Eu sempre venço. Fora o que ele dissera a Pete depois da partida, mas não estava se referindo ao jogo. E nem tinha certeza se era verdade. Ele realmente sempre vencia? Sempre vencera no que dizia respeito à honra, supunha.
Ao perceber seu erro em Mansão maior Hall, quando tinha 18 anos e se julgara pronto para se tornar o administrador das terras do duque Kinn, sentira vergonha de si mesmo e do modo como provavelmente aborrecera o irmão, que assumira o título fazia pouco tempo e sem dúvida sabia menos sobre a propriedade do que Vegas.
Poderia ter se oposto à decisão de Kinn de lhe comprar uma patente. O irmão não teria como forçá-lo a seguir a carreira militar, sobretudo porque Vegas tinha bens próprios e não precisava dele para seu sustento. Mas escolhera fazer o que considerara mais honrado e seguira uma carreira que costumava horrorizá-lo só de pensar nela.
Desde então, a honra havia sido a luz que o guiara – culminando em seu casamento com Pete naquele verão. Sim, ele sempre vencera no que dizia respeito à honra.
Mas isso o tornava um vencedor? Um vencedor dizia respeito à felicidade? A felicidade realmente existia?
Eles haviam ficado até o fim da festa nos jardins do conde de Luff, misturando-se aos outros convidados, não ficando mais a sós depois do encontro no banco perto do lago de peixes. Pete sorria de forma animada e, de repente, se tornara o foco da atenção e da admiração de todos, exatamente como acontecera naquela breve semana em Pathaya.
Talvez ele estivesse apenas se divertindo, pensou Vegas. Talvez seu humor estivesse leve porque ele partiria no dia seguinte para nunca mais voltar. Mas ele vira os olhos cheios de lágrimas que Pete erguera para ele antes de se afastar correndo para examinar as flores no vaso mais próximo.
Vira aquelas lágrimas.
No dia seguinte, ele venceria mais uma batalha, fazendo o que era honrado e deixando-o. Mas o que ganharia com essa vitória? Honra, é claro.
Mas felicidade? E quanto à felicidade de Pete? Estaria ele tão concentrado na honra a ponto de ignorar o que talvez estivesse bem diante do seu rosto? Mas e se estivesse enganado? O que aquelas lágrimas significavam?
Eles voltaram para casa em silêncio, cada um observando a paisagem do lado de fora de sua janela. Ele partiria no dia seguinte. Pete não tinha nada a lhe dizer? Ele não tinha nada a dizer a ele?
Qual o significado das suas lágrimas?
Por um instante, Vegas pensou ter dito aquelas palavras em voz alta. Mas seus lábios continuavam fechados e Pete não respondeu. Foi um enorme alívio para Vegas quando a carruagem finalmente entrou pelos portões de Saengthan's e começou a subir o caminho que levava até a casa. No dia seguinte também seria um alívio quando cavalgasse para longe dali e tudo estivesse acabado.
Ele arriscaria a própria honra? Perguntou-se. Ousaria agarrar a felicidade? Quando Pete subiu para o quarto das crianças depois do jantar, Vegas foi com ele. Ele se sentou com Wave no colo, ouviu histórias, então contou às crianças que partiria na manhã seguinte. Prometeu que escreveria para elas e que mandaria presentes de cada lugar por que passasse. Disse que eles deveriam tomar conta de tia Pete e que aprender bem suas lições para se tornarem uma dama e um cavalheiro elegantes quando crescessem. E beijou os dois.
Wave se agarrou ao pescoço dele e chegou a derramar algumas lágrimas. Jearn ficou quieto e retraído, como antes, mas permitiu que Vegas o colocasse na cama e afagasse seus cabelos.
– Não vou esquecê-lo, rapaz, só por não estar aqui – disse Vegas. – Eu sempre... o amarei.
– Ninguém nunca fica – falou baixinho o menino, a voz controlada.
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AGORA CASADOS - VEGASPETE
FanfictionPete é um ômega resiliente, com um pai recém falecido, e um irmão lutando na guerra, mas um dia ele descobre que tudo irá mudar. Pete perderá as poucas coisas que têm, seus filhos adotivos, os amigos desprezados da sociedade, seu cachorro Minoi, e s...