logo em seguida começo a rir e ela também.

Nesse momento, a porta do quarto abre rapidamente e Wagner entra no local, empunhando um garfo de lareira. Ele está respirando com nervosismo, olha para todos os lados do quarto até finalmente pôr seus olhos em mim.

- Não tem zumbi aqui? - ele diz com a respiração pesada

Sento na cama e continuo olhando para o ator, ele não pensou duas vezes antes de entrar aqui assim que gritei. Creio que esse garfo de lareira não faria grandes estragos em um zumbi, mas de qualquer maneira, Wagner veio nos salvar. Não posso deixá-lo.

Uns trinta segundos depois, Alberto entra gritando no quarto, o homem tem um abajur em mãos.

- Sem zumbi? - Ele diz olhando para Teresa, que sinaliza um não com a cabeça.

- A gente tem um bunker - Eu digo olhando para Wagner - Vocês podem vir com a gente... se quiserem.

Minha amiga respira fundo, não satisfeita. Eu sei que ela se preocupa com nossa segurança, precisamos resolver a questão da comida, mas eu não posso deixar Wagner, e Alberto, para serem devorados por esses monstros.

- Um bunker? - Wagner questiona confuso - Mas aqui em Santa Ana?

- Não, na capital - eu respondo - Fica apenas algumas horas aqui, podemos ir de carro. Temos comida, água, camas. Ah! E podemos levar a comida que Teresa e Alberto pegaram no supermercado.

- Vamos, vamos sim! Muito obrigado, Helena! - Alberto vem me abraçar, mas Wagner o segura com uma mão.

- A comida... é para quanto tempo? - O ator questiona.

- Um ano, mas apenas para nós duas - Teresa responde antes que eu consiga - não sei quanto tempo durará para quatro pessoas.

- A gente pode dar um jeito - eu digo me levantando da cama e parando em frente a Wagner.

- Eu e Alberto vamos ficar, a casa é murada, o sistema de segurança é bom e temos comida para alguns meses, vocês podem ir - Wagner diz se afastando.

- Vocês podem ir com a gente!

- Obrigada, Helena, mas vamos ficar. Não quero correr o risco indo com vocês. Peguem o carro amanhã bem cedo para não terem que dirigir no escuro. - o ator diz passando pela porta.

Alberto olha para Teresa e ela aperta um dos ombros dele, um sinal de consolação. Então, o agente sai e ficamos só eu e ela novamente.

Ele não quer correr o risco? Eu estou oferecendo um bunker para eles ficarem. Mais uma vez ele vai embora me deixando com a mente confusa.

Casualmente rodeados de Zumbis  | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora