CAPÍTULO 14

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Jungkook o beijou com o fervor desesperado de um homem a caminho da forca. Agarrando-o e gemendo, apertando-o contra a parede. Ele envolveu a cintura de Jimin com uma mão e deslizou a outra pelo traseiro do ômega – a elevação redonda, quente e delicada, que Jungkook sentiu derreter-se em sua mão no dia anterior.

Jimin o deixou tão duro naquele momento, mas seu pau parecia determinado a se superar hoje. O ômega passou a perna por cima da dele. Jungkook foi descendo beijos pelo pescoço de Jimin – um pescoço lindo, impossivelmente delicado – até que o colarinho do casaco do ômega impediu sua progressão.

Ele sentiu um peso na consciência. A maioria das pessoas pensava que ele não tinha consciência, mas tinha. Ela emergia com a mesma frequência que a ilha perdida de Atlântida, mas ele possuía uma, bem lá no fundo. E essa consciência estava berrando com ele no momento. Mas então Jimin arqueou as costas, apertando o a carne farta de seu traseiro na mão dele e emitindo um gemido suave de súplica. Consciência? Que consciência? Tranquem as celas da prisão e joguem fora a chave. Deus, esse lugar fazia alguma coisa com ele.

A infâmia de séculos pesava no ar. Fantasmas aprisionados chacoalhavam suas correntes. Ele sentiu os ecos do sofrimento passado. O peso da culpa. Arrependimento opressor. Fome, desejo e solidão. Todas as mesmas emoções malditas que o mantinham prisioneiro todas as noites. Jungkook tinha passado anos trancado dentro de si mesmo. E com frequência demasiada, ter um ômega nos braços parecia-lhe seu único modo de fugir. Mas isso… isso era diferente.

Jimin era diferente. Este não era um momento que ele iria querer apagar da memória mais tarde. Pelo contrário. Ele desejava gravar o formato dos corpos deles, entrelaçados, na pedra, em meio a todos os nomes e datas e versículos da Bíblia, deixando uma marca que o tempo não conseguiria apagar.

O que Jimin tinha dito? Que todos nós queremos ser lembrados? Bem, Jungkook não iria inventar uma carruagem movida a vapor. Nenhum monumento seria erguido para seus feitos heroicos, e ele tinha jurado não ter nenhum filho. Mas mesmo que tudo que sobrasse dele fosse esse abraço, seria um legado do qual ele lembraria com orgulho. Neste local, em 1817, o senhor Jeon Jungkook deu à Park Jimin o beijo mais apaixonado, mais erótico, mais profundo da história.

Enquanto o beijava com ardor, Jungkook o ergueu, tirando os pés do ômega do chão e prendendo seu quadril na parede com o dele. Jimin o fitou, seus pulmões se esforçando para respirar, os olhos vítreos.

Jungkook colocou a mão entre os corpos, encontrando os botões do casaco de Jimin. Ele começou a soltá-los um por um. A tarefa foi fácil e ele compreendeu o porquê. Jimin só tinha aquela jaqueta, que tinha usado tantas vezes que as casas dos botões ficaram frouxas. Ele supôs que essa evidência tangente da pobreza do ômega fosse conveniente. Muitos alfas da mesma posição social que ele viam a pobreza do ômega como permissão para abusar de seus favores. Contudo, Jungkook não sentiu o mesmo. Enquanto soltava o último botão, ele se sentiu irritado e protetor.

Jimin merecia mais do que isso. Um ômega solteiro, jovem, da classe dele vivia sob ameaça, e um casaco puído era deplorável como proteção. Ele quis tirar a peça de roupa dele, jogá-la de lado e oferecer-se como protetor. Jungkook não era grande coisa, mas podia se pôr entre o corpo de Jimin e o mundo. Ele tocou o peito do ômega por cima da musselina da camisa, encontrando o mamilo que acariciou com o polegar, fazendo-o endurecer.

– Jungkook.

O tom de súplica na voz de Jimin o enlouqueceu. Ele abriu mais a jaqueta, afastando o lenço branco virginal, então enfiou os dedos por baixo da musselina da camisa de botões. Jungkook conhecia as camadas de roupas de um ômega tão bem quanto as suas próprias. Melhor do que as dele, na verdade, já que Jungkook tinha um criado pessoal para ajudá-lo com suas roupas.

Ele desceu uma das mangas da camisa pelo ombro. A estratégia lhe deu espaço suficiente para enfiar a mão por baixo do corset duro e da roupa de baixo de linho. Com um movimento hábil, bastante praticado, ele afastou o aperto do corset, e afastou ainda mais a camisa de Jimin, deixando seu mamilo eriçado a mostra.

Os olhos de Jimin palpitaram, fechando-se. O ômega mordeu o lábio, engolindo um suspiro. Jungkook teria gostado de ouvi-lo gemer e gritar de prazer. Mas havia algo no silêncio que era tão erótico quanto, se não mais. Ofegante, ele levou seus dedos grandes com suavidade até o bico rígido do ômega. Acariciando-o, adorando-o.
Jimin era tão pequeno, com uma estrutura tão delicada. O coração do ômega batia como o de um pássaro na mão dele. Tocar aquele mamilo era como tocar o coração dele com os dedos. E isso o aterrorizou.

Proteger o corpo de Jimin era apenas um impulso de seu lobo. Mas ele não podia assumir a responsabilidade pelo coração de Jimin. Jungkook interrompeu o abraço com uma brusquidão incomum, recolocando-o no chão. Um olhar desnorteado tomou o rosto de Jimin enquanto ele arrumava-lhe as roupas. Jungkook lamentava ter causado confusão ou decepção, mas dessa vez tinha ido longe demais. Na verdade, ele tinha se aproximado demais.

– Jimin – ele pigarreou –, isso…

– Nunca aconteceu – O ômega completou. – Eu sei. – Os lábios dele se curvaram num sorriso, mas seus olhos não acharam graça. Jimin ficou magoado.

Jungkook se sentiu pequeno o bastante para desaparecer numa fenda da parede. Bem, Jimin não deveria ficar surpreso. Jimin não tinha ilusões quanto ao tipo de alfa que ele era. Pelo menos não quando se tratava de ômegas. O ômega teve amplas evidências quanto ao caráter libertino dele desde o começo.

Aparentemente, era Jungkook quem precisava acordar. Muito bem, então. Ele sairia pela cidade e encontraria um ômega lindo, sofisticado e disposto, que levaria para seu retiro, onde testaria o colchão novo – e se livraria do desejo de apalpar o babá como um cachorro babão.

Era o que ele faria esta noite.

A CONVENIÊNCIA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora