𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐄𝐄𝐍; 𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒

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OS OLHOS DO DEMÔNIO mostravam, de modo intencional e cru, a mais pura hostilidade perante a insinuação nem um pouco sutil da deusa japonesa, que tinha em seus lábios um sorriso que transbordava confiança em suas próprias palavras proferidas, mesmo...

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OS OLHOS DO DEMÔNIO mostravam, de modo intencional e cru, a mais pura hostilidade perante a insinuação nem um pouco sutil da deusa japonesa, que tinha em seus lábios um sorriso que transbordava confiança em suas próprias palavras proferidas, mesmo que soassem como uma grande blasfêmia ou, melhor, uma mentira mal elaborada e sem sentido algum.

"Meu maior desejo? Seria capaz de atender algo que busco a tanto tempo e nunca o conseguir?" A sua voz saiu baixa, quase um sussurro, mas não escondia um ar de zombaria e incredulidade.

Amaterasu não demonstrou incômodo com a desconfiança; afinal, Beelzebub era um demônio que foi moldado para ser um ser cético. Mas não completamente; o demônio acreditou nele. Então, que o gênio da humanidade a perdoasse, mas ela usaria desse fato para persuadi-lo.

A deusa necessitava de uma garantia. Beelzebub poderia concordar de início com o plano; todavia, Niflheim não era um lugar que alguém como ele deveria ir, alguém que buscava de maneira tão incansável a morte. Amaterasu voltou seus olhos para o salão, não tendo um ponto para focar em específico. Sentia a pressão da desconfiança aumentar gradativamente, tanto pelo lado dos deuses quanto pelos humanos e valquírias. Mas, por hora, isso não era algo de importância que provocasse preocupação.

"Acredito que não estamos pensando no mesmo, caro demônio." Disse a deusa ao mesmo tempo que se afastava alguns passos para criar um portal, mas que, dessa vez, não crescia de maneira acelerada de um abrir e um fechar de olhos, mas lentamente de dentro para fora. "Eu não estou falando em matá-lo."

Beelzebub não deixou de expressar o contrário com o rosto obscurecido: "Eu quero morrer."

"A morte é o meio." Retrucou, podendo ver do outro lado do portal a típica neblina que envolvia Niflheim. "Mas ela não é o que você realmente deseja, o resultado que você espera."

Não queria deixar sua curiosidade aparente, mas, ao que os indícios apontavam, a deusa do universo parecia tender a falar em enigmas cansativos. Umedeceu os lábios, sentindo a textura das fissuras consequentes de seus descuidos rotineiros, antes de suspirar e questionar o que fosse que aquela divindade estava querendo dar a entender.

"E o que seria?"

A deusa o encarou profundamente, sem qualquer segunda intenção que sempre carregava quando conversava diretamente com as divindades ou com as valquírias. Um brilho contido surpreendeu o demônio, que não sentia desde aquele fatídico instante; sinceridade genuína, como ele via em Hades ou até mesmo no humano com o qual lutará no Ragnarok.

"Você quer ser livre, Beelzebub."

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Envolvendo cada parte de seu corpo divino, a água unia-se como se fosse um único ser, uma única existência. Talvez não fosse errado dizer isso, pois ele podia sentir os mares, os oceanos, os riachos... Até as gotas caindo continuamente das rochas de uma caverna nas profundezas de uma montanha.

𝐍𝐈𝐅𝐋𝐇𝐄𝐈𝐌 ʳᵉᶜᵒʳᵈ ᵒᶠ ʳᵃᵍⁿᵃʳᵒᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora