2 - Capítulo

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A cama de Vegas na hospedaria Three Feathers era dura, o travesseiro, cheio de grumos, a cerveja, insípida, a comida, ruim, o serviço, lamentável, a taverna, barulhenta, e faltava certo asseio em tudo, embora o estabelecimento não fosse exatamente sujo. Se ele estivesse em qualquer outro lugar que não fosse a Tailândia, onde sua cabeça sempre o remetia a antigos padrões de qualidade, Vegas talvez houvesse considerado estar no berço do luxo.

Mas como estava em território Vietnamita, sentia-se profundamente irritado e desejava de todo o coração poder ir para Mansão maior Hall, em Bangkok, a casa de campo do irmão mais velho, o duque Kinn, onde com certeza seria mimado pelo restante do seu tempo de licença.

Mas antes ele precisava completar sua missão com o irmão do capitão Saengtham, e ainda não tinha ideia de quanto demoraria, ou o que poderia fazer além de oferecer conforto a ele em mais uma ou duas visitas. 

O Sr. Saengtham lhe dissera que não havia nada que pudesse fazer por ele, mas é claro que falara isso em um momento de profundo choque. O próprio Theerapanyakul ainda se sentia um tanto chocado pela mudança que o Sr. Saengtham sofrera em poucos minutos.

Em um instante estava vibrante, corado, os olhos brilhantes, um belo jovem, apesar das roupas simples e quase desalinhadas que usava e da aparência geral desarrumada, como alguém que estivera ocupado em alguma atividade ao ar livre, no minuto seguinte, ele se tornara uma versão fantasmagórica, pálido e apático de si mesmo. E fora ele quem provocara a mudança. Ah, a força das palavras! Nunca fora muito bom com elas.

Quando Theerapanyakul voltou ao Solar Saengthan's, na manhã seguinte, a pé e não a cavalo dessa vez, pois descobrira que a distância da estalagem para a casa era de menos de 2 quilômetros, sentia-se mais relaxado para apreciar os arredores. Afinal, já não estava preocupado com a parte mais desagradável de sua missão ali. Comunicar uma morte provavelmente era uma das tarefas mais infelizes de que alguém podia ser incumbido. Ele já fizera a mesma coisa por carta em várias ocasiões, mas jamais se vira obrigado a cumprir a missão em pessoa.

A propriedade Saengthan' s era bonita, com um solar antigo e agradável, o parque de bom tamanho e belamente arrumado. Parecia bastante próspero, embora as aparências muitas vezes enganassem. O capitão Saengtham, que não parecia ter nenhum vício caro, como beber e apostar, não pudera comprar patentes mais altas, como fizera a maioria de seus pares. Saengthan's talvez estivesse hipotecada até o último fio de cabelo. Seria esse o problema do irmão dele?

Mas será que a propriedade seria dele de fato? A quem pertenceria agora? O pai estava morto – Vegas descobrira isso no dia anterior. O capitão Saengtham a teria herdado? Poderia passá-la para o irmão? Enquanto subia o caminho que levava ao solar, as botas rangendo no cascalho, Vegas viu que havia pessoas no gramado diante da casa.

Duas eram mulheres – duas estavam de pé e uma sentada em uma cadeira. Também havia três crianças, todas sentadas no gramado. A mulher sentada tinha um livro aberto nas mãos. Ou lia para as crianças ou lhes dava aula. Devia ser a preceptora, concluiu Vegas.

Havia passado por ela ao deixar a casa no dia anterior, recordou-se. Uma mulher de pé, observando, era a senhora mais velha que fora confortá-la na véspera, está se apoiava em uma bengala, como no dia anterior, e ao seu lado o Sr. Saengtham.

Uma das crianças levantou os olhos e apontou na direção dele. As duas mulheres se viraram para olhar. Por um instante, pareceu que o Sr. Saengtham não o reconhecia. Vegas usava roupas civis. Ele saiu da passagem de cascalho para cortar caminho pela relva, e as duas mulheres vieram encontrá-lo. 

Vegas percebeu que o Sr. Saengtham estava pálido e com olheiras, provavelmente por não ter conseguido dormir bem, mas estava composto.


AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora