CAPÍTULO 11

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– Deite na cama para mim.

De seu lugar na beira do colchão, Jong-suk o encarou.

– Isso não está no meu contrato de emprego.

– Apenas deite, sim?

Jong-suk obedeceu.

– Sabe, só estou fazendo isso porque são cinco horas, e dou mais valor a jantar na hora certa do que à minha dignidade.

– Não, não. Assim não. De lado, olhando para mim. Apoie-se num cotovelo e descanse a cabeça na mão.

– Você vai me desenhar como um dos seus ômegas franceses?

– E tire as botas do colchão. É novo. Da melhor qualidade que um libertino desavergonhado pode comprar.

Jong-suk revirou os olhos.

– Agora. – Jungkook levantou um espelho com moldura dourada e o colocou na parede em frente à cama. – Diga-me, consegue se ver?

– Em parte.

– Que partes? As partes boas?

– É isso. – Jong-suk se sentou. – Para mim, chega.

– Vamos lá, amigo. Não posso fazer isso sozinho.

– Bem, não posso administrar a propriedade Belvoir sozinho. Você é quem tem poder de decisão. – Ele suspirou e se rendeu. – Um pouco para a esquerda. Agora para cima. Mais um pouco. Não, não. Foi demais.

Jungkook sofria com o peso do espelho.

– Dá para se apressar, por favor?

– Incline um nadinha para a frente… pronto.

– Não quer demorar mais um pouco? – Jungkook tirou um pedaço de giz do bolso e marcou o canto. Então baixou o espelho com um gemido de alívio.

– Agora – Jong-suk disse –, precisamos falar do administrador da terra em Belvoir. Ele pode ser um gênio da rotação de lavouras, mas não consegue escrever um relatório que valha cocô de cabra. Você precisa ir falar com ele e acertar a situação.

Jungkook verificou suas marcas com um nível e martelou dois ganchos na parede.

– Temos dezenas de outros assuntos precisando de atenção. De qualquer modo, a plantação do verão já está feita.

– Na verdade, a plantação ainda não estava feita quando levantei essa questão. Em fevereiro. Você vem evitando a discussão há meses.

– Eu não venho evitando a discussão. – Ele ergueu o espelho de novo, pendurando-o nos ganchos. – Eu venho evitando meu tio.

– O duque está muito doente, nem vai saber que você está lá.

– Ele vai saber que estou lá – Jungkook disse em voz baixa. – Ele sempre sabe que estou lá.

Ansioso para mudar de assunto, ele se virou e colocou as mãos na cintura, admirando seu trabalho. A Caverna de Devassidão estava, enfim, completa. Agora era só começar a fazê-la merecer o nome.

– Muito bem – Jungkook disse. – Em breve vou fazer a viagem até Belvoir.

– Excelente. Vou colocar uma data nessa promessa, espero que você a cumpra. – Jong-suk levantou da cama, pegou o chapéu e se encaminhou para a porta. – Mas isso vai ficar para amanhã, pois já vou chegar atrasado para o jantar.

– Dê um beijo em Yeo-been por mim.

– Não vou dar coisa nenhuma – Jong-suk disse, fechando a porta atrás de si.

A CONVENIÊNCIA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora