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Acordo no dia seguinte com Teresa roncando ao meu lado. Assim que abro os olhos, lembranças da madrugada tomam a minha mente e me espreguiço com um sorriso, mas então finalmente percebo o que eu fiz. Após todo aquele sentimento de êxtase que tomou conta do meu corpo, a minha consciência está extremamente pesada, como vou olhar no rosto dele? Vamos fingir que nada aconteceu? Não sei, vou enlouquecer.

-Aaah - Me contorço de vergonha e caio da cama.

- Helena? - Teresa acorda num pulo - Espero que não esteja transando aí no chão. Respeito, por favor.

- Ai, Teresa, pelo o amor de Santa Ana, hein - Coloco as mãos no rosto, ainda caída no chão - Eu quero cavar um buraco no chão e me esconder.

- Meu bem, foram só uns dedinhos, uns beijinhos, acontece em várias elencos. - Ela boceja.

- Mas o pior é que eu me ofereci - Chuto o ar com meus pés - Maldito período fértil.

- Por acaso você apontou uma arma na cabeça dele e o obrigou a te dedar, manazinha? -Minha amiga agora está sentada na cama me olhando no chão - Não! Não, né?

- Claro que não!

- Então, relaxa! Você vai querer de novo?

Óbvio que se aquele homem viesse me beijar novamente eu não iria impedir, também não impediria se ele tirasse minhas roupas e começasse a lamber o meu corpo...

- Helena? Você vai querer de novo? - Teresa pergunta novamente.

- Não! - Eu digo sem ter certeza - Melhor não, poderia atrapalhar nossa relação profissional e eu não quero jogar minha carreira no lixo.

- Então fique firme, minha amiga - Ela da um tapinha em meu ombro.

Escutamos alguém bater à porta e levamos um pequeno susto. É Alberto, ele traz nossas malas que tivemos que deixar no hotel.

- Bom dia! Como eu havia deixado meu número com porteiro no hotel, ele me ligou hoje mais cedo e disse que estava tudo liberado. Consegui que alguém fosse buscar suas malas - Ele bota a mão no bolso e de lá tira uma chave - Aqui está a chave do quarto, Teresa.

- Muito obrigada, Alberto - Ela sorrir e pega a chave - Tchau tchau.

Teresa fecha a porta antes que eu possa agradecer.

- Você não acha que foi muito curta? - eu questiono - Ele conseguiu nossas malas

- Nada, ele gosta - Ela caminha para o banheiro.

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Ao descermos a escada sinto cheiro de café e pão. Na cozinha há um banquete para o café da manhã.

- Bom dia! - Wagner nos cumprimenta com um sorriso.

- Bom dia! - Eu e Teresa falamos juntas. Ela já começa a atacar a mesa.

Estou um pouco nervosa, mas ele parece extremamente tranquilo, como se nada tivesse acontecido entre nós. Pego uma maçã e começo a comer olhando para a vista que a janela grande nos permite ter. Escuto um telefone tocar.

- Uh, é o diretor - Teresa nos diz olhando para o telefone em sua mão - Com licença.

Ela se vira para ir até a sala, mas para no caminho, vira de volta em direção à cozinha e chama Alberto para acompanha-la. Aparentemente o diretor quer falar com os dois. Então Wagner e eu ficamos sozinhos na cozinha, novamente.

- Helena - Ouço a voz do ator ao meu lado - Sobre o que aconteceu...

Ele passa a mão em seus cabelos, e seus olhos, que antes estavam em mim, agora cravam o chão.

- Não quero que você entenda errado - Ele suspira - Eu não....

- Foi algo casual - Eu o corto - Aconteceu só uma vez e tudo bem. Somos adultos, não precisamos fazer um grande caso disso. Acontece.

Após terminar de falar, dou um sorriso e volto a comer minha maçã. Eu posso estar mexida pelo o que aconteceu entre nós, mas se ele não sente o mesmo, não precisa saber da minha vulnerabilidade.

- Você não está chateada por eu ter ido embora? - O homem pergunta.

- Não. Tudo bem, eu sei levar as coisas no modo casual. Podemos agir como se nunca tivesse acontecido e seguir nossas vidas. Não é como se eu tivesse me apaixonado ou algo assim - Digo rindo tranquilamente. Sou mesmo uma boa atriz.

Wagner parece um pouco chocado com o que acabou de ouvir de mim. Com certeza ele achou que a esse ponto eu estaria implorando por sua atenção, mas eu não sou dessa forma. Se a pessoa não tem interesse por mim, eu não irei força-la a me querer, até porque é vergonhoso insistir pelo afeto de alguém a todo custo.

- Ok, então... você está bem? - O homem pergunta, agora olhando a vista pela janela, assim como eu.

- Com certeza. - Digo, mordendo mais um pedaço da maçã.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que Alberto e Teresa voltam à cozinha.

- As gravações foram adiadas por duas semanas - Alberto diz ao entrar no ambiente - A chuva fez um estrago imenso em toda a cidade, inclusive nos lugares da gravação.

- Além disso, ainda não vamos conseguir voltar para o prédio e eu e Alberto não achamos pousadas disponíveis. - Teresa diz coçando a cabeça.

- Ok, são muitas notícias ruins para o início da manhã - Eu digo pensando no que fazer quanto a hospedagem - Quanto as datas da gravação, não há o que fazer, mas podemos ver hotéis e pousadas na cidade ao lado.

- Por favor, Helena... e Teresa - Wagner começa a falar com um tom preocupado - Vocês podem ficar aqui até o fim da gravação, caso queiram, não precisam ter o trabalho de se deslocar até a cidade vizinha.

Olho para Teresa esperando que ela me dê uma resposta ou responda por nós duas. Nossos olhos se encontram e, como eu já esperava, consigo ler que em sua mente ela dizia que o melhor seria eu aceitar de bom grado ou ela me mataria.

- Não queremos incomodar - Eu digo com medo de minha amiga ter secretamente visão raio laser.

- Vocês não são um incômodo - Alberto diz rapidamente, mas olhando para Teresa.

Casualmente rodeados de Zumbis  | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora