CAPÍTULO 32

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– Fugiram? – Jimin repetiu, na esperança de ter compreendido mal a governanta.

A senhora Choi desabou em lágrimas.

Jungkook não esperou pela confirmação. Ele correu para a casa e Jimin o seguiu. Juntos, subiram correndo até o quarto das meninas, que atravessaram para chegar à janela aberta. Uma escada de corda com nós pendia do parapeito até a rua.

Oh, não. Oh, Senhor.

Jimin correu para o baú das meninas e o vasculhou, frenético, até chegar ao fundo.

– Sumiu. – Como ele temia.

– O que sumiu?

– O pacote de Haneul. Eu o encontrei por acidente, semanas atrás. Ela tinha escondido dinheiro. Todas aquelas moedas formaram uma quantia significativa. Havia outras coisas, também, como mapas e horários de carruagens.

– E você não fez nada a respeito? Por Cristo, Jimin!

O ômega murchou diante do olhar dele.

– Não queria que ela soubesse que eu tinha encontrado.

– Você devia ter me contado. Devia ter confiscado.

– Ela teria feito um novo. A melhor maneira de evitar que ela fugisse era fazer com que sentisse que tinha um lar. E eu pensei que ela estava se sentindo assim ultimamente. Não consigo imaginar o que pode ter feito Haneul mudar de ideia.

Jungkook meneou a cabeça.

– As cartas. Só pode ter sido as cartas.

– Que cartas?

– Cartas de todos os colégios internos decentes da Inglaterra, aceitando a admissão das garotas. Eu as deixei sobre a escrivaninha na noite passada.

– Ah, não.

– Ela deve ter descido na esperança de embolsar um ou dois xelins e viu as cartas. – Ele passou a mão pelo cabelo. – Aonde elas terão ido?

– Não sei. Talvez em direção a alguma cidade portuária.

– Cidade portuária?

Jimin fechou os olhos por um instante, sentindo-se enjoado.

– Elas podem estar planejando se passar por alfas para arrumar trabalho em algum navio.

Jungkook soltou um palavrão imundo, digno do pirata mais malvado. Jimin xingou a si mesmo. Ele devia saber. Haneul não tinha participado do jogo de pirataria para atender aos caprichos de Jimin. Ela devia estar prestando atenção. Não só para adquirir as habilidades exigidas de um marujo, mas para saber como e onde conseguir trabalho.

Todo esse tempo Jimin lutou para fazer as meninas sentirem que tinham um lar. Na verdade, estava dando aulas de como fugir a Haneul – de um modo tão rápido e destemido que ninguém conseguiria encontrá-las.

Jungkook saiu do quarto com a mesma determinação que entrou e começou a descer a escadaria. Mais uma vez, Jimin o seguiu.

– Eu sinto muito – Jimin disse com a voz fraca. – É minha culpa. É tudo minha culpa.

Jungkook não diminuiu o ritmo para discutir a culpa.

– Vou mandar o cavalariço preparar um cavalo descansado. Vou começar pelas estalagens do sul, perguntar se alguém com a descrição das garotas comprou passagens, e, em caso afirmativo, para que destino. Se isso não der em nada… Bem, vamos esperar que não seja o caso.

– Eu vou com você.

– Não. Você só iria me atrasar, e um de nós deve ficar aqui para o caso de elas voltarem.

A CONVENIÊNCIA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora