No momento em que encostou seus lábios nos dele, Jimin soube que tinha cometido um grave erro de cálculo. Os cubos de açúcar cuidadosamente empilhados formavam apenas doces pilhas de mentiras. Ao insistir em tomar a iniciativa, ele disse a si mesmo que poderia satisfazer sua curiosidade e manter o controle.
Controle. Rá. Ele não podia controlar algo que mal compreendia. Da mesma forma que um fazendeiro do interior, que nunca viajou, não podia comandar um veleiro e traçar um curso para a lua.
Jimin não fazia a menor ideia de como navegar pela paixão. Contudo, em poucos momentos Jungkook começou a comandar a aventura. O seu beijo tornou-se o beijo dele. Uma série de toques leves, provocadores, da boca de Jungkook na sua. Ele saboreou o lábio superior, depois o inferior. Demorando-se, como se o beijo fosse um quebra-cabeça. Como se ele o considerasse cativante. Fascinante. Então ele abriu os lábios de Jimin e enfiou a língua entre eles. Oh. Oh, céus.
Jimin ficou abismado com a invasão, cambaleante com as sensações, mas não se atreveu a se afastar. Ao contrário. Ele se atreveu a se aproximar. Esse era seu primeiro beijo. Bom ou ruim, constrangedor ou satisfatório, lembraria dele pelo resto de sua vida. Mas, mais do que isso, Jimin queria que Jungkook também se lembrasse. Ele tinha se esquecido dele após o encontro casual na livraria. Dessa vez, Jimin estava decidido a se eternizar na memória dele. Não importava quantos beijos vieram antes do seu, nem quantos viriam depois – deste Jungkook teria que se lembrar. Sem hesitação. Sem timidez. Jimin queria dar o mesmo que recebia – ou morrer de humilhação tentando.
Quando o alfa aprofundou o beijo, o ômega mergulhou no abraço, deslizando as mãos pelos ombros dele até a ponta de seus dedos se encontrarem na nuca de Jungkook. O cabelo era curto ali, e Jimin passou os dedos pelos fios densos. O alfa gemeu com suavidade, e o som foi uma súplica. Ressoando desejo. Expondo vulnerabilidade. Então, com um grunhido, ele o pegou nos braços e levantou-lhe o corpo, trazendo-o contra o dele. O pijama fino era igual a nada. Os dedos de seus pés mal tocavam o chão. A língua de Jungkook acariciava a dele num ritmo ousado, sugestivo, e Jimin mal conseguia respirar.
O calor crescia entre os corpos, fundindo-os. A mão não machucada de Jungkook se fechou num punho possessivo, segurando e torcendo as costas do pijama. Ele não estava apenas liderando, mas dominando-o. Talvez essa fosse a intenção de Jungkook, esconder-se atrás da intimidade. Puxá-lo para perto como modo de mantê-lo à distância. Estranho. O ômega teria que refletir mais a respeito, quando refletir voltasse a ser uma opção viável. No momento, os beijos de Jeon Jungkook estavam apagando a mente dele. Era provavelmente isso que o alfa queria. De repente, ele o recolocou no chão. Quando se separaram, o impulso de Jimin foi baixar os olhos e se afastar devagar. Contudo, o ômega se obrigou a defender sua posição e sustentou o olhar de Jungkook.
Ele tinha dado seu melhor. Jimin sempre se lembraria disso. Mesmo que Jungkook não considerasse memorável o beijo, pelo menos ele mesmo saberia que não havia se poupado. Havia orgulho nisso. O ômega examinou o rosto dele à procura de sinais de aprovação ou desdém. A expressão de Jungkook, contudo, não revelava nada além de confusão.
– Cristo. – O alfa arregalou os olhos para Jimin.
A respeito a reações, Jimin não sabia como interpretar blasfêmia. Talvez Jungkook também não soubesse. O alfa tirou as mãos de Jimin de seu pescoço e as recolocou sobre os olhos de Jimin, virando-o pelos ombros e levando-o até a porta da cozinha.
– Volte para a cama, senhor Park. Isto nunca aconteceu.
[...]
Isto nunca aconteceu.
Não para ele, talvez. Mas para Jimin…?
Esse beijo aconteceu. De fato e de verdade, aconteceu, em todas as partes de seu corpo. Nos dias que se seguiram, o beijo ocupou quase toda sua mente. Jimin compreendeu, então, por que os serviços de Jungkook como amante eram tão requisitados. Toda sensatez o desertou quando os lábios do alfa tocaram os dele.

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A CONVENIÊNCIA DO AMOR
FanfictionLeia a SINOPSES desta história no primeiro capítulo do livro. Aos interessados, desejo uma boa leitura!