15 - Capítulo

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Por Júpiter, Pete conseguira! Só depois que o marido voltara para casa e contara sua história – e que a tia acrescentara a parte mais significativa – foi que Vegas percebeu quanto temera a semana toda que alguma coisa saísse errado e Pete fosse humilhado. Ele havia ficado longe dele a semana inteira, durante os dias e as noites.

Percebera a concentração do marido em isso dar tudo o que precisava aprender e praticar, e não quisera distrai-lo. E acabara, é claro, deixando-o livre também para seu grande ato de rebeldia.

Vegas estava feliz por Pete não ter se intimidado com a grandiosidade da família dele. Talvez fosse que ele mais temera quando Pete insistira em voltar The Green Man and Still para a Theerapanyakul House, em vez de ir para casa na diligência do dia seguinte. 

Ele acabara gostando dele em Saengthan's, chegara mesmo a admirá-lo, por mais estranhas que achasse as atitudes de Pete em relação aos órfãos, vagabundos e outros excluídos da sociedade.

Mas havia outro teste a encarar naquele dia e talvez fosse mais difícil do que a apresentação à rainha. Naquela noite, Pete teria que encarar a nobreza, teria que se misturar a eles, conversar, dançar com alguns.

E seria observado e julgado a cada instante. Vegas não tinha dúvidas de que a origem humilde dele já devia ser de conhecimento de todos. Vegas estava usando seu uniforme de gala, com sapatos de dança, assim como fizera na festa na hospedaria Three Feathers, poucas semanas antes. 

Quanto tempo parecia ter se passado desde então! Esperando por Pete para acompanhá-lo até o salão de baile. Ele não o fez esperar. A porta do quarto foi aberta no momento exato em que ele consultava o relógio sobre o console da lareira e via que ainda tinham uns bons quinze minutos antes do prazo de Kinn para que assumissem seus lugares na fila de recepção.

Pete parecia muito diferente do habitual e tão adorável que o fez perder o fôlego. Não havia a insipidez do cinza que usava tanto nem a severidade magnífica do preto absoluto. A roupa que usava agora era estreita, de cintura alta, bem cortado e atraente em sua simplicidade, no amarelo pálido de uma prímula. E flores bordadas enfeitavam a bainha delicadamente recortada e as mangas curtas e bufantes. Os sapatos combinavam com o vestido, enquanto o leque e as luvas eram marfim. Plumas de marfim e de prímula estavam presas aos cabelos dele, que haviam sido penteados para o alto e pareciam ainda mais belos do que o normal, com alguns cachos soltos caindo pela nuca e as têmporas dele. O colo estava à mostra acima do decote baixo do vestido raro de se ver o ômega usa e era um prazer para os olhos.


– Presumo – disse Pete – que esteja me olhando com mais aprovação do que fez esta manhã. Mas não tenho certeza. Sua expressão é sempre severa. - Aquela acusação começava a irritá-lo. No entanto, Vegas se deu conta de que o marido estava nervoso e, portanto, na defensiva. Ele não disse nada, apenas se aproximou e lhe estendeu um estojo de joias comprido, que estivera segurando desde que saíra do próprio quarto de vestir. – O que é isso? – perguntou ele, ao ver o estojo.

– Um presente de casamento – disse ele. – Não lhe dei nenhum quando nos casamos. - Pete franziu o cenho.

– Mas não estamos...

– Não vamos repetir aquela bobagem – disse ele. – Somos casados, Pete. Muito casados. Pegue.


Pete ainda hesitou, o olhar agora fixo no rosto dele. Vegas estalou a língua e abriu a caixa ele mesmo. Então ergueu a corrente de ouro em uma das mãos, pousou a caixa, foi para trás do marido e prendeu a joia ao redor do pescoço dele. Pete inclinou a cabeça sem dizer uma palavra enquanto ele lidava com o fecho. Quando Vegas terminou, ele segurava a pedra que pendia da corrente. Era um único diamante, sem nenhuma lapidação exagerada. Vegas decidira pela simplicidade para o marido.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora