CAPÍTULO 29

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Jungkook estava sentado diante de sua escrivaninha com um copo de conhaque, organizando as cartas que tinha recebido dos diretores das melhores escolas internas para ômegas da Inglaterra. Todas aceitando suas pupilas, é claro. A promessa de uma doação generosa para a escola funcionava maravilhosamente.

Ele estava perdido quanto ao melhor critério para escolher. Filosofia acadêmica? Popularidade entre as famílias mais ricas? Proximidade de Londres ou Belvoir? Depois que já tinha organizado e reorganizado as cartas de quatro maneiras diferentes, seu dilema ficou claro. A questão não era escolher para onde enviar as meninas. A questão era se ele conseguiria enviá-las para qualquer lugar.

Ele foi tirado de sua reflexão por passos apressados descendo a escadaria. Observando de sua escrivaninha, ele viu uma figura de branco passar correndo, o cabelo preto esvoaçante. A porta da frente foi aberta e depois fechada com estrépito. Ou Jimin acabava de sair correndo da casa, ou um fantasma estava se divertindo. Jungkook não acreditava em fantasmas. Ele levantou e o seguiu, saindo pela porta para o ar fresco da noite.

– Jimin? – Ele se virou para todas as direções. Nenhum sinal do ômega. Ele ergueu a voz. – Jimin?

– Estou aqui.

A voz veio do gramado no centro da praça. Foi só depois que ele atravessou a rua e esquadrinhou o jardim que conseguiu localizá-lo. Jungkook o encontrou ao quase tropeçar nele.

– Jimin, que diabos você está fazendo deitado na grama em seu pijama no meio da noite?

– O cometa. Pode ser um. – O ômega chutou a bota dele. – Agora faça o favor de voltar para casa. Está bloqueando minha visão do céu.

Em vez de voltar, Jungkook deitou-se ao lado dele.

– Já disse, volte para a casa.

– Não vou deixar você aqui sozinho.

Jimin estremeceu ao lado dele.

– Como quiser, então.

– Se isso é um cometa, você não precisa do telescópio?

– Não para essa parte. É um borrão definido. Não está relacionado entre os objetos de Messier e eu não o encontrei na minha lista de cometas identificados. Agora preciso observá-lo para ver se ele se move no ritmo das estrelas.

– Que parte do céu estamos observando?

– Acompanhe a linha do meu dedo. – Jimin se aproximou dele e apontou o braço para o céu. – Está vendo o triângulo de três estrelas? É aquele borrão minúsculo acima do ponto inferior. Consegue ver?

– Acho que sim.

Na verdade, Jungkook não conseguiu ver nada além do pontilhado de estrelas, mas não quis decepcioná-lo. Ele queria fazer parte daquilo.

– Quanto tempo vai demorar para você ter certeza? – Jungkook perguntou.

– Uns quinze minutos, pelo menos. Talvez mais.

– Eu marco o tempo. – Ele abriu a tampa de vidro do relógio, tocando de leve os ponteiros com a ponta dos dedos para sentir qual a posição deles. Os dois ficaram deitados lado a lado, em silêncio, pelo que pareceu quase uma hora.

– Quanto tempo passou? – Jimin perguntou.

Jungkook consultou o relógio, sentindo-o com os dedos.

– Não estou bem certo. Se tivesse que arriscar, eu diria… uns três minutos.

O ômega gemeu.

– Isso é enervante.

A CONVENIÊNCIA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora