Amy Grace 5

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Não sei ainda por que estou acordada há um tempão esperando o Elliot chegar, estou com tanta raiva do seu toque no meu corpo, perdi as contas de quantas vezes eu rezei para ser perdoada do meu pecado

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Não sei ainda por que estou acordada há um tempão esperando o Elliot chegar, estou com tanta raiva do seu toque no meu corpo, perdi as contas de quantas vezes eu rezei para ser perdoada do meu pecado. Fico lembrando dos seus dedos grandes me tocando lentamente, mexendo em lugares que jamais alguém tocou.

Vejo a maçaneta da porta girar, ele entra no quarto com seu cabelo ondulado bagunçado e cheiro forte de gasolina, está usando uma jaqueta de couro com touca e segurando roupas e uma toalha.

— Não estou dormindo, por que chegou tão tarde em casa? — perguntei.

— Eu precisava resolver umas coisas — ele respondeu.

— Você está fedendo a gasolina, espero que não esteja fazendo merda.

— Eu não estava, relaxa.

Não acredito no que ele fala, não tem como acreditar que uma hora dessas ele estava trabalhando. Eu não confio no Elliot porque sei que ele é um babaca.

— Vou tomar banho no seu banheiro.

— Por que não vai tomar no seu? — Perguntei.

— Porque Ethan está dormindo, não quero perturbar-lo.

— E pode me perturbar?

— É claro que sim, você é minha, esqueceu? Está aqui para me servir — ele disse rindo.

Revirei os olhos.

— Acho que você precisa de um psiquiatra — falei.

Ele entrou no banheiro, depois de alguns minutos saiu sem camisa, com seu abdômen forte, cabelo molhado. Ele usava a toalha para enxugar os fios. Jogou do meu lado na cama, como se fosse dele.

— Seu lugar é na poltrona, sai da minha cama. Achei que tivéssemos um acordo, você dorme na poltrona e não perturba o meu juízo durante o dia.

— Ai, não seria um castigo, estou muito cansado, preciso dormir em uma cama hoje.

Ele realmente parecia muito cansado, ele apagou segundos depois, dormiu do meu lado com facilidade, o que me deixava ainda mais fora de mim, era me sentir protegida com ele ali.

Acordei sentindo meus lábios serem tocados por uma mão pesada e quente, ele estava me olhando como se fosse me atacar. Se aproximou do meu rosto pronto para me beijar, então eu virei o meu rosto.

— Você é minha, seus lábios são meus, posso beijar quando eu quiser — ele disse.

— Elliot, meus lábios serão do meu marido, eu nunca beijei antes — falei enquanto pedia perdão mentalmente.

— Não sabia que freiras mentiam, você não terá marido, Amy, seu castigo vai ser me ter pelo  resto da sua vida.

Eu arregalei os olhos, como sabe que estou mentindo?

— Como sabe que é mentira?

— Você não lembra? 12 de novembro há 7 anos atrás? — ele perguntou.

Como poderia esquecer essa data?

7 anos atrás.
Era um dia não tão normal para mim, eu não tinha amigos, e a única pessoa que falava comigo estava me fazendo sofrer, e o pior de tudo, eu nunca soube o porquê. Elliot tinha acabado de perder a mãe, parecia revoltado com a vida, e na escola gostava de jogar toda essa revolta em cima de mim, logo eu, que sempre estive ao seu lado.
Lembro-me dele me puxando para o meio do corredor da escola e gritando "olha, a freira chegou", parece que ele tinha o prazer em me expor ao ridículo. Mas essa nem foi a pior coisa que ele já fez comigo, já me jogou na piscina da escola, me fazendo ficar toda molhada, eu não podia ir para casa porque tinha prova, eu fiz a prova com as roupas encharcadas.
Mas no dia 12 de novembro, algo aconteceu, as meninas da turma se juntaram para falar comigo do nada, elas me chamaram para estudar na casa de uma delas naquele dia, eu fui toda empolgada, achando que tinha feito amigas, liguei para os meus pais dizendo que voltaria tarde para casa. Ao chegar, nos sentamos no quarto e elas começaram a falar sobre homens. Percebi que nós não estávamos ali para estudar. Elas diziam o quanto era bom fazer sexo, cada uma respondeu com quantos homens elas já tinham ficado, até que chegou a minha vez, eu fui sincera e disse: "Nunca fiquei com nenhum homem, nunca nem beijei."
Foi então que elas começaram a rir, de dentro do closet saíram três meninos da escola e disseram "Ganhamos", eles apostaram que, se eu fosse virgem, os meninos ficariam comigo, sem o meu consentimento. Eu fiquei muito assustada, os três vieram na minha direção, eu pensei rápido naquele momento, o quarto não era no segundo andar, então eu pulei a janela como uma louca, corri pela rua para fugir deles, eles gritavam: "Queremos ver o que tem debaixo desse seu vestidinho longo, queremos te ajudar a tirar sua virgindade." Eu estava em desespero, alcancei um local da rua que era mais escuro, uma mão me puxou forte, me levando para detrás de um carro com uma enorme árvore.
Estava tudo escuro, eu não conseguia enxergar nada, vi os meninos correndo sem perceber minha presença ali, tentei olhar mais de perto o menino que tentou me ajudar, o capuz enorme tampava o seu rosto, ele colocou as mãos nos meus olhos, deu um beijo suave nos meus lábios e disse "Agora você não precisa mais dizer que nunca beijou". Depois disso, ele colocou uma venda nos meus olhos e me levou vendada até a minha casa, eu nunca mais o vi.

— Como sabe sobre o que aconteceu há 7 anos?

— Porque fui eu quem te beijei, foi ali que te selei como minha, ali você foi decretada meu objeto.

— Como sabia sobre o que os garotos iam fazer comigo? — perguntei.

— Eu escutei eles conversando, dizendo que estavam loucos para te ver por debaixo do vestido, eles sempre te desejaram freira, eu sabia que você era virgem e que nunca tinha beijado ninguém, você mesmo me contou isso antes de a minha mãe morrer.

É verdade, nos costumávamos trocar segredos quando éramos amigos, falávamos sobre tudo, saiamos juntos, às vezes não acredito no que o Elliot se tornou, em um homem que por algum motivo acha que tem direitos sobre mim.

— É melhor a gente se arrumar para ir para a faculdade, você está falando besteiras demais — eu disse.

Ele saiu do quarto, me senti aliviada para poder me trocar, apesar de infelizmente ele ter visto minha intimidade. Desci, minha mãe não está em casa hoje, ela trabalha como fisioterapeuta a domicílio, parece que ela foi em outra cidade para atender uma cliente. Elliot e Ethan desceram.

— Acho que nunca te perguntei, mas com o que o seu pai trabalha?

— Eu também nunca tive curiosidade de saber, antes de a minha mãe morrer, ele dizia que era uma empresa de vendas, mas nunca me falou o que ele vendia. Agora, eu não tenho interesse em nada sobre ele — disse Elliot.

Fomos para a faculdade, vi que tinham muitas pessoas na porta, algo estava acontecendo, andei rápido para me encontrar com a Avni.

— O que houve? — Perguntei.

— Parece que ontem à noite colocaram fogo na casa do professor Jorge, ele quase morreu, está no hospital agora.

— Mas foi algum acidente doméstico?

— Pelo que disseram,alguém jogou gasolina na casa dele. Apolícia ainda está apurando os fatos.

Então juntei as peças, será que ele é capaz de fazer algo assim? Ele passaria dos limites a esse ponto? Não pode ser, não acredito nisso. Fui até o Elliot, que estava conversando com os seus amigos, e o chamei.

— Preciso falar com você agora.

— Está andando com a freira agora, Elliot? — Perguntou Elijah rindo.

— Cala a porra da boca, só eu posso chamá-la assim — ele respondeu.

Ele me seguiu um pouco irritado, fomos até uma área mais vazia.

— Onde você estava ontem? — Perguntei nervosa.

— Já disse que não te interessa — ele respondeu.

— Então só me confirma, Elliot, você não tem nada a ver com isso, não é?

Ele ficou em silêncio, então eu sabia qual era a resposta dele, como ele pode tentar assassinar alguém.

— Não entre mais no meu quarto, não quero você perto de mim. Você é sujo, é imundo.

Ele riu.

— Você acha que manda em alguma coisa aqui, freira de Saler Viw? Você não sabe as porras que aquele merda fazia, e outra, você é tão suja quanto eu.

— Eu sou suja? Você voltou para a minha vida, se instalando dentro da minha casa. Eu sempre tentei ser a melhor pessoa, Elliot, eu tive um pai maravilhoso que me ensinou a ser quem eu sou, e uma mãe boa, do bem, que sabe como tratar as pessoas.

Ele socou a parede depois de eu ter falado da minha mãe.

— Você não é santa, Amy, você erra igual a todo mundo, pare de viver como se fosse perfeita, como se fosse a escolhida para alguma coisa. ESCUTE BEM, VOCÊ NÃO É ESPECIAL, o mundo exige um pouco de maldade às vezes — falou com os músculos tensos.

— Não, ele não exige maldade!

— Você vai parar de cuspir para baixo e uma hora você vai deixar essa porra de cuspi cair bem na sua cara. Eu cansei de ser bonzinho com você, eu estava com pena. Agora vou te fazer sentir o inferno sobre a terra.

Ele se aproximou do meu rosto, puxou o meu queixo para cima e disse:

— Você está fodida, freira, vai ter que dobrar suas rezas, porque eu não vou só estraçalhar você fisicamente, vou estrangular a sua alma até ela pedir socorro.

Apontei meu crucifixo para ele e comecei a rezar.

— Você está possuído, deixou o mal consumir a sua mente.

Eu ainda não sei por que Elliot tentou matar o professor, mas não importa o motivo, ele é louco. Tenho que tentar ficar longe dele, se não acabarei deixando suas loucuras tomar conta de mim. Não entendo porque não consigo parar de pensar nele, como posso deixar esse maluco entrar na minha cabeça desse jeito?

Eu não peguei carona para casa com ele, estou muito triste com tudo isso, fui andando até o cemitério para visitar o meu pai, sentei-me ao seu lado e fiquei por horas contando tudo para ele, expressei minha indignação pela minha mãe ter trocado ele tão rápido. Voltei para casa andando, tomei um banho e fiquei no quarto, não tranquei a porta porque, no fundo, queria vê-lo entrar por aquelas portas, esperei por horas, não sei o que ele está tramando, mas ele não entrou aqui essa noite.

Eu acordei de madrugada, eu não estava no meu quarto, eu estava em uma floresta, será que é um sonho? Coloquei meu pé para fora do colchão, senti a grama, isso não parece ser um sonho. Me levantei e percebi que estava com outra roupa. Por cima da minha camisola, eu estava usando uma roupa de freira, eu estava "fantasiada de freira", isso só pode ser obra do Elliot.

Andei pela floresta procurando uma saída, meu coração batia forte, eu estava com muito medo, estou perdida. Por que você faz isso comigo, Elliot? Por que me faz te odiar tanto? Escutei um barulho de galhos se mexendo.

— TEM ALGUÉM AÍ? Pode me ajudar? — Gritei.

— Tem certeza de que quer minha ajuda?

É a voz dele, eu reconheço de longe o seu timbre.

— Elliot? Para com isso, quero ir para casa.

O procurei, olhei entre as árvores, vi um vulto, um homem de jaqueta preta  com capuz, o vi entrando pelos arbustos, ele tinha um taco de beisebol, manchado de vermelho, o que é aquilo? Sangue?

Então eu corri para longe daquele local, mas vi outro entrando  rapidamente pelas árvores, também de jaqueta preta e capuz, o taco parece estar sujo de sangue.

— ELLIOT PARA COM ISSO AGORA.

Vi os três parados, um do lado do outro, jaqueta preta, capuz, máscara com caveiras, a primeira é branca, a segunda caveira é vermelha, a terceira máscara é uma caveira azul, seguravam tacos de baseball sujos de sangue.

Andei para trás, tentando sair de perto deles, eles começaram a andar também, então eu não tive outra alternativa, corri, corri o mais rápido que eu conseguia, segurava aquele vestido de freira enorme que me atrapalhava. Eu estava descalça, meus pés doíam de tanto pisar em pedras e galhos.

— Não corra de mim, freira.

— Eu sei que é você, Elliot!

Corri até encontrar uma estrada, pulei por uma cerca e alcancei a pista. Não estava passando nenhum carro, mas reconheci o lugar, é a estrada que precisamos pegar para chegar em Saler Viw, estrada no meio e floresta dos dois lados. Achei um carro parado do lado da pista, bati na porta e não tinha ninguém, então tive a "Brilhante ideia" de entrar debaixo do carro para eles não me encontrarem. Então, depois de alguns minutos, vi seus pés passando do carro, achei que tivesse me livrado deles, mas vi seus pés voltando e parando bem na frente do carro, eu fui pega, ele abaixou com seu rosto mascarado.

— Está fugindo de mim, Amy Grace?

Fui arrastada pelos meus pés para fora do carro, os três se juntaram, cada um segurando uma parte do meu corpo, eles me levantaram como se eu fosse um cadáver prestes a ser enterrado, eu me debati, mas não adiantou, só aceitei minha derrota. Fui levada de volta para dentro da floresta, me puseram em uma cadeira, amarraram meus braços, cada um de um lado do braço da cadeira, amarraram minhas pernas abertas, cada perna de um lado da cadeira.

O de máscara vermelha se aproximou de mim, apontou o seu taco de baseball no rosto.

— Bem-vinda ao ritual da fogueira.

— Eu reconheço sua voz, Elliot — falei.

— Sabe o que nos fazemos no rital? — ele perguntou.

— Não sei — respondi.

Eles jogaram álcool e fogo na enorme pilha de madeiras que tinha na nossa frente e uma enorme fogueira surgiu.

—Nós jogamos dentro da fogueira tudo de ruim que já aconteceu nas nossas vidas, coisas para nunca mais lembrarmos que existiu — falou o mascarado.

Então, o de caveira azul se aproximou jogando um cordão, o de caveira branca jogou um pingente e o de caveira vermelha jogou um álbum de fotos. Depois, eles colocaram uma venda nos meus olhos, fita na minha boca e começaram a levantar a minha cadeira.

— Por favor, não me joguem na fogueira ou vocês queimarão no fogo do inferno. Assassinato é um pecado grandioso — falei.

— Você vai queimar junto com a gente, Amy Grace, eu vou ter o prazer de te levar arrastada comigo.

É definitivamente a voz do Elliot, então começaram a balançar a cadeira para frente e para trás, meu coração estava acelerado, podia sentir o bafo quente da fogueira chegando nas minhas pernas.

— Vamos jogar a freira na fogueira — um deles falou rindo.

Ficaram vários minutos me balançando como se fossem me jogar na fogueira, eles riam e debochavam de mim. Até eu perceber que estavam zoando com a minha cara. Depois que eu parei de gritar e parar o divertimento deles, eles decidiram me colocar no chão. Tiraram as vendas dos  meus olhos e arrancaram suas máscaras. Liam na máscara preta de caveira branca, Elijah na máscara preta de caveira azul e Elliot na máscara preta de caveira vermelha, todos rindo como lunáticos.

— Vocês vão me pagar por isso, os três.

— Que isso, Freira, achei que você não fosse vingativa, achei que só rezasse — disse Elliot.

— Você é o culpado disso, está me fazendo te odiar ainda mais, seu babaca.

— Isso, Amy Grace, quero ver seu lado ruim.

Ele se aproximou do meu rosto.

— Vou entrar dentro de você com força e tirar toda bondade que existe aí, vou te arregaçar, freira, vou te fazer implorar por socorro — disse Elliot.

Não sei o que eu senti agora, mas minha calcinha ficou molhada do nada, suas palavras me arrepiaram como se eu tivesse sido espetada por alguma coisa, minha mente gritava "Reze por esse louco" mas meu coração dizia "Quero vê-lo me arregaçar com força".

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Meu inimigo é o filho do meu padrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora