- Ele é irmão de um cara que costumava ser um dos meus melhores amigos.
Costumava ser?.
- Jack e nós dois éramos como unha e carne. As nossas mães costumavam nos chamar de problema em triplo. O Jack sempre foi o mente suja, mas a gente sempre seguia as ideias malucas dele. Até os nossos professores perceberam e começaram a tentar nos separar pra não atrapalhar a aula. -ele ri e eu rio com ele.
- Eu realmente não consigo imaginar você se metendo em confusão.
- Ah, pode acreditar. O Jack sempre teve umas ideias bem criativas pra pegadinhas, e eu e Kyle sempre ficavamos ansiosos pra ver como elas se saiam.
- Então, vocês eram basicamente os brincalhões da turma?.
- Tipo isso. Foi só depois de completar dezoito anos que a gente percebeu que precisava fazer algo de útil nas nossas vidas. Nenhum de nós tinha as melhores notas e nem pretendia ir pra faculdade.
- Foi quando você decidiu servir nas forças armadas?. -owen concorda, e seu rosto fica triste.
- No início, a ideia foi minha de entrar pra Marinha, então a gente se alistou e logo nos mandaram para o Afeganistão, nós três. Se eu soubesse como as coisas iam terminar, nunca teria pedido que fossem comigo. -ele fica quieto por uns minutos, então espero pacientemente que ele continue.
- Teve uma granada. .. -owen coloca a cabeça entre as mãos.
- Eu não a vi, e acho que nenhum de nós viu. -o semblante torturado nos olhos dele faz meu coração apertar de dor.Vou até onde ele está e passo meus braços em volta da sua cintura. Ele hesita por um momento, mas então sinto seus braços fortes me puxando para mais perto. A voz de Owen sai quase como um sussurro quando ele finalmente volta a falar.
- A granada explodiu em metade dos nossos homens, e os tiros que deram depois terminaram o serviço. Foi como uma cena de um filme de terror.
- Ah, Owen. .. Você também foi atingido?.
- Em algum momento, uma bala atravessou o meu ombro, mas eu nem senti isso acontecer. A adrenalina me deixou incapaz de ouvir ou sentir qualquer coisa. Eu me lembro de cambalear até recuperar o meu equilíbrio, e depois tentei encontrar o Jack e o Kyle.
- E encontrou?. -ele acena com a cabeça.
- Levou um tempo, porque todo mundo estava abaixado pra se proteger. Eles não paravam de atirar em nós. A gente teve que esperar quase um dia inteiro pros reforços chegarem. Foi um dos dias mais longos da minha vida.
- Vocês tiveram que ficar lá enquanto atiravam em vocês durante um dia inteiro?.
- Não tinha pra onde correr. Era uma planície aberta, além das colinas e pedras perto dos nossos caminhões.
- Meu Deus, isso deve ter sido muito assustador.
- A gente já tinha se acostumado. Felizmente, eu consegui achar o Jack bem rápido. Foi nesse dia que ele perdeu a perna. -meus olhos se arregalam.
- Ele estava caído embaixo de um dos caminhões, mas xingando como um marinheiro.- Por algum motivo, isso não me surpreende.
- Sim, ele tem uma boca bem suja. Eu tive que arrasta-lo para fora de lá e carrega-lo nos meus ombros enquanto ele gritava e me xingava, enquanto ele dizia para eu o deixar lá morrendo. Eu não conseguia parar, não até encontrar o Kyle. Não me importava se fosse atingido, tudo o que importava era tirar os meus melhores amigos de lá.
Quando olho para o rosto de Owen, fico surpresa ao ver lágrimas se formando em seus olhos.
- Ele era um dos soldados no meio do tiroteio. Continuei chamando quando finalmente o vi, mas depois de um tempo ele parou de responder. Eu nunca tirei os meus olhos dele. Só quando os reforços chegaram que eu pude me aproximar dele. Tinham estilhaços presos no peito, e ele chiava enquanto lutava por ar. Mas ele conseguiu me ver. Ele me viu, e eu pude ver alívio nos olhos dele. Pensei que ia ficar feliz se eu fosse lá para salva-lo.
Owen solta um sorriso triste.
- Mas assim que vi as feridas no peito dele, sabia que era o fim. Ele me implorou pra acabar com o sofrimento dele. Acho que ele ficou esperando a noite toda pra morrer. -owen fecha os olhos com força.
- Essa é a lembrança que me assombra quando durmo. Olhando pra trás, sempre me perguntarei se eu podia ter feito mais, mas era muito sangue. Ele me implorou pra dizer aos pais dele que os amava e que lutou o máximo que pôde até o fim.
É claro que eu ia contar a eles, ele nem precisava pedir. Agarrei na mão dele e depois ele sussurrou um "por favor" uma última vez. ..- .. .Eu atirei na cabeça dele.
Meu coração se parte com o que vejo na minha frente.
- Owen, você fez o que tinha que fazer. Não foi culpa sua.
- Eu matei o meu melhor amigo, Idalia, e tenho que viver com isso pelo resto da vida. A família dele nunca me culpou, mas eu me culpo todos os dias. Eles não deviam ser lembrados de que eu vivi enquanto o filho deles morreu. Por isso não consegui falar com o irmão dele quando vimos ele hoje mais cedo.
- Para com isso!. -eu me empurro contra o peito dele, e ele tropeça pra trás, surpreso.
- Você sabe quanta força precisou ter pra fazer o que fez? Você não o matou, Owen, você o salvou! Ele estava morrendo e sentindo muita dor. Você mesmo disse que não tinha nada que pudesse fazer!.- Mas. ..
- Não tem "Mas"! Não existem muitas pessoas que conseguiriam fazer o que você fez. Ele podia ter sofrido mais por horas, talvez até dias, até que o coração finalmente parasse. Que tipo de vida teria sido essa?. -owen pressiona firmemente sua boca, com uma intensidade no olhar.
- Você o amava muito, Owen. Você o amava o suficiente pra livra-lo da dor.Sinto meus olhos lacrimejarem, e o Owen me puxa para seus braços.
- Você o salvou, e ele sabe disso.
Não sei por quanto tempo nós ficamos lá, mas estávamos perdidos no abraço um do outro. Em certo momento, Owen sussurrou para mim.
- Obrigado, Idalia.
Quando fui dormir algumas horas depois, o Owen já estava em seu colchonete.
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Owen Bodyguard
ChickLitO que acontece quando o homem escolhido para proteger a vida de Idalia de repente se torna a única coisa que ela mais deseja?!.