DEPOIS DE LA PAZ, o roteiro turístico pela América do Sul a caminho de Machu Picchu incluía uma cidadezinha chamada Copacabana, situada à beira do Lago Titicaca, na fronteira entre a Bolívia e o Peru.
Fabiana, Beatriz e seus amigos se hospedaram em um albergue chamado "Imperador", localizado próximo à pracinha central. Logo pela manhã, o grupo tomou um desjejum com pães, ovos, vitamina, café com leite e geleia, oferecido pelo próprio albergue, depois, saiu em peregrinação para conhecer mais da cidade e o que ela tinha a oferecer a seu aguçado instinto aventureiro.
Judite era a mais animada para conhecer o Titicaca, contagiando todos os demais com as histórias que ela conhecia sobre a área fluvial. Segundo ela, aquele era o maior lago navegável do mundo e ficava localizado a três mil oitocentos e dez metros de altitude, com uma extensão de oito mil quinhentos e sessenta quilômetros quadrados.
Todos eles ficaram deslumbrados com a imensidão do lago e aproveitaram para tirar inúmeras fotos com as suas câmeras digitais. Moacir já estava no segundo cartão de memória da sua Samsung desde o início da viagem e pretendia enchê-lo de dados muito em breve.
— Acho que vou precisar comprar mais alguns cartões de memória pelo caminho — revelou ele, ainda de bom humor. — Ah, e pilhas também! Comprei mais de uma dúzia delas, mas pelo visto, vou precisar de mais!
Do Titicaca, os estudantes brasileiros partiram de um porto próximo de Copacabana rumo à Ilha do Sol, ou Isla del Sol, lugar considerado sagrado pelos Incas em tempos idos e onde se encontravam também os santuários das "vírgenes del sol", dedicados ao deus Sol.
— As lendas dizem que essa ilha era dedicada ao culto feminino — informou Juju, ainda em sua empolgação histórica por estar realizando aquele passeio com os amigos. — Nela, viviam as mulheres mais bonitas da região. Elas eram chamadas de "virgens do sol" e, pelo que se sabia, estas mulheres eram sacrificadas em santuários, em oferenda ao deus Sol.
Os estudantes haviam embarcado em um veículo que singrava as águas em direção norte. A Ilha do Sol ficava a mais de cento e oitenta quilômetros de distância de Copacabana, e a travessia completa de um ponto a outro demorava cerca de três horas. Além deles, outras pessoas de outras nacionalidades também navegavam sobre o barco alugado e alguns deles prestavam a atenção na conversa dos estudantes, embora para a maioria, o português fosse um idioma difícil de compreender.
— Ilha das virgens, hein? — Fabiana achou engraçado o termo e se voltou para a amiga, Beatriz, que corou na mesma hora por baixo do gorro que usava sobre a cabeça. — Melhor tomar cuidado por lá, Bia. Vai que alguém tenta te sacrificar!
Os demais começaram a rir incontrolavelmente. Até o piloto do barco deu uma olhadela para trás, com um semblante divertido no rosto carrancudo.
— Ah, cala a boca, Fabiana! — Beatriz tinha passado rápido de feliz para brava. Deu uma cotovelada de leve no flanco da ruiva, mas o casaco grosso que ela usava amorteceu o golpe.
— Ainda bem que nenhum feiticeiro ou bruxa malvada vai querer botar a mão em mim. Tô bem longe de ser elegível para os deuses pervertidos dessa ilha aí! — disse Sandra, com o seu sotaque santista carregado, estimulando mais risadas.
— Eu também — completou Isabela. — É melhor deixarmos a Bia e o Moa dentro do barco enquanto a gente visita a Ilha do Sol. Assim, ninguém corre o risco de ser sacrificado por lá!
As gargalhadas ecoaram na embarcação e foi a vez do rapaz de cabelos volumosos se pronunciar, com feição entre o debochado e o sarcástico na cara:
— Sinto desapontá-las, chicas, mas o papai aqui não é mais virgem desde o ensino fundamental!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rosa e Dália: O Despertar das Bruxas
FantasyFabiana Ferraz e Beatriz Diniz são amigas inseparáveis desde a infância. Motivadas pelo sonho de estudar Arqueologia e pelo desejo de se aventurar pelo mundo, elas embarcam em uma emocionante expedição universitária a Machu Picchu, no Peru. Lá, muni...