11 - Capítulo

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Pete não desceu imediatamente. Queria dar tempo para que chamassem o coche de aluguel que exigira. Não queria ter que esperar no saguão até que o veículo chegasse. Por isso, ficou andando de um lado para o outro na sala de estar dos suntuosos aposentos para onde a governanta a levara quando chegara, mais cedo. Sentia-se furioso e humilhado. Mais furioso do que humilhado. Com raiva dele. Furiosa consigo mesmo.

Falei para deixá-la em Saengthan's.

Como se ele fosse uma encomenda indesejada e descartável. Disse que não o queria aqui. De uma franqueza brutal, considerando o fato de que ele estava ali, ouvindo-o. Mas Pete sabia: nenhum dos dois jamais fingira desejar o outro. Ah, ele estava com tanta raiva de si mesma!


"Tenho, sim, o poder de comando sobre meu próprio marido".


Como ele tivera coragem! Nem chegara a perguntar... Como estava irado com ele! E o duque Kinn! O homem passara o dia todo de frente para ele na carruagem – pensando a respeito, era surpreendente que não houvesse exigido que ele viajasse de costas para os cavalos – em um silêncio arrogante na maior parte do tempo, falando sobre a família e sua história ilustre quando se dignava a conversar com ele, como se Pete fosse um pupilo ignorante e rude que precisasse ser educado em relação às coisas importantes da vida.

Ele não ficaria surpreso se descobrisse que, caso o duque se cortasse, a ferida vertesse gelo em vez de sangue. Era um homem horrível, que lhe dava arrepios.

Pete mal podia esperar para estar de volta em Saengthan's. Aliás, por que saíra de lá? Fora uma agonia deixar as crianças. Wave se agarrara a seu pescoço, inconsolável, mesmo depois que Pete o prometera trazer presentes. Jearn o encarara em um silêncio reprovador, como se dissesse que sabia o tempo todo que ele preferia se entregar aos prazeres de Pathaya a ficar com crianças que não eram suas e que mais ninguém quisera depois da morte dos pais.

Por fim, quando considerou já ter dado tempo bastante para que cumprissem sua exigência, Pete pegou a bolsa de viagem – o duque a instruíra a levar apenas algumas poucas mudas de roupa – e desceu as escadas em um passo determinado. Não foi fácil.

Pete acreditava que os dois irmãos poderiam estar parados ombro a ombro no saguão, morenos, ameaçadores e irritados, dispostos a ordenar que ele cumprisse seu dever. Mas encontrou apenas o mordomo rígido e pomposo, com mais dois criados, que imediatamente se adiantaram para pegar a bolsa que ela carregava.


– Há um coche de aluguel à minha espera? – perguntou Pete.

– Sim, milady. – O mordomo se inclinou em uma referência e abriu as portas da frente.

– E o cocheiro sabe para qual estalagem deve me levar?

– Sim, milady.


Pete passou apressado pelas portas e desceu os degraus até o pátio, o queixo erguido, enquanto pensava sem a menor lógica que ele poderia ao menos ter aparecido para se despedir. Então viu que o marido aparecera. Estava parado ao lado da porta da carruagem e o cocheiro já havia se acomodado.

O coronel abriu a porta quando ele se aproximou e Pete entrou sem sequer olhar para ele ou usar como apoio a mão que o marido lhe estendia. Estava decepcionado. 

Sim, era isso. Começara a gostar dele em Saengthan's. 

Ao mesmo tempo, sentia-se culpado e humilhado... Acabara complicando a vida do coronel ao aparecer sem aviso quando ele achava estar livre dele para sempre.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora