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Estou na sala olhando as imagens das câmeras do lado de fora enquanto Teresa e Alberto fazem o jantar, ainda temos luz e água, espero que continue assim por muito tempo.

Nas imagens consigo ver os monstros andando do típico jeito zumbi, alguns sem uma mão, braço, um buraco enorme no peito, mas todos ensanguentados. Os olhos vermelhos, sem vida. Me entristece pensar que antes eles eram pessoas comuns, com felicidades e tristezas, mas hoje são nada, sua vida também não vale nada.

Não desejo para ninguém uma morte assim. Por que Wagner simplesmente não vem com a gente? Podemos resolver esse problema da comida, criar uma horta no bunker, algo assim. Só sei que não vou conseguir ir tranquilamente sem ele.

- Eles são piores do que os dos filmes - Wagner diz sentando ao meu lado.

- Não sabia que você era fã de filmes de zumbis. - digo ainda olhando as imagens.

- Não sou, na verdade, só assisti Guerra Mundial Z.

- Esse é padrão para os fãs de filmes desse tipo.

- O que você acha?

- Ah, é um filme bom, mas já assisti séries melhores e filmes melhores...

- Eu digo de tudo isso, você acha que vão encontrar uma cura? - ele olha para mim - Será se essas pessoas ainda tem uma certa consciência dentro de si? Ou estão completamente mortas?

- Não sei... - sinto lágrimas vindo aos meus olhos.

- Ainda nem consigo acreditar nessa loucura.

- Vem comigo - digo olhando para ele, meus olhos estão cheios de lágrimas.

- Helena... - Wagner me encara, não consigo decifrar suas expressões

- Eu não entendo o motivo de você não aceitar, vamos ficar mais seguros no bunker! - fico irritada - Você diz que não quer colocar sua vida e de Alberto em perigo, mas vocês vão estar em perigo se continuarem aqui.

- Helena...

- Quanto tempo você acha que vai demorar para os zumbis entrarem aqui? Eles vão ficar mais fortes e inteligentes, então vão conseguir escalar. Sem falar que a água e a luz não vão durar muito! Você sabe disso! Qual é o problema? Você não confia na gente?

- Não é isso.

- Então qual o motivo? - ele fica em silêncio - Wagner, isso não é um pedido de casamento, não estou chamando você para ir com a gente porque você enfiou alguns dedos em mim! Eu só... eu só quero ajudar você.

Sinto as lágrimas quentes molharem meu rosto. Eu sou patética. Wagner se aproxima de mim, mas eu não quero estar na presença dele por agora, então corro para o banheiro.

Me olho no espelho e vejo meu rosto avermelhado, não acredito que disse coisas tão idiotas.

- Jantar! - Escuto Teresa da cozinha.

Espero alguns minutos até não estar mais com cara de choro e vou me juntar a todos na cozinha.

- Não grita, Teresa - falo cochichando alto ao entrar no lugar - eles podem ser atraídos pelo barulho.

- Espero que não gostem do cheiro de macarronada, pelo menos.

Casualmente rodeados de Zumbis  | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora