4 - Capítulo

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Esdou buito belhor, senhor – disse Nop. – Bosso brebarar dudo em um biscar de olhos. 


Vegas, que estava de pé em seu quarto na estalagem, de costas para o ordenança, fechou os olhos. Depois de alguns instantes, ele proferiu em voz alta todas as palavras feias, obscenas, blasfemas e vulgares que tinha em seu vasto vocabulário. Nop fungou.


– Assoe esse maldito nariz – ordenou Vegas. Nop obedeceu, soando como um trompete rachado ao fazer o que o patrão mandara. – Minhas roupas civis – pediu Vegas, começando a abrir os botões do paletó vermelho.

– Suas roupas de montaria? – perguntou Nop.

– Não, não as roupas de montaria, maldição – respondeu Vegas, tirando o casaco e jogando-o sobre as costas de uma cadeira, para que o ordenança lidasse com ele mais tarde. – Eu pedi roupas de montaria?

Dão, senhor – admitiu o ordenança. – Bensei que talvez houvesse tecitito bardir essa noite. - Ter assoado o nariz obviamente não desobstruíra de todo suas vias nasais.

– Pois pensou errado – retrucou Vegas, ríspido. – Eu o avisarei quando estiver planejando ir embora desta estalagem infernal.


Menos de meia hora mais tarde, ele estava usando roupas civis novamente – camisa branca e lenço da mesma cor no pescoço, paletó azul muito elegante, ajustado ao corpo, colete creme e calça amarelo-clara e botas de cano alto com detalhes brancos. Acabara de se barbear. E continuava com o mesmo mau humor de meia hora antes – pior, na verdade.

Vegas ainda não conseguia acreditar no que descobrira conversando com Ken Saengtham, de quem fora fácil extrair informações apenas lisonjeando-o com sua atenção, fazendo-lhe perguntas e demonstrando aprovação irrestrita a qualquer asneira que o primo do Sr. Saengtham dissesse. Teria ficado mais feliz se pudesse estrangular aquela doninha em forma de gente.

O velho Saengtham devia ser uma pessoa muito peculiar, pensou Vegas com desprezo, enquanto sentava-se para jantar no próprio quarto, pois não estava com disposição para aparecer na taverna.

Como não conseguira persuadir o filho ômega a se casar com nenhum homem de nível social mais elevado que lhe apresentara, o pai do Sr. Saengtham tentara exercer algum controle além-túmulo.

De acordo com o testamento que fizera pouco antes de morrer, Saengtham realmente deixara tudo para o filho por apenas um ano, antes que a herança passasse para o irmão dele – ou, em caso de morte do irmão antes desse tempo, para o primo. Mas ele também fizera uma oferta para fisgar o ômega. O Sr. Pete Saengtham poderia manter a herança para o resto da vida caso ele se casasse no correr daquele primeiro ano. Restavam apenas quatro dias antes do primeiro aniversário de morte do velho Saengtham.

Ken Saengtham estava prestes a herdar tudo. E, embora houvesse assediado o primo com pedidos de casamento quando era de seu interesse, agora que não precisava mais dele também não se importava com seus problemas. O Sr. Saengtham seria posto para fora de casa em quatro dias. Ken Saengtham não sabia nem se importava com o que seria feito dele.

A notícia da morte do irmão, dois dias antes, fora um golpe duplo para o Sr. Saengtham. Não havia dúvidas de que ele sentira profundamente a perda, mas a outra implicação daquela morte provavelmente contribuíra um pouco para a expressão abatida que assombrava o rosto dele desde então.

Ao que lhe constava, o capitão Saengtham havia deixado tudo para o irmão no próprio testamento e chegara a assinar documentos nos quais abria mão de qualquer direito sobre a propriedade de Saengthan's, em favor do Sr. Saengtham, pelo resto da vida dele. Infelizmente, sua generosidade de nada valera.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora