CAPÍTULO 23

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Depois que o Duque Intrometido foi embora e levou seus planos de tortura felina consigo, Jungkook se voltou para Jimin, cruzando os braços sobre o peito.

– Bem, espero que isso encerre o assunto. Está convencido?

– Convencido do quê, exatamente?

– De que sou o pior de todos os tutores possíveis. De que não importa o que eu queira fazer, ou mesmo se eu amo essas garotas. Se eu me importo com elas, não posso assumir a responsabilidade de cuidar delas.

– Ah, isso? Não, não estou convencido de nada disso.

Jungkook deu um tapa na própria testa e gemeu.

– Jimin, vamos lá. Não consegui cuidar de um rapaz de 21 anos. Não foi um caso em que meu primo se meteu numa encrenca juvenil. Eu não consegui mantê-lo vivo.

– Jungkook. Eu sinto muito – O ômega disse, sua expressão ficando terna e a voz ainda mais doce.

– Maldição, não sinta.

– Por que eu não deveria sentir? Você perdeu o primo num ato trágico de violência. É natural sentir compaixão.

– Você não prestou atenção? Dei minha palavra ao meu tio. Prometi que ficaria de olho nele. E quebrei a promessa, no pior lugar possível, no pior momento possível. Ele foi esfaqueado do lado de fora de um antro de jogatina e sangrou até a morte num beco. Sozinho. E onde eu estava? Numa estalagem sórdida com uma ômega cujo nome nem sei. Então não arrume desculpas para mim.

Jimin deu um passo na direção dele.

– Eu…

– Estou falando sério, ômega. – Jungkook o manteve à distância com o braço estendido. – Não faça isso, Jimin. Não tente colocar minha cabeça no seu colo e beijar minha cabeça aflita e acariciar meu cabelo. E me dizer que não tenho culpa, que sou incompreendido.

Jimin franziu o nariz.

– Eu não pretendia fazer nada disso, não.

– Oh! – Jungkook exclamou. – Tudo bem, então.

Droga.

O ômega sentou no divã e bateu com a mão no lugar ao seu lado, convidando-o a sentar. O alfa não conseguiu recusar. O que não foi surpresa, já que Jungkook nunca conseguiu resistir a um convite de um ômega para se aproximar. E essa era a raiz de todos os seus problemas. Jimin se virou para encará-lo, apoiando o cotovelo no encosto do divã e o queixo na mão. O ômega estava lindo e pensativo, e até mais lindo por estar pensativo.

– Você cometeu um erro – Jimin disse. – Que não foi pequeno. Um erro grave, com consequências terríveis. Quebrou a promessa feita ao seu tio, e deixou seu primo sozinho quando deveria ter ficado ao lado dele. Você empunhou a faca que derramou o sangue dele? Não, embora não estivesse lá para evitar o fato.

Jungkook engoliu em seco um bolo que sentia na garganta.

– Se você se sente culpado, não vou tentar dissuadi-lo. Na verdade, eu o respeitaria muito menos se você não sentisse arrependimento.

– Como assim, você me respeitaria menos? Quando você começou a me respeitar?

– Não sei ao certo. Mas deve ter acontecido em algum momento. Se eu já não o respeitava antes, quando você salvou Millicent no Serpentine conquistou o respeito.

– Aquilo foi pura teimosia. Aquela boneca maldita não podia morrer para sempre. Não se eu pudesse evitar.

Jimin abriu um sorriso contido.

A CONVENIÊNCIA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora