Capítulo 28 - Os segredos de Qumran

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NO HOTEL EM ISTAMBUL, Beatriz se pôs a estudar as informações que havia coletado a respeito dos Manuscritos do Mar Morto, enquanto Fabiana tomava banho no banheiro da suíte. Atenta à tela do iPhone fornecido pelo funcionário da petrolífera saudita Rux-Oil, a moça fazia algumas anotações à caneta num bloco de notas comprado recentemente, conforme lia mais a respeito das descobertas feitas acerca dos documentos bíblicos apócrifos.

"Os manuscritos incluem cerca de novecentos documentos que abrangem textos bíblicos, comentários sobre textos bíblicos, regras comunitárias, textos litúrgicos e hinos, além de tratados e obras apocalípticas. Aproximadamente 40% dos textos são cópias de livros da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento)", lia ela, à medida que concatenava as ideias a respeito de uma visita ao local onde parte daqueles documentos agora eram exibidos ao público.

Ainda estava absorta em seus estudos, sentada sobre uma das camas de solteiro do quarto, quando Fabiana adentrou o ambiente. Atrás dela, um rastro de vapor se evadia de dentro do box do banheiro. Os seus cabelos jaziam molhados nas costas e ela ainda estava enrolada em uma toalha branca, com ar feliz no rosto.

— Cara! Como é bom poder voltar a tomar banho num chuveiro de água quentinha! Eu não aguentava mais me lavar nos rios e riachos gelados de Machu Picchu. me sentindo como a uma neandertal que acabou de chegar à civilização!

— Não exagera, Fabi — disse Beatriz, com tom monocórdico. — Não vivíamos tão mal assim sob os cuidados da Pietra. Até que era agradável todo aquele contato com a natureza!

— Fale por si! Nunca pensei que voltar a me depilar com uma lâmina novinha em folha, depois de tanto tempo, fosse tão prazeroso! Eu já estava parecendo a Monga, a mulher-gorila do circo depois de meses morando no mato!

Beatriz riu, involuntariamente. Sacudiu o celular no ar e tentou continuar focada em sua busca pelo Tomo de Enoque.

— Eu vi aqui pelo site da instituição que parte dos Manuscritos do Mar Morto estão em exibição no Museu de Israel, em Jerusalém. Parece que criaram um tipo de santuário para os textos lá e que o local está aberto para visitação. Se queremos mesmo encontrar pistas daquilo que fomos incumbidas de achar, nós temos que partir amanhã cedinho para Khirbet Qumran.

— Acha mesmo que, depois de tantos anos, ainda haja algo escondido nas cavernas da região do Mar Morto que valha a nossa visita até lá?

— Não sei — respondeu Beatriz. — Mas, de qualquer jeito, esse lugar já estava na lista que a Pietra fez pra gente antes de sairmos de Machu Picchu. Não custa nada irmos até lá.

— Não quero dizer que não seria o máximo explorarmos de perto o lugar onde foram encontradas as relíquias religiosas mais importantes do século XX, mas é que desde Londres, nós não temos tido muita sorte em nossa busca. Ainda faltam sete lugares para visitar e a gente não chegou nem perto de encontrar nada que nos leve até o tal tomo.

— Nós precisamos esgotar todas as nossas alternativas, Fabi. Não sabemos exatamente onde foi o último local em que o tomo esteve na Terra antes de desaparecer completamente, mas precisamos descobrir rapidamente antes que Iolanda o faça. Pela descrição do bibliotecário em Hagia Sophia, a gente agora sabe que ela mesma anda procurando o tomo. A mulher não vai medir esforços para obter uma localização precisa do livro antes de viajar no tempo através da fenda mística que o Entremundos guarda. Se o seu plano for mudar a História que conhecemos de alguma maneira, toda a nossa realidade pode estar em perigo.

Fabiana já havia se despido da toalha úmida que cobria o corpo e se vestia com uma camiseta larga estampada com os dizeres "bem-vindo a Istambul" em turco. Havia comprado a roupa como um souvenir em uma loja em frente ao hotel e exibiu para a outra o caimento em seu corpo sinuoso.

Rosa e Dália: O Despertar das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora